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Qual a receita para o sucesso? Para Chappell Roan foram músicas no estilo synth-pop (subgênero musical que faz uso de sintetizador como instrumento principal) dos anos 1980, um pop que lembra a balada dos anos 2000, letras que conectam com o público e uma estética marcante.
Mas ao contrário do que você pode pensar, o Grammy de Artista Revelação não bateu à porta dela da noite para o dia.
Nascida em 19 de fevereiro de 1998, na pequena cidade de Willard, no Missouri (EUA), Kayleigh Rose Amstutz, precisou correr muito para que Chappell Roan pudesse andar.
Aos 10 anos, ela começou a fazer aulas de piano, aos 13, ela venceu um concurso de canto local e, aos 15, começou a publicar vídeos cantando covers no YouTube, chamando a atenção de diversas gravadoras.
Em maio de 2015, aos 17 anos, ela assinou um contrato com a sua primeira gravadora, a Atlantic Records, e decidiu adotar o nome de Chappell Roan em homenagem ao seu avô. Ela contou em entrevistas que não gosta do seu nome de batismo.
2017 – 2020: O início da carreira profissional de Chappell Roan
Foi somente em 2017 que as coisas começaram acontecer de verdade na carreira de Roan. O seu primeiro EP, intitulado School Nights foi lançado com quatro faixas bem diferentes do som pop que ela entrega atualmente.
Assista ao vídeo de “Die Young”:
Ainda em 2017, Chappell teve sua primeira experiência com turnês ao se tornar o ato de abertura de Vance Joy.
Em 2018, Chappel mudou-se para Los Angeles, onde se descobriu uma mulher queer e sentiu que poderia ser ela mesma ao visitar a boate gay The Abbey. De janeiro a março daquele ano, ela seguiu com uma série de shows pelos Estados Unidos com Declan McKenna.
No ano seguinte, a cantora decide tirar um tempo para descansar, cuidar da saúde mental e escrever novas música.
Quando chegou o ano de 2020 e parecia que as coisas tomariam o rumo esperado pela cantora, a pandemia de COVID-19 vem e bagunça as coisas: em abril, “Pink Pony Club” foi lançado e, em maio, o single “California”, ambos como parte do seu álbum de estreia (que sairia somente em 2023).
Apesar de ser descrita pela revista Vulture como “a música do verão de 2021” e ter conquistado um público fiel, o desempenho comercial de ‘Pink Pony Club’ foi péssimo. O que resultou na sua demissão da Atlantic Records sob o pretexto de “cortes de gastos devido à pandemia”.
Sem perspectivas, Roan precisou retornar à sua cidade natal onde trabalhou por um período como garçonete.
Assista ao vídeo de ‘Pink Pony Club’:
2023: o lançamento de ‘The Rise And Fall Of A Midwest Princess’
Mesmo com o encerramento do contrato com a gravadora, Roan não deixava de sonhar com o sucesso. Aliás, ela sentia que poderia ir muito além de onde chegara na primeira vez.
Foi neste período que ela retomou contato com o produtor, e seu parceiro de composições, Dan Nigro – que, inclusive, compôs ‘Pink Pony Club’ com ela. Na época, Nigro já estava trabalhando com outra queridinha da música pop, Olívia Rodrigo, e esse contato abriu as portas para Chappell, dando-lhe a oportunidade de gravar vocais para o álbum GUTS e ser o ato de abertura dos primeiros shows da turnê de Rodrigo.
Em agosto de 2023, Chappell lançou o videoclipe de ‘Hot To Go’. E em 22 de setembro de 2023, (finalmente) seu álbum de estreia foi entregue ao mundo: The Rise And Fall Of A Midwest Princess com o selo da Island Records, Amusement Records e KRA International.
Fun fact: A Island Records foi criada por Nigro para que ele próprio pudesse lançar a cantora. Fofo!
