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Kraftwerk: O ponto de virada da música eletrônica

A banda é marco cultural e abriu caminho para artistas que dominam as pistas até hoje

20/08/2025 - 10h00min

Mik Silva
Mik Silva
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Reprodução/Internet
O Kraftwerk foi fundado em 1970 por Florian Schneider-Esleben (flauta) e Ralf Hütter (teclado) no seu estúdio Kling Klang, na cidade de Düsseldorf, Alemanha.

Se você gosta de música eletrônica, talvez não saiba, mas a Kraftwerk, banda criada em Düsseldorf, na Alemanha, formada por quatro alemães em 1970, foi o ponto de virada para a mudança de cenário do estilo musical. Ralf Hütter e Florian Schneider, líderes do grupo, se destacam como pioneiros dessa transformação.

Eles não inventaram a música eletrônica, antes deles já existiam experimentos com sintetizadores nos anos 50 e 60, usados mais para trilhas sonoras, rádio e cinema, do que para a pista de dança.

Neste período, a música eletrônica era mais “de laboratório”, usada por compositores experimentais como Karlheinz Stockhausen ou em estúdios de rádio e TV.

Antes e depois do Kraftwerk 

  • 1920: surge o theremin, um instrumento que se toca sem encostar, só movendo as mãos no ar.
  • 1964: Robert Moog cria o sintetizador modular com teclado, tornando o som eletrônico acessível a músicos comuns.
  • 1968: Wendy Carlos vende milhões com Switched-On Bach, provando que o eletrônico podia conquistar as massas.

Enquanto isso, Donald Buchla criava instrumentos mais experimentais, sem teclado, para músicos aventureiros.

Reprodução/Internet

O impacto de Kraftwerk no cenário da música eletrônica

O Kraftwerk fez algo revolucionário: pegou aquela estética futurista, transformou em música pop, e mostrou para o mundo que máquinas também podiam emocionar.

O impacto deles é tão grande que de DJs underground a astros do pop, todo mundo deve um pouco ao que o Kraftwerk fez. Sem eles, talvez a música eletrônica ainda fosse um som de nicho, restrito a poucos curiosos. Por exemplo:

The Weeknd

  • No álbum Starboy (2016) e no Dawn FM (2022), ele usa synths e batidas repetitivas com estética retrô-futurista que lembram muito o clima minimalista do Kraftwerk.
  • O clipe e a sonoridade de “Blinding Lights” têm DNA total da eletrônica dos anos 70 e 80.

Daft Punk

  • Talvez o exemplo mais óbvio: vocoders, visual robótico, batidas mecânicas, repetição hipnótica… tudo vem direto do Kraftwerk.
  • Inclusive, o Daft Punk já admitiu a influência deles várias vezes em entrevistas.

Calvin Harris (fase funk retrô)

  • Em músicas como I’m Not Alone ou Slide, ele usa camadas e texturas que soam como um “Kraftwerk atualizado para pista pop”.

LCD Soundsystem

  • James Murphy bebeu descaradamente na fonte Kraftwerk, misturando grooves eletrônicos minimalistas com atitude rock.

Em resumo, depois do Kraftwerk, surgiram movimentos inteiros: o synthpop dos anos 80 (Depeche Mode, New Order), a house music e o techno de Chicago e Detroit, a cena rave dos anos 90 e, mais tarde, o EDM e a música eletrônica que ouvimos hoje em clubes e festivais.

Eles mostraram que o futuro tinha ritmo e esse ritmo veio pra ficar. Agora você já sabe onde é o grande marco da história da música eletrônica nesta linha do tempo.

*Mik Silva é comunicador da Rádio Atlântida, apresenta os programas Tá Vazando, ATL Pop Rock e o My Club. Atua também como DJ e produtor, com sets que exploram os caminhos do House, Indie Dance e Tech House. Mik Silva mantém forte vínculo com a cena eletrônica do sul do país e assina a coluna #MyClub no site da ATL.   


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