O Prime Video lançou Tremembé: A Prisão dos Famosos no último dia 31 de outubro e o Brasil inteiro já revirou as lembranças pra tentar descobrir o que realmente aconteceu na vida real e o que foi inventado pra deixar a história ainda mais intensa.
A série, estrelada por Marina Ruy Barbosa como Suzane von Richthofen, mistura fatos reais com um toque de ficção dramática. Baseada nos livros Suzane: Assassina e Manipuladora (2020) e Elize Matsunaga: A Mulher que Esquartejou o Marido (2021), do jornalista Ulisses Campbell, a produção mostra o dia a dia dentro do presídio mais midiático do país, o famoso Tremembé, no interior de São Paulo.
O que é real em Tremembé
Segundo Ulisses Campbell, “as coisas mais absurdas da série realmente aconteceram”. E sim, tem muita história verdadeira ali.
A transferência de Suzane
A detenta realmente foi para Tremembé depois de uma rebelião, o que muda é o momento.
O triângulo amoroso entre Suzane, Elize Matsunaga e Sandrão
A relação entre as presas realmente existiu, só que em outra ordem. Na vida real, Sandrão e Elize se envolveram primeiro, depois de uma noite fria em que dividiram o mesmo colchão para se aquecer. A aproximação virou romance, e as duas chegaram a formar um casal conhecido entre as presas da penitenciária.
Anos depois, Suzane se aproximou de Sandrão, considerada uma das líderes do presídio. A relação, que começou como uma estratégia de proteção, já que Suzane era alvo de ameaças e precisava se aliar a figuras influentes, acabou se transformando em namoro. As duas chegaram até a assinar um documento interno reconhecendo a união, o que lhes garantia o direito de dividir o “celão”, apelidado de “gaiola do amor” pelas presas.
Mas a história não teve final feliz: o casal terminou brigado, e o motivo foi dinheiro. Sandrão teria intermediado a entrevista de Suzane ao Domingo Legal, em 2015, e ficou com parte do cachê pago pela Record (uma “comissão” de R$ 20 mil dos R$ 120 mil pagos ao toal). A discussão também envolveu três máquinas de costura dadas por Gugu Liberato, que ficaram retidas com Sandrão após a separação.
A entrevista com Gugu Liberato
Interpretado por Paulinho Vilhena na trama, a entrevista aconteceu e gerou uma briga de verdade entre Suzane e Sandrão.
A cena aparece logo no terceiro episódio da série, e o clima é idêntico ao da TV: Suzane senta frente a frente com o apresentador, unhas feitas, expressão controlada e um discurso ensaiado sobre arrependimento, amor e fé. O momento marcou a primeira vez em que ela falou publicamente sobre o assassinato dos pais e, claro, virou um evento midiático nacional.
Na vida real, a conversa durou mais de duas horas e aconteceu dentro da Penitenciária Feminina de Tremembé, com autorização judicial. Suzane falou sobre o relacionamento com o irmão Andreas, sobre Daniel Cravinhos e até sobre o futuro fora da cadeia. A fala que mais repercutiu: “Perdão, perdão, perdão. Eu te amo, meu irmão”, foi reproduzida quase palavra por palavra na série.
Suzane trabalhou na costura
A ruiva trabalhou no setor e ganhou regalias por bom comportamento e chegou a se tornar evangélica.

Cristian Cravinhos viveu romance
Cristian Cravinhos realmente viveu um romance com um detento conhecido como Duda. Já o irmão, Daniel Cravinhos se casou com uma companheira de presídio.
A relação é retratada como um dos poucos momentos de afeto dentro do ambiente hostil do presídio, misturando ciúmes, proteção e solidão. Na vida real, o relacionamento também foi mencionado no livro Suzane: Assassina e Manipuladora, de Ulisses Campbell, que inspirou a série. Segundo o autor, Duda teria se aproximado primeiro de Daniel Cravinhos, antes de desenvolver um envolvimento com Cristian, quando todos estavam no mesmo setor da penitenciária. Os dois chegaram a dividir alojamento e ficaram conhecidos entre os presos como um casal. A relação teria terminado quando Cristian deixou o regime fechado para cumprir pena em liberdade.
Fora das telas, Cristian Cravinhos, hoje com 49 anos, não gostou da forma como foi retratado. Após a estreia de Tremembé, ele usou as redes sociais para criticar o enredo, dizendo: “Bora, galera. Muita mentira”. Atualmente em regime aberto, Cristian leva uma vida discreta e compartilha fotos de motos, praias e frases sobre recomeço. Mesmo negando o romance, o episódio ganhou as redes e virou um dos assuntos mais comentados da série. Já o autor do roteiro buscou evidências e alega que Cristian esteve sim envolvido com Duda.
Abdelmassih fingiu estar doente
Roger Abdelmassih fingiu estar doente para tentar mudar de unidade prisional.
Segundo a diretora Vera Egito, tudo mostrado na série “tem base na realidade, mas foi reorganizado pra criar uma narrativa mais fluida”.
E o que é ficção?
Nem tudo é exatamente como aconteceu, afinal, estamos falando de TV. Entre as liberdades criativas estão:
A ordem dos acontecimentos
Na vida real, Suzane chegou antes de Elize à prisão. A forma como elas se conhecem foi alterada para dar mais impacto.
Os diálogos entre os presos
As conversas entre os detentos obviamente não foram registradas integralmente, são inspirados em relatos, mas não foram reproduzidos palavra por palavra.
Alguns nomes mudaram
Celina, por exemplo, é o nome fictício de Alyne Bento, esposa real de Daniel Cravinhos.
Criminosos não famosos
A produção também criou a personagem Poliana (Letícia Tomazella), inspirada na criminosa Luciana Oldberg, condenada por abuso e filmagem de menores. A história dela foi adaptada para se encaixar na trama.
Bastidores e elenco de peso
Além de Marina Ruy Barbosa, o elenco inclui Carol Garcia (Elize Matsunaga), Bianca Comparato (Anna Jatobá), Letícia Rodrigues (Sandrão), Felipe Simas e Kelner Macêdo (os irmãos Cravinhos).
A série tem apenas cinco episódios e já está entre as produções mais assistidas da Amazon no Brasil. Nos bastidores, Marina, que também é produtora associada, destacou que ninguém retratado na série recebe dinheiro pelos direitos da história, tudo é baseado em material jornalístico e público.
Verdade com toque de novela
Em resumo, Tremembé é o tipo de série que flerta com o real, mas usa o drama pra deixar a gente maratonando.
Como disse a própria diretora, “a ficção entra pra dar ritmo e costurar os acontecimentos reais”.