2023 também foi o ano que a cantora assumiu a faceta de drag queen, e isso aconteceu depois de um encontro com a drag Crayola que a disse a frase: “Querida, você é uma drag queen”.
Aquele momento foi uma virada de chave para Roan, em entrevista ela contou: “Eu realmente adotei isso como uma identidade. Tem sido muito libertador pensar, ‘Oh, Chappell Roan é meu projeto de drag’.”
‘The Rise And Fall Of A Midwest Princess’ narra a trajetória da cantora ao se descobrir queer, sendo uma mulher lésbica e sobre o processo de autoaceitação. O álbum foi bem-aceito pela crítica e público e a Rolling Stone o definiu como “emocionante montanha-russa extremamente viciante de despertar sexual e pessoal”. Mas, além disso, foi abraçado pela comunidade LGBTQIAPN+ por causar identificação com a história.
2024: o ano da virada
Em março de 2024, Chappell participou do Tiny Desk Concert da NPR. Onde surgiu com a maquiagem bem carregada que lembra, ao mesmo tempo, um palhaço e uma drag queen, com direito a batom nos dentes e um look de baile caótico. Na ocasião, ela cantou cinco faixas do seu álbum, incluindo ‘Pink Pony Club’ e 'Red Wine Supernova'.
No mês seguinte (abril), ela lança sua nova era com a música ‘Good Luck, Babe’. E pouco tempo depois é chamada para o Coachella, onde faz história mais uma vez ao olhar diretamente para a câmera da transmissão e soltar o shade para sua ex: "eu sei que você está assistindo... e tudo aquilo de horrível que está acontecendo com você é carma!"
Em setembro, aconteceu o MTV VMAs e foi durante o tapete vermelho da premiação que foi registrado o vídeo viralizado da cantora xingando um fotógrafo que estava sendo grosseiro com ela e demais convidados da premiação.
Para além da polêmica, a sua estreia no VMA foi espetacular com uma performance de “Good Luck, Babe” toda inspirada na era medieval. Além disso, ela levou para casa o prêmio de Artista Revelação e no seu discurso, ela mandou uma mensagem para as crianças LGBT+:
Para todas as crianças queer que estão assistindo, eu entendo vocês, porque eu sou uma de vocês. Nunca deixe ninguém dizer que você não pode ser exatamente quem você quer ser
Assista a apresentação de ‘Good Luck Babe’ no VMA 2024:
Em 2024, ela também se apresentou no Lollapalooza e seu álbum atingiu o 2º lugar da Billboard norte-americana e participou do programa The Tonight Show, do Jimmy Fallon, onde explicou a famosa frase "A artista favorita do seu artista favorito" (que é uma referência à drag Sasha Colby).
Além de tudo o que rolou no ano, a cantora se envolveu em outra polêmica por afirmar que “não é obrigada a tirar fotos com fãs”.
2025: Grammy
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O ano começou agitado para Chappell Roan!
A cantora recebeu seis indicações ao Grammy, entre elas a de Artista Revelação da qual saiu vencedora. E é impossível falar sobre a premiação, sem citar o discurso impactante que ela fez, desafiando as gravadoras a oferecerem melhores condições de trabalho para os artistas.
Fui contratada muito jovem, ainda menor de idade. Quando fui dispensada, não tinha nenhuma experiência de trabalho, e como muitas pessoas, tive bastante dificuldade para encontrar um emprego durante a pandemia e não conseguia pagar um plano de saúde”, declarou.
Ela finaliza seu discurso com a provocação: “As gravadoras precisam tratar seus artistas como funcionários valiosos, com um salário digno, seguro de saúde e proteção. Gravadoras, nós estamos com vocês, mas vocês estão com a gente?”
Ela ainda se apresentou na cerimônia com uma performance impactante do seu grande sucesso ‘Pink Pony Club’. Assista a apresentação completa:
A artista completa 27 anos nesta quarta-feira (19) e, recentemente, fez uma ação com outdoors para divulgar seus novos singles.