Em provas de corrida de longa distância, é comum que atletas guardem energia para um sprint final, aquele impulso extra nos últimos metros antes da linha de chegada. Mas, fora das pistas, esse comportamento vem se repetindo na rotina de muita gente. À medida que dezembro se aproxima, cresce a sensação de que é preciso “correr mais” para dar conta de tudo: fechar entregas, cumprir metas, organizar compromissos e ainda participar de inúmeros eventos.
Segundo estudo do International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), o estresse em dezembro, se comparado aos outros meses do ano, aumenta em média 75%. É uma sobrecarga generalizada, como se tudo precisasse estar pronto e alinhado até o dia 31 do mês 12, quando mais um calendário é encerrado e um novo ciclo recomeça.
Para te ajudar a sobreviver à corrida maluca do fim do ano, o Vibe Real conversou com a psicóloga Ana Paula Deon e reuniu 5 dicas práticas que podem fazer diferença nesse período.
1. Priorize de verdade (nem tudo é urgente)
Se viver em um mundo hiperconectado já nos dá a sensação permanente de urgência, a chegada de dezembro costuma potencializar esse pensamento. Qualquer pendência se transforma em emergência, mesmo quando não há motivo para isso.
Por isso, torne a costumeira frase "se tudo é urgente, nada é urgente" como mantra. E antes de entrar no modo "corrida contra o relógio", avalie com sinceridade o que realmente precisa ser concluído até dia 31 de dezembro, e o que pode, sem prejuízo real, ser retomado ou finalizado no início de 2026.
Até porque, além da carga mental, há ainda o desgaste físico natural de um ano inteiro em ritmo acelerado. E isso também precisa entrar na conta.
2. Inclua pausas estratégicas na sua rotina
Tarefas acumuladas, prazos apertados, e-mails não respondidos... Em meio a esse ritmo acelerado, inserir pequenas pausas ao longo do dia pode ser uma forma simples e eficaz para recalibrar a mente e o corpo.
Esses intervalos não precisam ser longos. Pode ser um alongamento rápido, alguns minutos de respiração, ouvir os sons do ambiente ou até lavar o rosto. “Esses rituais lembram o organismo de que ele é vivo e não uma máquina”, explica Ana Paula.
Outra estratégia eficiente é mudar o ambiente por alguns minutos. Trabalhar próximo de uma janela, trocar de cadeira ou dar uma volta curta ao ar livre são ações que ajudam o cérebro a reorganizar estímulos e diminuem a sensação de sobrecarga.
3. Está tudo bem em dizer "não"
Haja planner para organizar toda a agenda social de dezembro. São festas com amigos, confraternizações de trabalho, almoços de família e aquela sequência de eventos que parece não ter fim. Mas vale a pena dizer sim para todos esses compromissos mesmo se você não estiver a fim de ir?
A estratégia aqui, para manter a saúde mental em dia, é avaliar o que você realmente quer viver, priorizando encontros que façam sentido para você e que tragam autenticidade para as relações. Recusar convites faz parte do cuidado emocional. E tá tudo bem dizer "não quero" ou "não posso ir".
E se isso gerar desconforto em quem fez o convite? Também faz parte. “Temos uma ideia distorcida de que escolher por nós não vai gerar desconforto nos outros. Vai. Mas é
preciso decidir que desconforto estamos dispostos a enfrentar: o de dizer ‘não’ ou o de ir a um lugar onde não queremos estar", explica.
4. Renegocie as suas metas (e valorize o que você já fez)
O fim de ano costuma gerar um movimento natural de revisão das metas, mas essa avaliação frequentemente se concentra no que não foi alcançado. Ana Paula propõe o contrário: começar pelo que foi feito.
Pergunte-se: no que eu avancei? O que eu vivi? Do que eu me orgulho? Muitas vezes, realizamos coisas importantes que não estavam no planejamento inicial.
Outro ponto é reconhecer que metas precisam ser realistas e flexíveis. Circunstâncias mudam, rotinas se transformam e prioridades também. Se você planejou ler 30 livros no ano e chegou a 15, pode estar exatamente no número que sua vida comportou.
5. Por fim, seja gentil consigo mesmo
É importante lembrar que a vida não é uma corrida. Mesmo que fosse, nem todas as pessoas largam do mesmo ponto ou enfrentam os mesmos percursos. Aliás, nem todas buscam a mesma linha de chegada. Cada uma tem objetivos e metas diferentes.
Então, está tudo bem ainda não ter cumprido todas as metas traçadas, postergar alguns compromissos sociais ou não conseguir dar conta, simultaneamente, das quarenta demandas pendentes.
Depois das 23h59 do 31 de dezembro, ainda há mais 365 dias pela frente.
