Sabrina Carpenter está vivendo seu momento. Depois do estouro de “Espresso” e do hit imediato “Please Please Please”, a ex-estrela da Disney consolidou de vez seu status como nova queridinha do pop e lançou na última semana mais um sucesso, ‘Manchild’.
Mas, como manda a cartilha não escrita da cultura pop — e da internet moralista —, o sucesso feminino costuma vir acompanhado de um preço: julgamentos. E, no caso de Sabrina, o novo motivo de controvérsia atende pelo nome de Man’s Best Friend.
Na capa do álbum, Sabrina aparece com um vestido curto, salto alto e expressão blasé, ajoelhada ao lado de um homem que aparece em pé. A imagem causou comoção imediata nas redes. Para uns, genial. Para outros, “problemática”, “humilhante” ou “desnecessária”.
"É só sobre homens e sexo", disseram. E daí?
As críticas não são novidade. Desde que Sabrina começou a cantar abertamente sobre desejo, frustração e relacionamentos — em músicas como “because i liked a boy” ou “Nonsense” — ela vem sendo acusada de "falar demais sobre homens". Mas parte dos fãs da cantora costumam rebater essas críticas ao falar que essa preocupação não existe para a repetição temática de artistas masculinos que vivem de narrar suas aventuras amorosas e sexuais.
Pop provocador sempre incomodou — principalmente vindo de mulher
A capa do álbum não acontece no vácuo. Ela dialoga com toda uma tradição pop que usa a estética da dominação/submissão como crítica ou provocação. Madonna fez isso nos anos 90. Beyoncé já brincou com isso em "Partition". Até Britney, com o chicote em “I’m a Slave 4 U”, já passeou por esse território.
O problema é que, enquanto essas referências foram aos poucos canonizadas, Sabrina ainda está em sua ascensão — e isso a coloca numa zona especialmente vulnerável. Para uma parte da internet, é como se ela “não tivesse moral” ou “profundidade artística” o suficiente para ousar dessa forma. Mas quem decide isso, afinal?
Há controvérsias
Uma organização escocesa que apoia mulheres e jovens vítimas de violência doméstica, a Glasgow Women’s Aid, se posicionou contra a capa do novo álbum de Sabrina Carpenter.
Em um post nas redes sociais, a entidade foi direta: “A nova capa não é ousada — é retrógrada”. Para eles, mostrar-se de quatro com um homem puxando seu cabelo e chamar isso de “melhor amigo do homem” não é exatamente subversivo, e sim um retorno a velhos clichês que tratam mulheres como objetos, propriedades ou animais de estimação — uma imagem que, segundo eles, alimenta narrativas de violência e controle.
A publicação também criticou o uso do que chamaram de “olhar masculino” e questionou a coerência entre essa estética e o público majoritariamente feminino da cantora: “Sabrina está promovendo estereótipos misóginos. Vamos lá, Sabrina. Você pode — e deveria — fazer melhor.”