
A primeira semana da COP30, em Belém, encerra deixando claro que o debate climático entrou em uma nova fase: mais humana, mais urgente e, principalmente, mais exposta aos holofotes globais. No ano em que o Acordo de Paris completa uma década, líderes mundiais desembarcaram no Pará para enfrentar um problema que já não cabe apenas nas metas, mas que transborda para a saúde pública, para a política, para as ruas e para o digital.
O evento, que encerra no dia 21 de novembro, também transforma Belém em uma vitrine da sua própria transformação. Afinal de contas, sediar o principal evento climático do planeta no coração da Amazônia tem o seu peso.
Para te deixar por dentro de tudo o que rolou nessa primeira semana de COP30, a ATL preparou um panorama com as principais conquistas, tensões e o impacto do maior evento climático do mundo.
Plano de Ação de Belém: saúde no centro do debate climático
Logo na abertura da conferência, o Brasil lançou o Plano de Ação de Belém para a Saúde, que é uma estratégia inédita para adaptar sistemas de saúde ao cenário de aquecimento global. O intuito é proteger pessoas de ondas de calor, doenças como dengue e riscos diretos à saúde.
A iniciativa já nasce gigante: 40 países aderiram, incluindo o Reino Unido, atual presidente do G20. O plano ganhou ainda mais força com o anúncio de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) em doações de instituições filantrópicas internacionais, voltadas para fortalecer ações de adaptação, vigilância epidemiológica e prevenção.
Impasses e tensões: o lado político que ninguém vê no palco
Um dos pontos mais quentes da semana foi o embate sobre a Meta Global de Adaptação (GGA). O bloco africano alertou que países mais vulneráveis não têm condições de seguir novas exigências no mesmo ritmo, reacendendo a histórica divisão entre quem sofre mais e quem deve financiar a transição. O resultado foi um impasse no terceiro dia e negociações em suspenso.
Outro travamento veio do lado do dinheiro. A decisão sobre o financiamento climático, que prevê US$ 300 bilhões anuais para países em desenvolvimento, foi adiada após a Arábia Saudita pressionar pela reabertura da discussão.
Nos bastidores, o clima foi de tensão, com delegações reclamando da falta de consenso. O tema deve voltar nas próximas sessões.
A COP da informação: o combate às fake news climáticas
A COP30 é a primeira a colocar a Integridade da Informação como objetivo oficial do evento. Isso significa reconhecer que a desinformação, especialmente nas redes sociais, virou uma ameaça direta às ações climáticas. Países como Bélgica, Canadá e Alemanha aderiram à iniciativa durante a semana.
Protestos e manifestações indígenas
Um dos episódios mais marcantes da semana foi a tentativa de manifestantes, incluindo representantes de povos originários, de entrar em uma área restrita da ONU no pavilhão da conferência. A reivindicação: justiça ambiental e o fim das chamadas “falsas soluções” climáticas.
A mobilização reforça a presença forte da sociedade civil e dos Povos da Amazônia, que articulam a “COP do Povo”, em paralelo às negociações oficiais.
A primeira semana da COP30 mostrou que, no Brasil, o debate climático ganha outros contornos: mais próximos das pessoas, mais conectados à cultura e mais expostos às tensões do mundo real. Agora, resta acompanhar se a segunda semana conseguirá transformar impasses em acordos e tensões em avanços concretos.

