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Quando o verão deixa de ser leve: comparações estéticas e saúde mental

Entenda por que essa estação do ano costuma intensificar inseguranças e o que pode ajudar a atravessá-la melhor

19/12/2025 - 10h00min

Gerado por IA
O Vibe Real no Planeta Atlântida te conta como driblar as inseguranças para curtir o verão.

O verão costuma ser associado à leveza: sol, sal, mar, encontros com amigos, Carnaval e, claro, momentos inesquecíveis no Planeta Atlântida. Mas, para muita gente, essa estação também carrega um peso silencioso: a pressão pelo chamado “corpo de verão”.

Com a chegada dos dias mais quentes, cresce a exposição a padrões estéticos idealizados, seja pelas fotos e vídeos que inundam as redes sociais, seja pela maior visibilidade dos corpos em praias e piscinas. Assim, a comparação se intensifica. E, junto com ela, as inseguranças e a sensação de que é preciso se encaixar em um modelo específico de corpo para aproveitar a estação.

O que diferencia uma comparação “normal” daquela que começa a afetar a saúde?

Sentir alguma insegurança com o próprio corpo é algo comum. Faz parte. O problema é quando começamos a olhar para nós mesmos como se precisássemos caber naquele padrão para se sentir bem e viver o dia a dia. Neste ponto, ansiedade, relação conturbada com a comida e distorções na autoimagem passam a fazer parte da experiência de muitas pessoas.  

"A comparação considerada 'normal' acontece e passa. Ela não muda seu dia nem o modo como você se trata. Já a comparação prejudicial, por outro lado, mexe com a autoestima, altera o humor e começa a ditar comportamentos. Quando você deixa de fazer coisas que gosta, muda sua alimentação por culpa, se sente insuficiente ou passa a se odiar por não ter o corpo de outra pessoa, já é um sinal claro de que essa comparação virou sofrimento", explica a psicóloga Mari Fidalgo, especialista em psicologia esportiva e pós-graduanda em Transtornos Alimentares.  

As redes sociais neste cenário

Basta digitar termos como “projeto verão” na busca do Instagram ou do TikTok para ser bombardeado por imagens de barrigas chapadas, rotinas exaustivas de treino e promessas milagrosas de alimentação “perfeita” para alcançar o corpo ideal antes do verão.

Nesse cenário, as redes sociais podem se tornar um espaço difícil para quem já enfrenta inseguranças com o próprio corpo ou uma relação conturbada com a comida. A exposição constante a um mesmo padrão estético reforça a ideia de que só existe uma forma “certa” de corpo, e quem não se encaixa nela acaba se sentindo inadequado.

Mas a saída não precisa ser desinstalar os apps. Ajustar o feed pode fazer uma diferença real. Silenciar ou deixar de seguir contas que geram comparação, seguir pessoas reais, com corpos diversos e conteúdos mais acolhedores, é uma forma de tornar esse ambiente digital menos hostil. Não se trata de fugir das redes sociais, mas de transformá-las em um espaço mais saudável.

Como construir uma relação mais saudável com o próprio corpo

Segundo a psicóloga, a relação com o espelho melhora quando ele deixa de ser um inimigo em busca de defeitos e passa a ser um lugar de reconhecimento. É um exercício diário de trocar críticas por cuidado. Aos poucos, essa mudança se torna mais natural.  

"Algumas mudanças simples já fazem diferença, como lembrar que o corpo muda o tempo todo e que isso é normal; olhar para si com curiosidade, não com julgamento; e praticar falas internas mais gentis", explica Mari Fidalgo.

Outra estratégia é deslocar o foco da aparência para a funcionalidade do corpo: o que ele te permite fazer, viver, e experimentar. Caminhar, dançar, trabalhar, abraçar, curtir um show, pular no mar ou aproveitar um festival inteiro em pé.  

O que fazer quando o sinal da comparação soar

De acordo com a psicóloga Mari Fidalgo, um dos exercícios mais eficazes nesses momentos é o que ela chama de “retorno para si”. Sempre que perceber que está se comparando com outra pessoa, vale fazer uma pausa, respirar fundo e se perguntar: “O que isso diz sobre mim agora?” Essa pergunta muda o foco da outra pessoa para você, para suas necessidades, limites e sentimentos naquele momento.

Outro hábito que pode ajudar é manter uma lista de coisas que você gosta em si: habilidades, qualidades, conquistas pequenas, gestos de cuidado. Ler essa lista quando a comparação aparecer ajuda a lembrar que o valor não está no corpo do outro, e sim na sua história.

Um "corpo de verão" deveria estar muito menos associado à estética e a uma barriga chapada, e mais sobre estar hidratado, bem alimentado, devidamente protegido com protetor solar e com disposição para viver uma rotina saudável e funcional.


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