
Se você acha que inteligência artificial é só papo futurista, a Netflix está aqui pra dizer: o futuro já está em cartaz.
A gigante do streaming confirmou oficialmente o uso de IA generativa em produções recentes — e isso não é um teste. É
uma mudança de paradigma que já está impactando tudo: da pré-produção até o que você vê na tela.
O pontapé dessa nova fase foi dado com “O Eternauta”, série argentina baseada no clássico dos quadrinhos de ficção científica.
Uma das cenas mais impactantes — o colapso de um prédio — foi criada inteiramente com ferramentas de IA.
E o motivo? Segundo o coCEO Ted Sarandos, essa mesma cena seria financeiramente inviável usando efeitos visuais tradicionais.
“Finalizamos a sequência dez vezes mais rápido do que seria possível com métodos convencionais”, disse o executivo em conferência com investidores.
IA na Netflix: mais do que efeitos especiais
A aposta da Netflix vai além das cenas de ação. A inteligência artificial já está sendo utilizada em processos como:
- Pré-visualização e planejamento de cenas
- Rejuvenescimento de personagens (como em Pedro Páramo)
- Criação de efeitos que antes só grandes orçamentos permitiam
- Personalização de conteúdo e anúncios com base em IA
Greg Peters, também coCEO, reforçou que a tecnologia já está integrada a vários setores da plataforma — inclusive em busca e recomendação de títulos.
A grande promessa (e o grande debate)
Sarandos tenta suavizar o impacto que essa novidade tem causado entre profissionais da indústria. Para ele, a IA não deve substituir criadores, e sim potencializar o trabalho humano com ferramentas melhores.
Mas é claro que o debate não para aí.
Durante as greves de roteiristas e atores em 2023, o uso desenfreado e não regulamentado da IA foi um dos principais motivos de protesto. Sindicatos como WGA e SAG-AFTRA exigiram garantias de que a tecnologia não seria usada para substituir profissionais reais — e o medo persiste.
“Quando a tecnologia entra apenas como forma de economizar, há o risco de minar a própria diversidade criativa”, apontou um analista ao The Hollywood Reporter.
O que vem por aí?
A Netflix já deixou claro que não vai frear a implementação da inteligência artificial. E não é difícil entender o porquê: com um mercado de streaming cada vez mais competitivo e caro, a IA se apresenta como um atalho para mais velocidade, inovação e eficiência.
Mas fica a pergunta no ar: será que o futuro do entretenimento passa pela substituição de roteiristas, atores e diretores por algoritmos e prompts? Ou será que a IA será só mais uma aliada na criação de histórias poderosas e humanas?
Seja qual for a resposta, uma coisa é certa: a inteligência artificial já virou protagonista na Netflix — e você provavelmente já assistiu ao que ela ajudou a criar.