O amor de mãe é a força mais intensa da natureza. Como diz Martha Medeiros, “uma mãe é invencível. Não há perda que ela não transforme em força. Não há passado que ela não emoldure e coloque na parede. Não há medo que a mantenha quieta por muito tempo”. A maternidade é um misto de caos e instinto, de dúvidas e verdades absolutas, de desejar que o tempo passe rápido, e depois lamentar por tudo ter passado tão depressa. A maternidade, mesmo não vindo acompanhada de um manual de instruções, é inexplicavelmente perfeita. Perfeita nas dores, nas incertezas, nas dificuldades e, principalmente, na vontade de querer ser e oferecer o melhor. Rodaika, mãe de Brenda (29) e Théo (18), define a maternidade como um milagre avassalador.
O que a maternidade mais lhe ensinou?
Tanto o nascimento da Brenda quanto o do Théo foram muito marcantes, mesmo sendo em fases totalmente diferentes da minha vida. Da Brenda eu engravidei muito jovem, antes dos 20 anos, e ainda não me imaginava como mãe. Logo quando descobri que estava grávida, senti um turbilhão de emoções: entendi a minha responsabilidade a partir daquele momento, o pânico de pensar “Meu Deus, e agora?!” e, ao mesmo tempo, esse amor arrebatador. A chegada da Brenda me trouxe uma dose de maturidade em todos os sentidos. Ela me fez questionar o que eu realmente desejava para a minha vida e acelerou em mim esse desejo de ocupar o meu lugar no mercado de trabalho e ter sucesso fazendo o que eu realmente amo.
Quando o Théo chegou, nós já tínhamos uma família formada. Mesmo sem ter planejado, foi uma surpresa espetacular porque nos uniu ainda mais como família. Antes, era somente eu e a Brenda. Com a chegada do Alexandre, veio o Théo, que intensificou esse laço fundamental entre todos nós. Enquanto a Brenda me amadureceu como mulher, o Théo direcionou mais o meu olhar para dentro do lar. Com ele, eu entendi ainda mais que o nosso núcleo familiar é o mais importante e essencial da minha vida.
“Os meus dois filhos me ensinaram muito, desde quando descobri que estava grávida até os dias de hoje. Aliás, este é o grande milagre da maternidade: todos os dias é um novo aprendizado e uma nova descoberta.”
Hoje em dia, nas redes sociais, a maternidade é bastante exposta e, de certa forma, romantizada. Como você enxerga o maternar no dia a dia real das mães?
Quando eu fui mãe pela primeira vez, há 30 anos, as redes sociais não existiam. Então, não tínhamos esses canais para falar sobre a maternidade. Além disso, outro agravante era o mercado de trabalho. Naquela época, o preconceito com a profissional que tinha filhos era ainda maior. A mentalidade era essa: se é mãe, não tem muito tempo para a empresa. Consequentemente, a profissional tinha menos portas abertas e oportunidades.
Hoje, com toda essa exposição da maternidade, a gente vive em um ambiente mais empático. As pessoas entendem um pouco melhor. A divisão de tarefas entre o pai e a mãe, na criação de seus filhos, também está sendo encarada com mais naturalidade. Acredito que expondo e compartilhando a gente naturaliza a maternidade, afinal, não há nada mais natural do mundo do que o maternar.
Por outro lado, a romantização também é algo que a gente precisa controlar. Nem sempre é fácil, nem tudo é permitido. A comunicação digital trouxe muitos pontos positivos para as mulheres, mas é necessário ter o cuidado de não romantizar uma relação tão complexa. Criar um filho exige muita responsabilidade e dedicação.
“Filhos criados, trabalhos dobrados”. Com a Brenda e o Théo já crescidos, você confirma este ditado popular?
Essa é boa! (risos). A gente acha que, quando os filhos crescem, as preocupações diminuem. Mas a verdade é que elas apenas se transformam. Eu costumo dizer para as minhas amigas mais jovens, que estão vivendo o início da maternidade, aquele período no qual a criança não tem autonomia, que a tal da independência não diminui a preocupação — bem pelo contrário, ela intensifica.
A gente torce para a criança ter mais autonomia, mas quando ela começa a ter, a aflição é outra: o que ela tá fazendo com essa independência? Com o acesso à internet, tudo ficou mais preocupante nesse sentido também.
O amor é tão avassalador que é impossível não se preocupar. É um eterno “será”... Será que eu fiz certo? Será que eles estão felizes? Será que tomamos as melhores decisões?
“O coração de mãe nunca fica tranquilo. Coração de mãe é aflito 24 horas por dia. Isso é muito doido, porque essa aflição só é amenizada pelo amor avassalador que a gente sente.”
No auge dos seus 50 anos de idade, com uma carreira consolidada e maturidade adquirida, você diria que é difícil separar as figuras de “mãe” e “mulher”? Na tua opinião, elas se agregam ou se anulam?
Eu sou muito intensa para separar os meus papéis de mulher, mãe e profissional. Aos 50 anos, sou uma mistura de tudo isso. Todos os papéis fazem parte de quem eu sou e interferem a todo o momento, em todas as decisões que eu tomo. É uma mistura que me define muito bem.
A mulher que eu sou está totalmente vinculada ao meu papel de mãe que é, sem dúvidas, o mais importante da minha vida. Mas a Rodaika como mãe também está sempre de olho na mulher, porque eu preciso estar bem para continuar exercendo a maternidade da forma que eu desejo. Por mais que meus filhos já estejam adultos, tenho vontade de estar sempre presente na vida deles, e isso me faz querer ser uma mulher melhor.
“A maternidade acaba sendo o maior motivador da minha vida, desde quando tive a Brenda até agora. É tudo junto, misturado e maravilhoso.”
Qual a tua mensagem para as mães que escutam a Atlântida e estão imersas nesse oceano único, profundo e desafiador da maternidade?
Se cobrem menos e aproveitem mais. A gente se cobra muito como mãe. Queremos ser perfeitas, sem nos darmos conta de que já é perfeito. Os nossos filhos têm a mãe que merecem ter. Todas as decisões que a gente toma, tudo o que fazemos, é sempre pensando no bem deles. Isso significa que somos as melhores mães que podemos ser. O grande combustível de tudo isso é o amor.
Com a autocobrança, a gente deixa de viver os momentos mais simples que, na maioria das vezes, são os mais especiais. Viva o hoje, invista no momento presença, ouça o que o teu filho tem a dizer. Preste atenção nas preferências dele, nos talentos, nos desejos mais íntimos, porque a realização de um filho é a felicidade de uma mãe. Aceite eles como são, incentive as escolhas e construa essa relação sólida para que saibam que os teus braços são o lugar que eles podem voltar sempre, onde serão acolhidos, entendidos, respeitados e, acima de tudo, amados. Ser mãe é um milagre.
Para todas as mamães que fazem parte da história da Atlântida, um imenso e carinhoso Feliz Dia das Mães!
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