Depois de sete anos em silêncio, Lily Allen voltou como quem joga o diário inteiro no microfone. Lançado nesta sexta (24), "West End Girl" é o quinto álbum da cantora britânica, e o primeiro desde o fim do casamento com David Harbour, o Hopper de Stranger Things. O resultado? Um dos discos mais pessoais (e explosivos) da carreira dela.
Gravado em apenas dezesseis dias, entre Nova York, Londres e Los Angeles, o projeto nasceu como uma forma de “processar o que estava acontecendo”, segundo Lily contou à Vogue britânica. “Foi incrivelmente emocional e maníaco, mas nada pareceu forçado”, disse. A tradução livre: ela transformou o divórcio em música, e não poupou ninguém.
Casamento em ruínas (faixa a faixa)
A faixa-título abre o álbum e já dá o tom: Lily narra a mudança para Nova York com Harbour e as filhas, e o momento em que tudo começou a desandar, quando ela foi chamada para atuar em "2:22 A Ghost Story", peça que marcou sua estreia no teatro britânico. “Foi aí que o comportamento dele começou a mudar”, canta, antes de um diálogo desconfortável que soa como o início de um relacionamento aberto.
Em "Ruminating", ela perde o sono pensando em “a imagem dela nua em cima de você”, e pergunta: “Você a beijou nos lábios? Olhou nos olhos dela?” A sequência "Nonmonogamummy" confirma: o casamento era aberto, mas com regras, discrição, pagamento e nada de envolvimento emocional.
Em "Tennis" e "Madeline", ela descobre que o marido quebrou o combinado e se envolveu com outra mulher, a tal “Madeline”, e as músicas viram um diálogo entre as duas, num dos momentos mais intensos do disco. “Há quanto tempo isso está acontecendo? É só sexo ou há emoção?”, pergunta Lily.
Exposição
"Pussy Palace" é o ponto alto do exposed. Lily volta ao apartamento dos dois e encontra “fios de cabelo de outras mulheres, brinquedos sexuais e camisinhas” no cômodo que acreditava ser um dojo. “Eu estou olhando pra um viciado em sexo?”, dispara.
A letra ainda sugere que o affair envolvia alguém famosa e que talvez tenha rolado até uma gravidez fora do casamento. Em "Just Enough", ela canta: “Você engravidou alguém? Alguém que não sou eu?”
O fim
O álbum termina com "Fruityloop", uma catarse sobre seguir em frente e manter a sobriedade, algo que Lily vem lutando há seis anos. “Mentir para as crianças e dizer que a separação foi mútua / Eu vou carregar toda a dor”, confessa.
Mas a virada vem logo depois: “Não sou eu, é você / E não tinha nada que eu poderia fazer.”
A volta de Lily
Entre beats eletrônicos, sarcasmo e vulnerabilidade, "West End Girl" é Lily Allen fazendo o que sabe melhor: transformar desastres pessoais em pop honesto, ácido e irresistível.
O álbum West End Girl já está disponível em todas as plataformas digitais.

