
A nova produção nacional do Prime Video, Tremembé, chegou ao streaming cercada de expectativas e acompanhada de muita controvérsia. Com cinco episódios, a série reconstrói o cotidiano do presídio de segurança máxima pelo ponto de vista de alguns de seus detentos mais conhecidos, como Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga.
Protagonizada por Marina Ruy Barbosa e com nomes como Carolina Garcia, Felipe Simas e Bianca Comparato no elenco, a trama é inspirada nas obras do jornalista Ulisses Campbell, misturando fatos a uma narrativa ficcional para criar uma história forte e cheia de camadas.
Mas, apesar da recepção inicial barulhenta, Tremembé rapidamente se viu no centro de um debate intenso sobre ética, tom narrativo e limites do entretenimento baseado em crimes reais.
Empatia x glamourização: onde a série divide opiniões
Um dos principais pontos críticos está na forma como a série humaniza criminosos reais, abrindo espaço para empatia, mas também para possíveis leituras de glamourização. Especialistas em saúde mental alertam: quando figuras responsáveis por crimes graves recebem uma estética mais “televisiva”, reforçada por atores carismáticos e populares, existe o risco de tornar a violência aceitável, suavizando a percepção do público.
Essa crítica ganhou ainda mais força após um posicionamento público de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni. Em suas redes, ela expressou preocupação com o risco de idolatria desses criminosos:
“O que me preocupa é trazer criminosos para os holofotes e tratá-los como celebridades, e não com a seriedade que cada caso exige.”
Ela também afirmou que não pretende assistir à produção, destacando a importância de proteger sua saúde mental ao evitar reviver traumas já tão expostos.
Além disso, o público chamou atenção para alguns elementos específicos da série que intensificam esse debate:
- Romantização da vida na cadeia, com cenas estilizadas e atmosferas que suavizam o ambiente do presídio.
- Trilha sonora marcante e até animada, distanciando o realismo dos crimes retratados.
- Impacto emocional nas vítimas e suas famílias, cujas dores permanecem e se reacendem ao ver suas histórias dramatizadas.
O que diz a produção?
Durante o Festival do Rio 2025, Marina Ruy Barbosa respondeu às críticas e reforçou que a proposta nunca foi suavizar crimes ou transformar criminosos em anti-heróis. “É entretenimento com responsabilidade”, afirmou a atriz ao AdoroCinema. “Sem glamourizar, sem romantizar. É um entretenimento que deixa reflexões, eu acredito.”
A atriz também destacou o cuidado da equipe em apresentar camadas complexas dos personagens sem desrespeitar as vítimas.
Afinal, vale a pena assistir Tremembé?
Sim, Tremembé é uma produção bem construída, com atuações fortes e direção segura. Mas é uma série que exige cautela e senso crítico: algumas escolhas narrativas, como alterações na linha do tempo para aumentar a tensão dramática ou a seleção da trilha sonora, podem gerar a sensação de que o crime foi suavizado demais.
Se você gosta de produções que exploram crimes reais, debates éticos e pontos de vista controversos, a série certamente deve te prender. Mas é importante assistir entendendo a complexidade (e o peso) das histórias que inspiraram a obra.
Todos os episódios de Tremembé estão disponíveis no Prime Video.

