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Leituras obrigatórias UFRGS 2026: confira resumo das obras 

Sinopses completas, autores e problemáticas para você não se perder na lista de leitura

19/09/2025 - 11h47min

A lista de leituras obrigatórias do Vestibular UFRGS 2026 traz novamente 12 obras que atravessam séculos, estilos e culturas. Tem de tudo: romance realista, teatro, poesia, música popular, literatura indígena, feminista e até o realismo mágico de Gabriel García Márquez. Para dar uma força na sua preparação, a ATL organizou um guia com sinopse detalhada e as problemáticas centrais de cada título.

As inscrições para o vestibular de 2026 vão até o dia 22 deste mês, setembro. Já as provas acontecem nos dias 29 e 30 de novembro. Mais informações você encontra no site oficial do processo seletivo.

Confira a lista completa:

  1. MACHADO DE ASSIS – Quincas Borba
  2. JOSÉ DE ALENCAR – O demônio familiar
  3. VIRGINIA WOOLF – Mrs. Dalloway
  4. DJAIMILIA PEREIRA DE ALMEIDA – A visão das plantas
  5. PAULINA CHIZIANE – Niketche: uma história de poligamia
  6. JEFERSON TENÓRIO – O avesso da pele
  7. JOSÉ FALERO – Mas em que mundo tu vive?
  8. LUPICÍNIO RODRIGUES – Seleta de canções
  9. KAKÁ WERÁ – A terra dos mil povos
  10. RUTH GUIMARÃES – Água funda
  11. GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ – Cem anos de solidão
  12. ANGÉLICA FREITAS – Um útero é do tamanho de um punho

1. Quincas Borba, de Machado de Assis

Publicado em 1891, o romance acompanha Rubião, um modesto professor mineiro, da cidade de Barbacena, que herda a fortuna do excêntrico filósofo Quincas Borba. Ao se mudar para o Rio de Janeiro, ele passa a conviver com a elite carioca e acaba vítima de manipulações e falsas amizades ao se relacionar com o casal Cristiano e Sofia Palha. A história mostra como a ingenuidade de Rubião o torna presa fácil da ambição alheia.

Na obra, Machado critica a sociedade burguesa do século XIX, mostrando como riqueza e status podem transformar relações humanas em jogos de interesse. O conceito do “Humanitismo” (a filosofia absurda criada por Quincas Borba) funciona como sátira à ganância e ao egoísmo.

2. O Demônio Familiar, de  José de Alencar

Estreada em 1857, a peça de teatro apresenta Dona Maria, uma viúva que administra a casa e a vida dos filhos, especialmente de Eduardo, médico recém-formado que se vê dividido entre deveres familiares e ambições pessoais. Ao redor deles, surgem criados, amigos e relações amorosas que revelam a dinâmica social da época.

Na obra, Alencar usa o ambiente doméstico para discutir o patriarcado e as tensões entre tradição e mudança. A figura do “demônio familiar”, que na história tem o escravo Pedro como personificação, é a representação simbólica das forças que desestabilizam a família, questionando valores morais e as expectativas da classe média carioca.

3. Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf

Publicado em 1925, o romance se passa em apenas um dia da vida de Clarissa Dalloway, uma socialite londrina que prepara uma festa à noite. Enquanto caminha pelas ruas, lembranças e reflexões surgem em fluxo de consciência, revelando seu passado, seus desejos e suas angústias. Paralelamente, a história acompanha Septimus, um veterano de guerra traumatizado.

Woolf mostra como a vida cotidiana esconde dramas profundos. A obra aborda solidão, identidade, papel da mulher e as cicatrizes deixadas pela Primeira Guerra Mundial. O contraste entre Clarissa e Septimus evidencia as tensões de uma sociedade em transformação, entre a superficialidade social e os abismos internos.

4. A Visão das Plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida

O romance acompanha Celestino, ex-capitão que carrega um passado violento ligado ao tráfico de escravizados. Ao se aposentar, ele tenta se regenerar cuidando de um jardim e vivendo em silêncio. A narrativa mistura memória, remorso e contemplação da natureza.

O livro explora a herança da colonização, a culpa e a tentativa de redenção. As plantas funcionam como metáfora da vida indiferente ao bem e ao mal humanos, ressaltando como a natureza segue seu curso enquanto a sociedade carrega feridas históricas, reflete sobre a violência e o apagamento histórico.

