
Depois de meses de mistério, teasers e uma estratégia de marketing digna de uma diva pop, Taylor Swift lançou The Life of a Showgirl na última sexta-feira (3) e, como era de se esperar, quebrou recordes. O álbum estreou com 249,9 milhões de reproduções no Spotify em 24 horas, garantindo a segunda maior estreia da história da plataforma, atrás apenas do seu próprio The Tortured Poets Department (2024), que havia registrado 314 milhões de plays.
Com o retorno dos produtores Max Martin e Shellback, nomes por trás de sucessos das eras 1989 e Reputation, e uma aguardada colaboração com Sabrina Carpenter, os fãs esperavam um retorno direto ao pop. E, de fato, o disco traz essa energia, mas com uma roupagem mais sofisticada e teatral. The Life of a Showgirl é um mergulho nas contradições de uma artista que vive entre o espetáculo e a solidão, entre o amor real e o brilho artificial da fama.
Musicalmente, Swift brinca com texturas do pop dos anos 1980 e do soft rock, incorporando samples de “Father Figure”, de George Michael, e “Cool”, dos Jonas Brothers. O resultado é uma sonoridade polida e nostálgica, que combina sintetizadores luminosos, guitarras suaves e vocais intimistas.
Entre os destaques, “The Fate of Ophelia” abre o álbum com intensidade, uma balada densa e simbólica sobre vulnerabilidade e exposição pública, já considerada uma das melhores da carreira recente da cantora. “Actually Romantic”, por outro lado, exibe o lado mais irônico e provocativo de Taylor, respondendo de forma sutil a Charli XCX.
Já “Wood” mistura sensualidade e humor, com metáforas que fazem referência ao noivo Travis Kelce e até menções ao podcast New Heights. A faixa chamou atenção da imprensa internacional pela ousadia sexual da letra, algo que lembra o flerte de Reputation, mas com mais autoconfiança e leveza.
A canção-título, “The Life of a Showgirl”, parceria com Sabrina Carpenter, encerra o álbum com uma reflexão sobre os altos e baixos da fama. Inspirada em histórias de bastidores e na pressão da indústria, a música contrasta o glamour do palco com o cansaço da vida pública. É o tipo de composição que une duas artistas em fases diferentes, mas com a mesma consciência sobre o preço da visibilidade.
Apesar dos elogios à produção pop refinada e à ousadia lírica, o disco não escapa de críticas. Alguns fãs e jornalistas apontaram certas “indiretas” desnecessárias e um tom vingativo em faixas específicas, além de versos que soam forçados. Ainda assim, Swift demonstra domínio absoluto da própria linguagem e uma habilidade rara de transformar vulnerabilidade em espetáculo.
Comercialmente, o impacto é inegável. O disco vendeu 2,7 milhões de cópias nos Estados Unidos no primeiro dia, sendo 1,2 milhão em vinil, o que faz de The Life of a Showgirl o álbum em vinil mais vendido em um só dia da história.
No fim, The Life of a Showgirl é o retrato de uma artista em pleno controle, mesmo em meio a conflitos (internos e externos). É sobre o ato de se expor, de performar, de amar e de ser observada. Taylor Swift entrega aqui um álbum que equilibra vulnerabilidade e espetáculo, confirmando que, mesmo sob os holofotes, ela ainda sabe ser a roteirista mais afiada do pop.