Se tem uma coisa que a música eletrônica sabe fazer é mudar de cara rápido. Cada temporada traz um novo som que domina a pista, embala viagem de carro, esquenta sunset na praia e, claro, vira lembrança de verão. E, acompanhando os movimentos do mercado lá fora e a cena aqui no Brasil, já dá para arriscar algumas boas apostas.
Afro House e Indie Dance: os donos da cena no último verão
Nas pistas brasileiras, especialmente no Sul e Sudeste, o Afro House e o Indie Dance marcaram presença forte nas principais pistas. E continuam em alta. O motivo é simples: são estilos que entregam groove, emoção e funcionam tanto no clube quanto ao ar livre.
No Beatport, as buscas pelo gênero dispararam nos últimos anos. E no TikTok, que hoje dita muito do que vira febre, os conteúdos com música eletrônica já passam da casa dos bilhões de views, sendo que grande parte são embalados por sons percussivos e vocais marcantes.
Drum & Bass e Hard Techno: inspirações em movimento
Na Europa, o Drum & Bass e o Hard Techno revivem um bom momento. Aqui no Brasil, a história ainda é diferente: esses estilos estão mais restritos ao underground. Mas vale a atenção. Os produtores brasileiros mais antenados já olham para essas sonoridades como fonte de inspiração.
Pode até não ser a cara do verão brasileiro de agora, mas é tendência que vai influenciar os próximos passos, mesmo que sutilmente.
O timing da pista vs o timing da produção musical
Existe um desencontro natural:
- O público hoje dança muito ao som de Afro House, Indie Dance e Tech House.
- Os produtores já pesquisam o que pode vir a seguir, de olho no que bomba no mercado global.
- Quem conseguir equilibrar essas duas pontas — agradar o presente e apontar pro futuro — deve sair na frente.
- Brasil diverso, pistas diferentes
- Sul e Sudeste: o eixo mais forte de clubs e festivais, com Afro House e Indie Dance como protagonistas.
- Nordeste e Norte: espaço pra misturas com ritmos locais, funk, latin vibes e até Amapiano.
Nosso país é gigante, e as pistas refletem isso. Não existe “um” som de verão, mas vários sotaques eletrônicos que acabam se conectando.

A era da experiência premium
Outro ponto: o público quer mais do que som. Em Ibiza, os clubes movimentaram €150 milhões em 2024, mesmo com menos festas. O ticket médio subiu, e as pessoas pagam mais por experiências marcantes.
No Brasil, a lógica é parecida: grandes festivais crescem, mas eventos menores, com identidade e comunidade, também têm seu espaço garantido.
A trilha do próximo verão
O que eu vejo? O Afro House ainda pode surfar essa grande onda no próximo verão, mas vejo perder relevância na preferência de forma natural. O Indie Dance deve continuar firme como o som da temporada.
Ao mesmo tempo, produtores olham para fora e buscam nos estilos que estão se destacando, uma forma de unir as tendências mundiais com as nossas identidades sonoras.
Tech House merece uma grande atenção, novamente. O sub gênero mais popular da house music foi o grande responsável pelas principais experiências da temporada 2025 em Ibiza.
É esse mix que faz a música eletrônica ser tão viva: o agora e o futuro caminhando juntos, cada pista com sua cara, mas todas ligadas pela mesma energia.
*Mik Silva é comunicador da Rádio Atlântida, apresenta os programas Tá Vazando, ATL Pop Rock e o My Club. Atua também como DJ e produtor, com sets que exploram os caminhos do House, Indie Dance e Tech House. Mik Silva mantém forte vínculo com a cena eletrônica do sul do país e assina a coluna #MyClub no site da ATL.