Se você sente falta daquela era dourada dos reality shows de música: Making the Band, Pussycat Dolls Present, The Search for the Next Doll, prepare-se para uma espécie de revival, agora com orçamento gigante, polimento K-pop e ambição global. Pop Star Academy, da Netflix, é o projeto que uniu duas potências da música, a sul-coreana HYBE e a americana Geffen Records, para fabricar, quase em tempo real e diante das câmeras, o que elas chamam de primeiro girl group verdadeiramente global. O resultado? Katseye, um sexteto que já coleciona turnê esgotada, campanhas virais, debates sobre representatividade e até indicação ao Grammy.
A trajetória até esse ponto é justamente o que faz o reality valer o play. Diferente dos longos e intensos anos de treinamento típicos da indústria coreana, onde adolescentes passam quase uma década entre aulas de canto, dança, etiqueta e idiomas, Pop Star Academy condensa tudo isso em menos de um ano. Sim: transformação total, pressão constante, avaliações eliminatórias e um funil que reduziu mais de 120 mil candidatas a 20 finalistas, que então encararam o reality derivado, Dream Academy, até a formação final do grupo.
É quase como assistir a fabricação de um produto: brilho e caos simultâneos.
O que faz o programa tão viciante?
Ele revive o drama dos realities de formação de banda dos anos 2000, mas com lógica e estética totalmente 2020s. O processo mistura documentário e competição, mostrando tanto bastidores tensos (como as avaliações impiedosas da equipe HYBE x Geffen) quanto o lado emocional das trainees, que têm de se apoiar e competir ao mesmo tempo.
E claro, tem performance, muita performance. Dança pesada, vocais ao vivo, missões temáticas. Mesmo quem não liga para K-pop acaba fisgado pelo fascínio universal da pergunta: como nasce uma estrela pop?
O Katseye
A formação final: Sophia, Lara, Manon, Daniela, Megan e Yoonchae, materializa exatamente a ambição do projeto. O grupo é multiétnico, multilíngue e treinado no rigor coreano, mas pensado para o mercado global. Suas músicas são majoritariamente em inglês, a estética mistura referências de 2000s, uniformes escolares desconstruídos, couture e streetwear, e a coreografia é sincronizada no padrão impecável típico do K-pop.
Parte desse impacto visual vem da mente de Humberto Leon, ex–Opening Ceremony e ex–Kenzo, hoje diretor criativo do grupo. É ele quem constrói essa identidade híbrida que mistura moda, cultura pop e biografias pessoais, incluindo detalhes como o bindi usado pela Lara ou os looks de arquivo que só quem viveu a moda dos anos 2000 reconhece instantaneamente.
O Pop Star Academy marca uma nova fase da expansão do K-pop: não é mais sobre exportar artistas coreanos, e sim sobre exportar o método. O HYBE 2.0 deixa isso claro: o futuro é a fusão de modelos industriais coreanos com talentos globais, criando grupos que já nascem mirando o mundo inteiro, e não apenas uma cena local.
Katseye é o protótipo perfeito disso. E, pelo visto, funciona: singles virais, EPs aclamados, indicações ao Grammy, turnê lotada e uma base de fãs global que cresceu antes mesmo do debut.

