"Music of the Spheres World Tour", a atual turnê do Coldplay, encanta todos os públicos ao redor do mundo. No Brasil, foram mais de 12 apresentações, sendo uma delas no Rock in Rio 2022. Todos os shows tiveram ingressos esgotados.
Além de trazer os grandes hits da banda, a tour deu o que falar por conta da sua iniciativa ecossustentável. O grupo liderado pelo vocalista Chris Martin reduziu em 50% sua emissão direta de carbono em comparação ao giro anterior, realizado entre 2016 e 2017. Para isso, usaram energia 100% renovável e instalações solares em todos os locais por onde passaram. Além disso, utilizaram recursos que permitiam gerar força a partir do movimento dos fãs — seja com bicicletas ergométricas energéticas ou pistas de dança cinéticas. Surreal, né?
Dá para ganhar grana sendo sustentável?
Para além da motivação sustentável, Martin e companhia — Guy Berryman (baixo), Will Champion (bateria), Jonny Buckland (guitarra) e Phil Harvey (empresário e diretor criativo) — desejam mostrar que é possível ganhar dinheiro, mesmo com iniciativas sustentáveis. Em entrevista à BBC Radio 4 (via NME), Chris explicou que quer provar como a abordagem sustentável “faz sentido para os negócios”.
“O que estamos tentando fazer, na verdade, não é defender nada: apenas provar que isso faz sentido para os negócios. Porque é aí que sentimos que você realmente fará as pessoas mudarem, dizendo: ‘ei, você pode ganhar mais dinheiro’.”
Foto: Buda Mendes / Getty Images
Ainda de acordo com Martin, há “muito mais pessoas do que se imagina” com interesse em cuidar do meio ambiente. É uma questão de “poder se dar ao luxo de se preocupar com isso”.
Sem partidarismo
Ainda durante a entrevista, Chris Martin reforçou que a intenção do Coldplay não é militar em prol de qualquer causa política com a turnê.
“Não é uma coisa de caridade, de esquerda ou insossa. É como: ‘não, não, este é o melhor sentido para os negócios também’.”
Sustentabilidade na turnê
Na época do anúncio do giro, a banda explicou que contratou uma equipe de especialistas em sustentabilidade para investir na redução da emissão de carbono. Uma das iniciativas para reduzi-la foi a criação da primeira bateria recarregável móvel para shows, em parceria com a fabricante de automóveis BMW. Feita a partir de baterias recicláveis do BMW i3, ela é alimentada durante os shows com recursos renováveis, como óleo vegetal hidrotratado, energia solar e energia cinética.
Mesmo assim, há emissões que são inevitáveis. Para compensar, foi plantada uma árvore para cada ingresso vendido, em parceria com a One Tree Planted, uma entidade focada no reflorestamento global. O planejamento da tour também envolveu reduzir viagens aéreas (priorizando voos comerciais sempre que possível e ainda pagando uma taxa adicional para fornecer combustível feito com resíduos como óleo de cozinha usado) e recorrer a veículos elétricos ou movidos a biocombustível no transporte terrestre.
A construção dos palcos
Já os palcos foram construídos “a partir de uma combinação de materiais leves, de baixo carbono e reutilizáveis, como aço reciclado”, sendo também personalizados para incorporar displays de baixo consumo de energia, lasers, configurações de iluminação e um sistema de PA que consumiu 50% menos energia, ajudando a reduzir o ruído ambiental externo. Da mesma forma, as torres de delay tinham turbinas eólicas.
Efeitos especiais
Para efeitos especiais, o Coldplay recorreu a confetes biodegradáveis adaptados para exigir menos gás comprimido para ignição, enquanto a pirotecnia tinha novas fórmulas para reduzir ou eliminar produtos químicos nocivos e mitigar a carga explosiva. As tradicionais pulseiras Xylobands foram substituídas por pulseiras PixMob feitas de materiais 100% compostáveis. A banda se comprometeu a diminuir sua produção coletando, esterilizando e recarregando-as após cada show, embora a devolução em países como o Brasil não tenha sido de 100% por parte do público.
Desperdício de alimentos
Além disso, para minimizar o desperdício de alimentos, foram criados cardápios de catering que ofereciam opções à base de vegetais e sem carne como padrão e adquiridos produtos de fornecedores adeptos de técnicas de agricultura regenerativa. A banda também declarou ter trabalhado com órgãos locais para estabelecer programas de reciclagem, substituir garrafas de água descartáveis
por alternativas como copos de alumínio Ball, diminuir a descarga dos vasos sanitários e reduzir a pressão d’água.
Os resultados de todo esse cuidado serão divulgados ao fim da turnê. No entanto, uma atualização parcial datada de junho do ano passado já está disponível no site da banda.
Que AULA de responsabilidade ambiental, né? Se todos os artistas resolvessem aderir, "it could be para-para-paradise".