
Em 2019, o pop viveu um dos seus plot twists mais polêmicos: Taylor Swift, a queridinha das rádios e dos charts, foi surpreendida pela venda de seu catálogo musical para ninguém menos que Scooter Braun — ex-empresário de Justin Bieber e empresário de Kanye West e arqui-inimigo não declarado.
Desde então, a treta virou case de marketing, guerra de narrativas e até inspiração para álbuns. Mas como tudo isso começou? E mais importante: quem saiu por cima?
O começo da novela: a compra das masters
Em junho de 2019, a Big Machine Label Group, gravadora onde Taylor lançou seus seis primeiros álbuns, foi vendida para a empresa de Scooter Braun, a Ithaca Holdings. O acordo, estimado em cerca de US$ 300 milhões, incluía as masters (gravações originais) dos álbuns de "Taylor Swift" (2006) a "Reputation" (2017).
Taylor afirmou que não teve a chance de comprar suas próprias gravações e que soube da venda junto com o público. Em um post explosivo no Tumblr, ela acusou Scooter Braun de "bullying manipulativo", mencionando episódios envolvendo Kanye West e Justin Bieber (ambos ligados a ele).
Braun, por sua vez, afirmou que tentou ter uma conversa com a cantora e que suas portas estavam abertas.
Taylor’s version: a vingança em formato de vinil (e stream)
Taylor não apenas revidou, ela transformou a polêmica em plano de ação. Em 2020, anunciou que iria regravar seus seis primeiros álbuns para recuperar o controle sobre sua obra.
Nasciam as Taylor's Versions, regravações que recriam os álbuns originais com nova produção, faixas inéditas From the Vault e capas retrabalhadas.
Os lançamentos viraram eventos culturais:
- Fearless (Taylor's Version) — abril de 2021
- Red (Taylor's Version) — novembro de 2021
- Speak Now (Taylor's Version) — julho de 2023
- 1989 (Taylor's Version) — outubro de 2023
O impacto foi brutal: o 1989 (TV) vendeu mais de 1,6 milhão de cópias só nos EUA na estreia, superando a versão original.
As regravações ajudaram a consolidar a imagem de Taylor como artista independente, estrategista de marketing e dona absoluta do próprio legado.
E o Scooter?
Em 2020, Scooter Braun revendeu o catálogo da Taylor para a Shamrock Holdings, empresa de investimentos, por cerca de US$ 300 milhões. A Shamrock tentou se aproximar de Taylor, mas ela recusou qualquer parceria enquanto Braun ainda lucrasse com o acordo.
Já em 2023, Scooter começou a perder artistas importantes de seu casting, como Ariana Grande, Demi Lovato e J Balvin. Os rumores de que ele estava "fora do jogo" não foram confirmados oficialmente, mas a narrativa de magnata intocável perdeu força.
Enquanto isso, Taylor seguia quebrando recordes com a Eras Tour, que se tornou a turnê mais lucrativa da história.
Quem saiu por cima?
Taylor transformou uma derrota contratual em narrativa de reconquista. Mais do que uma jogada de marketing, suas regravações viraram um manifesto sobre direitos autorais e autonomia feminina na indústria musical.
E convenhamos: poucos artistas conseguiriam fazer o público ouvir as mesmas músicas, de novo, com ainda mais entusiasmo.
No fim das contas, Scooter pode até ter comprado as fitas, mas Taylor comprou a narrativa — e com isso, algo bem mais valioso: o coração do público e o controle do próprio legado. Sim, esse roteiro é digno de Emmy - e foi ela quem escreveu.