Nesta terça-feira (7), a cantora e compositora mineira lançou “Carranca”, seu novo álbum que marca uma virada definitiva na carreira. Depois de consolidar-se com “Fúria” e “Her Mind”, Úrias explora sua brasilidade e mergulha de cabeça nas raízes afro-brasileiras, em 14 faixas cheias de simbolismos e questionamentos sobre identidade, liberdade e resistência.
O título do disco não poderia ser mais simbólico: inspirado na carranca, figura esculpida em madeira usada em embarcações para afastar maus espíritos, o álbum conecta o sagrado e o terreno, dialogando com a cultura afro-brasileira e com o orixá Exu, mensageiro entre os mundos material e espiritual.
Os ouvintes são convidados a embarcar numa jornada guiada por três interlúdios narrados por Marcinha do Corintho, ícone de Belo Horizonte, que apresentam a liberdade falsa, a vingança como caminho e, finalmente, o retorno simbólico à Etiópia, um reencontro com a origem e a liberdade verdadeira. “Esses interlúdios funcionam como pontos de respiração, mas também como guias para entender a narrativa maior do disco”, explica Urias.
A estética visual também chama atenção: a capa digital criada por Isaac de Souza Sales, artista plástico paulista, aposta no afro-surrealismo, misturando ancestralidade e futurismo.

Feats de peso
O disco ainda traz colaborações que dão peso à narrativa: Criolo em “Deus”, Giovani Cidreira em “Herança”, Major RD em “Voz do Brasil” e Don L em “Paciência”. E tem mais: Urias garimpou uma música inédita de Hyldon, “Águas de um Mar Azul”, composta nos anos 70, e a incluiu na oitava faixa do álbum — prova de que passado e presente conversam direto em “Carranca”.
O primeiro show da era “Carranca” já tem data marcada: dia 20 de dezembro, na Audio, em São Paulo.