Lya Luft não escrevia para passar o tempo, escrevia para cutucar nossas feridas, mexer em memórias que a gente prefere esconder e dar poesia até para o silêncio. Autora de romances, poemas, ensaios e até livros infantis, ela transitava entre gêneros com a mesma facilidade de quem muda de roupa.
Para lembrar a potência da sua obra, a ATL separou cinco títulos que mostram diferentes lados da escritora.
As Parceiras
O romance de estreia já chegou mostrando ao que veio: nada de finais felizes ou famílias de comercial de margarina. Narrado por Anelise, o livro mergulha em um núcleo feminino repleto de frustrações, silêncios e buscas pessoais.

A Asa Esquerda do Anjo
Aqui, a escritora trouxe a história de Gisela, que narra as opressões que viveu dentro de sua família de origem alemã, em uma pequena cidade do sul do Brasil. Filha de um alemão e de uma brasileira, ela cresce sentindo temor de sua avó paterna, a autoridade máxima da família. Na escola, Gisela é chamada de nazista pelos colegas. Em casa, ela se sente inferior a sua prima Anemarie, a neta preferida. Ao se tornar adulta, Gisela decide buscar sua verdadeira identidade.

Reunião de Família
Mais um mergulho nas tensões familiares, mas dessa vez com uma dose extra de peso: a presença de um pai violento. Alice, Evelyn e Renato são personagens que carregam cicatrizes do afeto negado. Quando o filho de Evelyn morre em um trágico acidente e ela passa a se comportar de forma estranha, acreditando que o menino ainda está vivo, a família decide se reunir para ajudar a irmã caçula.

O Lado Fatal
Nem só de romances vivia Lya. Sua poesia também é um de seus melhores trabalhos. Nesse livro de poemas, ela fala de dor, perda e amor com uma simplicidade que atravessa. Leitura rápida, mas nada leve.

O Ponto Cego
Narrado pela perspectiva de uma criança, o romance mistura fantasia e realidade para falar de luto, memória e daquilo que a gente prefere não enxergar.

Lya Luft nos deixou em 2021, mas sua obra continua conquistando leitores. Ler seus livros é como abrir uma janela para dentro da gente mesmo: desconfortável, mas necessário.