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Força e inovação nos negócios

Desafios do empreendedorismo feminino

Mulheres conquistam espaço no mercado e enfrentam barreiras estruturais, culturais e financeiras para empreender no Brasil.

30/08/2025 - 08h00min

Mulheres empreendedoras: superando barreiras e transformando o mercado com inovação e coragem.

Nos últimos anos, o Brasil tem assistido a um movimento cada vez mais expressivo: o crescimento do empreendedorismo feminino. 

Dados do Sebrae mostram que aproximadamente 34% dos negócios no país já são comandados por mulheres, representando uma parcela significativa da força empreendedora nacional. 

Mas, por trás desse número, está uma realidade cheia de conquistas, lutas e superações.

Empreender, por si só, já é um desafio em um cenário econômico instável e marcado pela alta competitividade. 

Para as mulheres, no entanto, esses desafios se somam a barreiras culturais, estruturais e sociais, que tornam a jornada ainda mais complexa. 

Apesar disso, o protagonismo feminino tem se destacado pela capacidade de inovação, resiliência e pela criação de modelos de negócios que aliam lucro com impacto social.

Estereótipos e preconceitos ainda são barreiras

Um dos principais obstáculos enfrentados pelas empreendedoras é a persistência de estereótipos de gênero. 

Ainda existe uma visão arraigada de que as mulheres seriam menos preparadas para gerir empresas, negociar contratos ou tomar decisões financeiras de grande impacto.

Na prática, essa mentalidade ultrapassada dificulta a conquista de credibilidade, especialmente em setores dominados historicamente por homens, como tecnologia, construção civil e finanças. 

Isso pode gerar situações de desvalorização e desconfiança, mesmo quando a empreendedora tem qualificação e experiência equivalentes – ou até superiores.

O contraponto é que estudos da ONU Mulheres e do Instituto Ethos mostram que empresas com liderança feminina apresentam maior diversidade de ideias, mais inovação e resultados sustentáveis

Ou seja: quando mulheres estão no comando, todos saem ganhando.

A dificuldade no acesso ao crédito

Outro grande desafio do empreendedorismo feminino está no acesso a crédito e investimentos. 

Pesquisas apontam que mulheres têm mais dificuldades do que homens para conseguir empréstimos bancários, linhas de financiamento ou conquistar investidores.

Muitas vezes, os critérios exigidos são mais rigorosos e a confiança depositada em seus projetos é menor. 

Isso limita o crescimento de negócios promissores, especialmente no início da trajetória.

Apesar das barreiras, iniciativas vêm surgindo para apoiar esse público, como programas de incentivo ao crédito para mulheres, cooperativas financeiras inclusivas e editais de grandes empresas voltados ao empreendedorismo feminino. 

Esses movimentos já começam a mudar a realidade e abrir mais espaço para quem deseja expandir suas ideias.

A sobrecarga da dupla jornada

Um fator bastante marcante na vida de muitas empreendedoras é a conciliação entre negócios e responsabilidades familiares. 

Embora a sociedade esteja evoluindo, pesquisas ainda apontam que as mulheres são as principais responsáveis pelos cuidados da casa e da família.

Essa sobrecarga faz com que muitas tenham que dividir seu tempo entre gerir o negócio, cuidar dos filhos, da casa e, em alguns casos, até de parentes idosos. 

O impacto disso não é apenas físico, mas também emocional, gerando estresse, ansiedade e sensação de não dar conta de tudo.

A solução passa por dois caminhos: redes de apoio mais sólidas – sejam familiares, coletivas ou institucionais – e mudanças culturais que distribuam de forma mais justa as responsabilidades domésticas.

Sororidade e redes de apoio

Apesar das dificuldades, o empreendedorismo feminino tem uma característica muito especial: a força da sororidade

Nos últimos anos, surgiram inúmeros coletivos, associações e grupos que reúnem mulheres empreendedoras com o objetivo de compartilhar experiências, trocar conhecimento e oferecer apoio mútuo.

Esses espaços fortalecem a confiança, promovem mentorias, ampliam a visibilidade e geram oportunidades de parcerias e negócios. 

Mais do que nunca, as mulheres têm entendido que caminhar juntas torna a jornada mais leve e os resultados mais consistentes.

O impacto das novas tecnologias

O ambiente digital também tem sido uma grande porta de entrada para empreendedoras. 

As redes sociais, o e-commerce e as ferramentas digitais de gestão permitiram que muitas mulheres iniciassem negócios com baixo investimento inicial e conquistassem públicos que antes seriam inalcançáveis.

Além disso, a tecnologia possibilita maior flexibilidade e autonomia, permitindo que muitas conciliem suas rotinas de forma mais equilibrada. 

Cursos online, mentorias virtuais e plataformas de networking também ajudam a reduzir distâncias e democratizar o acesso à informação.

O futuro do empreendedorismo feminino

O futuro aponta para um cenário cada vez mais promissor. Com o fortalecimento de políticas públicas voltadas à equidade de gênero, incentivos de grandes empresas e o avanço da digitalização, as mulheres estão conquistando mais espaço e voz no mundo dos negócios.

No entanto, os desafios permanecem. Para que o empreendedorismo feminino alcance todo o seu potencial, é necessário continuar investindo em educação, capacitação, acesso a crédito e mudanças culturais que valorizem a presença das mulheres em cargos de liderança.

O impacto disso vai muito além da economia: mulheres empreendendo significam também mais inovação, mais inclusão social e uma sociedade mais justa e equilibrada.


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