
Retratado na série da prisão dos famosos, Tremembé, o teste de Rorschach, também conhecido como o “teste dos borrões”, é um dos instrumentos mais conhecidos da psicologia forense.
Na trama, o exame aparece em momentos de análise psicológica dos detentos. Logo, despertou a curiosidade do público sobre o funcionamento do teste.
O que é o Teste de Rorschach?
Criado pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach em 1921, o exame utiliza dez pranchas com manchas de tinta simétricas, algumas em preto e branco e outras coloridas.

Durante a aplicação, o psicólogo mostra as imagens e pergunta: “O que você vê aqui?”. A partir das respostas, o profissional observa padrões de percepção, raciocínio, emoções e até traços de personalidade.
Mas vale esclarecer desde já: o teste não serve para diagnosticar psicopatia diretamente. Ele ajuda a compreender a forma como o indivíduo percebe o mundo e reage a estímulos, o que pode contribuir para avaliações mais amplas.
O teste na série Tremembé
Após o lançamento da série, o termo “teste de Rorschach” disparou nas buscas online, com muita gente querendo descobrir se ele realmente é usado para identificar traços de psicopatia, e a resposta é: não exatamente.
O teste pode ajudar a mapear padrões emocionais e cognitivos, mas o diagnóstico de transtornos de personalidade depende de outros instrumentos e entrevistas clínicas.

Como funciona o teste de Rorschach?
O teste é aplicado exclusivamente por psicólogos habilitados e segue um protocolo bastante rigoroso. São dez pranchas apresentadas uma a uma. O avaliado responde livremente o que enxerga, e o profissional anota as respostas, os detalhes, o tempo de reação, tom de voz, movimentos com a lâmina e expressões faciais.
Na análise, são avaliados aspectos como:
- Forma e cor da mancha utilizada na resposta;
- Localização (se a pessoa viu a figura inteira ou apenas uma parte);
- Conteúdo (se identificou um animal, pessoa, objeto, movimento etc.);
- Originalidade das percepções.
Esses elementos, quando interpretados em conjunto, ajudam o psicólogo a entender como a pessoa organiza pensamentos, lida com emoções e interpreta o mundo ao redor.
Uso em avaliações criminais
Em contextos forenses, o teste de Rorschach pode ser utilizado como parte de um conjunto de instrumentos psicológicos para avaliar comportamentos, impulsividade, empatia ou distorções de realidade.
No entanto, especialistas reforçam: não existe um “teste que detecta psicopatas” de forma isolada. A psicopatia é um transtorno complexo e multidimensional, que exige entrevistas clínicas, histórico comportamental e outros testes complementares para ser diagnosticado.
Limites e críticas
O teste de Rorschach é amplamente utilizado, mas também é alvo de debates dentro da psicologia. Alguns pesquisadores questionam sua validade científica e confiabilidade estatística, especialmente quando usado para classificar perfis criminais.
Apesar disso, muitos profissionais o defendem como uma ferramenta útil para explorar aspectos inconscientes da personalidade, quando aplicada corretamente e com base em normas atualizadas.
Outro ponto importante: versões online do teste que circulam nas redes sociais não têm valor científico. Apenas psicólogos formados e registrados no Conselho Regional de Psicologia (CRP) podem aplicá-lo de forma oficial e interpretar os resultados.

