
Você está curtindo música, luzes e arte no meio do deserto. De repente o céu fica laranja, a visibilidade cai a quase zero e uma nuvem de poeira engole tudo. Parece cena de filme, mas é a vida real no Burning Man, que neste ano voltou a ser tomado por uma tempestade de areia em Nevada, nos Estados Unidos.
E o mais curioso: longe de ser apenas um perrengue, esse caos climático acabou se tornando um dos símbolos mais fortes da experiência no festival.
O que rola no Black Rock Desert?
O Burning Man acontece em Black Rock Desert, uma área plana onde o solo seco e salgado é facilmente levantado por rajadas de vento. Resultado? Um verdadeiro “whiteout”, quando a poeira toma conta e o horizonte simplesmente desaparece. Esse tipo de fenômeno é parecido com os “haboobs” que acontecem no Arizona ou em regiões áridas da África e do Oriente Médio.
É um desafio físico real: respirar fica difícil, os olhos ardem, a temperatura despenca. Mas, ao mesmo tempo, muitos dizem que é justamente nesse contraste entre festa e natureza bruta que está a alma do Burning Man.
Depoimento de quem já esteve em Burning Man
Confira o que diz Rapha Costa, DJ e empresário, sobre o Burning Man:
“As festas acontecem no meio do deserto, longe dos acampamentos e esse deslocamento é feito de bike. A experiência de viver uma tempestade de areia no meio do deserto foi surreal. Até andar a pé contra a parede de areia era difícil e guiávamos pelo som alto dos acampamentos. Era impossível enxergar 2 metros à frente.” - @rapha_costa

Burning Man looks: como a galera encara isso?
Quem já foi ao festival sabe: os veteranos recomendam sempre levar óculos de proteção, máscaras e roupas que cubram a pele. Mas, no improviso, vale até bandana ou camiseta enrolada no rosto.
E a coisa não é só prática ou de necessidade, a questão virou também estética. Muitos dos looks icônicos do Burning Man nasceram da necessidade de se proteger da areia e, ao mesmo tempo, transformar isso em parte da arte.
Depoimento de quem já esteve em Burning Man
Confira o que diz Marco Roberto Ferreira, empresário (EUA), sobre o Burning Man:
“No ano que participei, a tempestade veio só no sexto dia. Fiquei trancado dentro do nosso trailer o dia inteiro, praticamente. O problema é que dentro do trailer estava muito calor e o festival em si é muito quente, mas aguentei bem. Se a tempestade se estendesse por mais dias, teríamos provavelmente vindo embora antes. Sair do abrigo na tempestade de areia é ruim. Você não consegue ver dois metros à sua frente e também não consegue respirar direito. Passar pela tempestade foi osso, mas como disse. Experiência de vida e não vejo a hora de ir novamente.”

Dicas para sobreviver a uma tempestade de areia
Tá, é bem improvável você encarar uma tempestade de areia no Brasil. Mas se algum dia bater a vontade de conhecer um deserto, lembre-se de algumas dicas básicas de sobrevivência:
- Cubra boca e nariz com pano ou máscara.
- Use óculos fechados para proteger os olhos.
- Procure abrigo de costas para o vento.
- E nunca esqueça: hidratação o tempo todo.
Curiosidade extra: alguns burners dizem que, quando a areia toma conta, o tempo parece suspenso. Muitas vezes sem internet, sem visibilidade e sem rumo, sobra apenas a sensação de estar 100% presente. Talvez seja por isso que, apesar do perrengue, a tempestade de areia seja lembrada por muitos como o momento mais marcante do festival.
E você, encararia o Burning Man mesmo sabendo que pode acabar com areia até nos lugares mais improváveis?
*Mik Silva é comunicador da Rádio Atlântida, apresenta os programas Tá Vazando, ATL Pop Rock e o My Club. Atua também como DJ e produtor, com sets que exploram os caminhos do House, Indie Dance e Tech House. Mik Silva mantém forte vínculo com a cena eletrônica do sul do país e assina a coluna #MyClub no site da ATL.