Um novo estudo da Universidade Johns Hopkins reacendeu um debate curioso, e completamente científico, sobre os efeitos do sulfeto de hidrogênio, o composto responsável pelo cheiro marcante de algumas flatulências. Apesar do tema render risadas, a pesquisa é séria: os cientistas descobriram que essa substância pode proteger células cerebrais contra processos envolvidos no Alzheimer.
O sulfeto de hidrogênio é produzido naturalmente pelo corpo humano e participa de funções essenciais, como regulação celular e dilatação dos vasos sanguíneos. O problema é que, com o avanço da idade, sua produção diminui, abrindo espaço para danos neurológicos.
Para testar o impacto do composto, pesquisadores injetaram em ratos um material desenvolvido na Universidade de Exeter (Reino Unido), capaz de liberar o gás lentamente no organismo. Depois de uma semana, testes de cognição e coordenação motora mostraram uma melhora de 50% nos animais tratados.
O estudo também identificou que o sulfeto de hidrogênio impede a ação da enzima GSK3β, conhecida por causar danos a células nervosas e acelerar a deterioração cognitiva. “Entender essa sequência é fundamental para criar terapias que bloqueiem a interação nociva, exatamente como o sulfeto de hidrogênio faz”, explica o pesquisador Daniel Giobinazzo.
Por que o Alzheimer segue sendo um dos maiores desafios da medicina?
A doença de Alzheimer envolve uma combinação complexa de fatores genéticos, envelhecimento, processos inflamatórios e degeneração de neurônios. O avanço é lento, mas progressivo, e ainda não existe cura, apenas tratamentos que retardam sintomas.
Por isso, descobrir mecanismos naturais de proteção, como o efeito do sulfeto de hidrogênio, abre espaço para terapias menos invasivas e mais acessíveis no futuro.
A pesquisa ainda está em estágio inicial, mas deixa claro que a ciência pode encontrar aliados nos lugares mais improváveis.

