
O suicídio é uma triste realidade que atravessa fronteiras e impacta milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 foram registrados mais de 700 mil suicídios, número que pode ultrapassar 1 milhão de casos ao se considerar a subnotificação. No Brasil, a média é de 14 mil casos por ano – o equivalente a 38 pessoas por dia.
A OMS aponta que 100% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, principalmente quando não tratados ou tratados de forma inadequada. Estima-se ainda que 90% poderiam ser prevenidos com acolhimento, informação e a quebra do tabu que ainda cerca o tema. É nesse contexto que o Setembro Amarelo se torna tão importante.
Como surgiu o Setembro Amarelo
A história remonta a 1994, quando o jovem norte-americano Mike Emme, de 17 anos, tirou a própria vida. Apaixonado por mecânica, ele havia restaurado um Mustang 68 amarelo, carro que virou sua marca e lhe rendeu o apelido de Mustang Mike.
No velório, amigos e familiares distribuíram cartões com fitas amarelas e a frase: “Se você precisar, peça ajuda”. A iniciativa ganhou força, chegando a pessoas em sofrimento e se tornando símbolo da prevenção ao suicídio.
Em 2003, a OMS e a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (IASP) instituíram o 10 de setembro como Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, oficializando o movimento em nível global.
O Setembro Amarelo no Brasil
No Brasil, o movimento começou a ganhar corpo em 2013, quando o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, então presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), conheceu a campanha internacional e trouxe a ideia para cá.
No ano seguinte, a data foi incorporada ao calendário de saúde e, a partir de 2015, a campanha ganhou grande visibilidade com a adesão do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Centro de Valorização da Vida (CVV). Monumentos foram iluminados de amarelo, materiais educativos foram distribuídos e a campanha passou a fazer parte do calendário anual de conscientização em todo o país.
Hoje, o Setembro Amarelo é considerado a maior campanha de prevenção ao suicídio no mundo, com ações que envolvem escolas, universidades, empresas, mídia e redes sociais.
Sinais de alerta: como identificar tendências suicidas
Reconhecer mudanças de comportamento pode salvar vidas. Alguns sinais importantes incluem:
- Perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas;
- Comentários como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer”;
- Sensação de que os outros ficariam melhor sem a sua presença;
- Queda de rendimento na escola ou no trabalho;
- Isolamento social e falta de esperança no futuro;
- Descuido com a aparência e hábitos de higiene;
- Alterações no sono e no apetite.
Como pedir ajuda
Falar é sempre o primeiro passo. Buscar apoio profissional pode fazer toda a diferença no processo de cuidado com a saúde mental.
No Brasil, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece atendimento gratuito e sigiloso pelo telefone 188, disponível 24 horas por dia. Também é possível entrar em contato pelo site www.cvv.org.br, via chat ou e-mail.
Além disso, postos de saúde, CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), hospitais e serviços de emergência estão preparados para acolher quem precisa.