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Extermínio: A Evolução – O apocalipse começa em casa

Zumbis pelados, flechas fálicas e um garoto entre dois mundos: Danny Boyle retorna ao apocalipse para criticar a virilidade tóxica

24/06/2025 - 12h52min

Atualizada em: 24/06/2025 - 12h57min

Atlântida
Reprodução/Internet
Sequência de 'Extermínio' aposta em ação, zumbis furiosos e críticas sociais

Vinte e três anos depois de reinventar os filmes de zumbi com “Extermínio” (2002), Danny Boyle retorna ao Reino Unido em ruínas para mostrar que o verdadeiro vírus pode não estar nos corpos, mas nas ideias. 

Em “Extermínio: A Evolução” (28 Years Later), o cineasta e o roteirista Alex Garland retomam o universo apocalíptico criado no início dos anos 2000, mas agora com um olhar voltado para as consequências do isolamento — literal, emocional e político.

Com 95% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme estreia aclamado e pronto para inaugurar uma nova trilogia. 

E não falta substância por trás do sangue e dos zumbis pelados: em entrevista exclusiva ao CinePOP, a atriz Jodie Comer afirmou que a história pode ser lida como uma grande alegoria do Brexit.

“O Reino Unido se isolou, esperando conter o vírus, mas o problema cresceu. Às vezes, a sociedade age assim — ignora uma crise esperando que ela desapareça. Isso raramente acontece”, disse Comer, que interpreta Isla, mãe do protagonista Spike (Alfie Williams).

Na trama, Spike é um garoto de 12 anos forçado a cruzar uma terra devastada ao lado dos pais (vividos por Comer e Aaron Taylor-Johnson). O que começa como um rito de passagem — matar um zumbi com uma flecha para “virar homem” — logo se transforma numa busca por conexão, proteção e cura. 

No caminho, os personagens encontram os chamados Alfas, zumbis musculosos e nus que representam uma masculinidade distorcida e levada ao extremo. 

Uma metáfora escancarada sobre o que pode dar errado quando força bruta vira modelo de liderança.

Além da crítica política, o filme também traz leveza. Questionados sobre o que levariam para sobreviver a um apocalipse, os atores brincaram:

“Maçãs. Armas, amigos… e maçãs. Tem que ter um aperitivo”, disseram em tom descontraído.

Mesmo com momentos de humor, o que marca Extermínio: A Evolução é seu tom sombrio, espiritual e reflexivo. 

Boyle entrega uma direção afiada que equilibra ação intensa com críticas sociais profundas, fazendo eco não apenas às escolhas políticas do Reino Unido, mas também à solidão pandêmica que ainda ressoa em muitos.

A sequência ignora os eventos de Extermínio 2 (2007) e já tem continuação marcada: Extermínio: O Templo dos Ossos chega em janeiro de 2026, com direção de Nia DaCosta (Candyman, As Marvels).

Se o apocalipse zumbi é inevitável, a pergunta que A Evolução levanta é clara: quem ainda vai saber ser humano no fim do mundo?


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