Ao subir ao palco do WME Awards 2025 para receber o troféu de Revelação do Ano, a rapper Ebony transformou o momento em um discurso incisivo sobre racismo, gênero e exclusão na indústria musical brasileira. A cerimônia aconteceu na noite de quarta-feira (17), em São Paulo, e reuniu artistas e profissionais do setor em uma premiação voltada a mulheres na música.

Com oito anos de carreira, três álbuns lançados, músicas nos charts e mais de 300 milhões de streams acumulados, Ebony questionou os critérios que a colocaram na categoria de artista revelação apenas agora. “Quanto uma mulher negra do rap precisa conquistar para ser considerada revelação?”, provocou, ao comparar sua trajetória com a de artistas de outros gêneros que recebem reconhecimento mais cedo.

A rapper afirmou que evitou divulgar a própria indicação por não considerá-la justa diante de seu histórico profissional. Em seu discurso, classificou a indústria musical como “traiçoeira com mulheres negras”, criticando a falta de visibilidade, a hipersexualização de seus corpos e a dificuldade de acesso às grandes mídias, mesmo diante de resultados expressivos.

Ebony também destacou que, apesar do recente interesse do mercado pelo rap feminino, mulheres negras sempre estiveram produzindo, inovando e se apoiando mutuamente, independentemente do aval da indústria. Ela cobrou reconhecimento para artistas que abriram caminhos no gênero, como Sharylaine, Negra Li, Dina Di, Kamila CDD e Karol Conká, além de pedir mais atenção a MCs fora do eixo Rio–São Paulo.

O discurso incluiu ainda uma defesa da inclusão de artistas trans no rap nacional, com menções a nomes como Bixarte, Monna Brutal e Zaila, reforçando a necessidade de políticas reais de apoio e visibilidade.

Ao encerrar sua fala, Ebony dedicou o prêmio à rapper Nanda Tsunami, a quem definiu como a “verdadeira revelação do rap em 2025". Assista: