Quando a gente olha para os grandes palcos da música eletrônica no mundo, como o Tomorrowland, o Ultra ou o Coachella, a sensação que dá é de um espetáculo quase cinematográfico. Palcos gigantes, produções milionárias, artistas internacionais… tudo parece estar num patamar distante da nossa realidade. E de certa forma, é mesmo. Mas o ponto é: esse universo também funciona como inspiração. Ele mostra o quanto a música pode ser transformadora quando vira ponto de encontro, não só de fãs, mas de comunidades inteiras.
O que são Labels de eventos musicais?
Labels de Eventos Musicais são marcas, produtoras ou selos especializados na criação, organização e promoção de eventos musicais, como festivais, festas temáticas, shows e turnês.
Em outras palavras: enquanto um selo musical (label) tradicional cuida de lançar e distribuir músicas de artistas, os labels de eventos musicais funcionam como “assinaturas” que dão identidade a uma experiência ao vivo.

O cenário no Brasil
Agora, trazendo esse olhar para o Brasil, a gente percebe uma particularidade muito forte: aqui, a música eletrônica cresceu dentro de um caldeirão cultural que mistura samba, funk, pagode, sertanejo, MPB… e isso faz com que o nosso jeito de viver a cena seja muito próprio, com sotaque e identidade. Só que existe também um desafio: como construir algo sólido e profissional sem perder a essência colaborativa e comunitária que está na base dessa cultura?
É aí que entra a importância de iniciativas coletivas. Diferente da lógica das grandes labels internacionais, que operam quase como multinacionais da música, no Brasil o que tem feito a cena florescer é justamente a capacidade de junção e troca. E quando falo de junção, não é só na linha “vamos dividir lineup”. É sobre criar um ecossistema onde artistas, produtores, selos e público entendem que juntos conseguem ser muito mais do que separados.
Coletivo Bergamota
Um exemplo muito bonito desse movimento é o que está acontecendo aqui com o Coletivo Bergamota. Eles resolveram reunir diferentes labels independentes que, ao invés de competir pelo mesmo espaço, decidiram somar forças para realizar um evento em conjunto. Isso muda muita coisa. Significa que, ao invés de fragmentar o público, eles potencializam a cena local. Ao invés de pensar em quem ganha mais visibilidade, eles pensam em como fortalecer o todo.
E, no fundo, esse é talvez o maior recado que a música eletrônica brasileira pode passar hoje: que existe potência quando a gente se organiza de forma colaborativa. Os grandes festivais internacionais podem até ditar tendências de produção, estética e escala. Mas o Brasil tem algo que vai além: a capacidade de transformar a coletividade em motor criativo. E movimentos como o do Bergamota provam que é possível fazer história não apenas pelo tamanho de um palco, mas pela força de uma rede que acredita no mesmo propósito.
Clique aqui para saber mais sobre o Coletivo Bergamota.
*Mik Silva é comunicador da Rádio Atlântida, apresenta os programas Tá Vazando, ATL Pop Rock e o My Club. Atua também como DJ e produtor, com sets que exploram os caminhos do House, Indie Dance e Tech House. Mik Silva mantém forte vínculo com a cena eletrônica do sul do país e assina a coluna #MyClub no site da ATL.