5. Niketche: uma História de Poligamia, de Paulina Chiziane

A moçambicana Paulina Chiziane narra a trajetória de Rami, que descobre as várias esposas do marido e decide conhecer cada uma delas. A partir desse encontro, surge uma rede inesperada de cumplicidade e resistência feminina.

A obra denuncia a poligamia como reflexo do patriarcado, mas também mostra como as mulheres podem transformar dor em solidariedade. Rami revisita tradições culturais e questiona os limites entre submissão e libertação, abrindo espaço para uma crítica sobre poder, gênero e sororidade.

6. O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório

Narrado por um filho após a morte violenta do pai, o livro revisita memórias de infância e adolescência, revelando as experiências de um professor negro em Porto Alegre. A narrativa é íntima, mas também política.

Tenório expõe o racismo estrutural, a violência policial e as desigualdades no Brasil contemporâneo. A relação entre pai e filho funciona como fio condutor para discutir como a identidade negra é atravessada por preconceitos e silenciamentos.

7. Mas em que Mundo tu Vive?, de José Falero

A coletânea de contos traz personagens da periferia de Porto Alegre que enfrentam a precariedade de empregos, a falta de perspectiva e a luta diária por sobrevivência. Com linguagem direta e crítica, Falero constrói um retrato da vida urbana marginalizada.

O livro denuncia desigualdades de classe, exclusão social e a naturalização da pobreza. Mostra como a violência simbólica e material molda a vida dos mais vulneráveis, mas também revela momentos de resistência e solidariedade. Através da linguagem informal, assuntos como racismo, violência, exclusão, preconceito e a luta por dignidade dos trabalhadores são apresentados por meio do humor e sarcasmo. 

8. Seleta de Canções, Lupicínio Rodrigues

A coletânea reúne composições icônicas do “Lupicínio da dor de cotovelo”, como Nervos de Aço e Se Acaso Você Chegasse. As letras exploram relações amorosas intensas, cheias de ciúmes, traições e paixões impossíveis.

Embora falem de amor, as canções revelam muito sobre a cultura popular e a masculinidade da época. Lupicínio traduz sentimentos de abandono e frustração em poesia musical, marcando a canção urbana brasileira como espaço de expressão das dores íntimas.

9. A Terra dos Mil Povos, de Kaká Werá

Escrita por um autor indígena, a obra reúne histórias, mitos e narrativas de diferentes povos originários do Brasil. Mais do que literatura, é também um resgate cultural.

O livro traz a visão indígena sobre o mundo, mostrando espiritualidade, cosmovisão e resistência. Questiona a invisibilização histórica dos povos originários e propõe outro olhar para a relação entre natureza, cultura e coletividade.

10. Água Funda, de Ruth Guimarães

Publicado em 1946, o romance se passa no Vale do Paraíba e mistura narrativas orais, memórias e histórias do cotidiano rural. A história se divide em duas partes, centradas em Sinhá Carolina, uma proprietária rural no século XIX, e Joca, um trabalhador rural que vive em um período posterior de transição. Por meio das lembranças sobre amor, morte e tragédias familiares de ambos, é formando um mosaico de vozes.

A obra valoriza a tradição oral brasileira e mostra como o passado se perpetua nas comunidades rurais. Temas como a derrocada da aristocracia rural, a ascensão do trabalhador livre, o folclore, as superstições e os desdobramentos da passagem da escravidão para o trabalho livre na sociedade brasileira estão presentes.

11. Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez

O clássico do realismo mágico acompanha sete gerações da família Buendía, em Macondo, uma cidade fictícia da Colômbia. Entre guerras, paixões, exílios e milagres, a narrativa mostra como o tempo é cíclico e a história, repetitiva.

O romance reflete a solidão como destino coletivo, fala de poder, colonialismo e da fragilidade da memória. García Márquez também transforma elementos fantásticos em metáforas das realidades latino-americanas.

12. Um Útero é do Tamanho de um Punho, de  Angélica Freitas

Livro de poesia contemporânea que aborda, com humor ácido e ironia, o corpo feminino, a maternidade e os papéis impostos às mulheres. Os poemas transitam entre crítica e paródia, desmontando discursos tradicionais.

A obra confronta padrões sociais, expectativas de gênero e pressões sobre a mulher. Freitas mostra como a linguagem poética pode ser feminista e subversiva, questionando até as imagens mais naturalizadas sobre o corpo.



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