Quase 100% das pessoas confundem músicas feitas por IA com canções reais, revela pesquisa
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Humano ou IA?

Pesquisa mostra que humanos já não distinguem música feita por IA

Em teste cego, 97% das pessoas confundiram faixas geradas por inteligência artificial com músicas reais

13/11/2025 - 11h28min

Reprodução
Estudo global da Deezer revela que 97% das pessoas não conseguem diferenciar músicas feitas por inteligência artificial de composições humanas.

Aquela música nova que você jurava ter sido composta por um artista promissor pode, na verdade, ter saído de um computador. Uma pesquisa conduzida pela Ipsos para a plataforma francesa Deezer revelou que 97% das pessoas não conseguiram diferenciar uma faixa feita por inteligência artificial (IA) de uma música composta por humanos. O dado coloca um ponto de interrogação no futuro da indústria musical (e no ouvido de quem consome).

O estudo, realizado online entre 6 e 10 de outubro, ouviu 9 mil pessoas em oito países: Estados Unidos, Canadá, Brasil, Reino Unido, França, Países Baixos, Alemanha e Japão. Durante a pesquisa, os participantes ouviram três músicas, duas criadas por IA e uma feita por um artista humano. O resultado foi quase unânime: 97% não perceberam diferença entre as faixas.

A descoberta acendeu um alerta sobre como o avanço da IA está se infiltrando no processo criativo. Embora as ferramentas tenham sido pensadas, inicialmente, para auxiliar artistas, produtores e estúdios, a tecnologia agora é capaz de compor, cantar e até imitar timbres de artistas reais com precisão assustadora.

O crescimento explosivo da música feita por IA

Em janeiro, a Deezer revelou que uma em cada dez músicas reproduzidas em sua plataforma em um único dia era totalmente criada por inteligência artificial. Dez meses depois, o número disparou: 34% de todas as novas faixas enviadas à plataforma (cerca de 40 mil por dia) são geradas por IA.

Apesar disso, a empresa ressalta que essas músicas ainda representam uma fração muito pequena das reproduções totais, já que o público ainda prefere faixas de artistas humanos. Mesmo assim, o aumento chama atenção pelo ritmo acelerado e pelo impacto que pode ter no mercado fonográfico.

Para tentar manter a transparência, a Deezer é, atualmente, a única plataforma que sinaliza claramente quando uma faixa foi criada por inteligência artificial, permitindo ao ouvinte saber se o som que está curtindo é humano ou sintético.

O público está dividido

O estudo mostra que a relação das pessoas com a IA é de curiosidade e desconfiança em igual medida.

  • 51% acreditam que a tecnologia tende a gerar músicas “mais genéricas e de qualidade inferior”.
  • 64% temem que a presença da IA leve à perda de criatividade entre compositores e produtores.

Mesmo assim, há espaço para otimismo: quase metade dos entrevistados afirmou que a inteligência artificial pode ser uma aliada na descoberta de novas músicas e artistas, funcionando como uma ferramenta de recomendação mais precisa e personalizada.

Usar a IA para o bem

Enquanto alguns temem que a inteligência artificial roube o protagonismo dos músicos, outros veem nela uma oportunidade. A tecnologia pode ajudar a identificar padrões de gosto, descobrir talentos emergentes e democratizar o acesso à produção musical permitindo que mais pessoas criem, mesmo sem dominar instrumentos ou técnicas avançadas.

A grande questão, segundo a Deezer, é como equilibrar inovação e autenticidade. “A música é, antes de tudo, uma forma de expressão humana”, afirma a empresa em nota. “O desafio agora é garantir que a IA complemente esse processo, e não o substitua.”



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