Se hoje a gente tem documentário bombando até na Netflix e viralizando em TikTok, é porque lá atrás teve gente que pegou uma câmera e decidiu mostrar o Brasil de verdade. No dia 7 de agosto, a gente celebra o Dia Nacional do Documentário Brasileiro, uma data criada pela Associação Brasileira de Documentaristas (ABD) pra dar luz merecida pro gênero que transforma realidade em narrativa.
Mas por que essa data? É o aniversário de Olney São Paulo, um baiano visionário de Riachão do Jacuípe que acreditava no poder da câmera como espelho do povo. Ele nasceu em 1936 e deixou o mundo em 1978, mas o que construiu nesse tempo virou história.
Quem foi Olney São Paulo?
Imagina dirigir filme sem grana, criar grupo de teatro no interior da Bahia e ainda escrever telenovela com cara de cinema? Olney fez tudo isso. Em 1955, ele começou a produzir o curta “Um crime na feira” com ajuda de amigos. O filme tinha só 10 minutos, mas carregava um olhar potente sobre o cotidiano nordestino.
Entre seus trabalhos mais marcantes estão “O Profeta de Feira de Santana”, que mistura sertão e apocalipse na vida do artista Raimundo de Oliveira, e “Ciganos do Nordeste”, uma reflexão poética e dura sobre povos nômades invisibilizados.
Em comemoração a essa data importante para o audiovisual brasileiro, a ATL preparou uma lista com 6 produções que você deve assistir.
1. Cabra Marcado Para Morrer (1984)
Direção: Eduardo Coutinho
Um filme que começou como ficção e virou documento histórico. Coutinho foi até o interior da Paraíba contar a história do líder camponês João Pedro Teixeira, mas a ditadura interrompeu tudo em 1964. Anos depois, ele volta e transforma tudo num doc sobre memória, censura e resistência.
2. Ilha das Flores (1989)
Direção: Jorge Furtado
Com apenas 13 minutos, esse clássico já deve ter esbarrado nas suas aulas da escola. Narrado num ritmo acelerado, o filme faz um retrato ácido sobre consumo, lixo e desigualdade. Um tomate vai mais longe que gente, é o tipo de filme que te dá um nó na garganta.
3. Edifício Master (2002)
Direção: Eduardo Coutinho
Coutinho de novo (e com razão). Aqui, ele bate na porta de um prédio em Copacabana e deixa os moradores falarem. São histórias simples, doloridas, engraçadas, humanas. Você termina o filme com vontade de escutar mais e falar menos.
4. Santiago (2007)
Direção: João Moreira Salles
Começa como o retrato de um mordomo culto, termina como um filme sobre a relação entre quem filma e quem é filmado. É elegante, desconfortável e cheio de camadas. Um documentário que pensa o próprio ato de documentar.
5. Jogo de Cena (2007)
Direção: Eduardo Coutinho
Mulheres contam suas histórias diante das câmeras, e depois atrizes interpretam esses relatos. Mas você nunca sabe o que é “real” ou “representado”. Um jogo de espelhos entre vida e arte que deixa a gente bugado (no bom sentido).
6. O Sal da Terra (2015)
Direção: Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado
Aqui, a lente é do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que viajou o mundo registrando a humanidade em sua forma mais crua: fome, guerra, migração, natureza. O doc é visualmente arrebatador, emocionalmente avassalador e faz a gente repensar o mundo e o nosso lugar nele. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2015.