logo atlântida

AO VIVO

Música

IT'S A... MAN'S BEST FRIEND WORLD

Sabrina Carpenter provocou de novo — e a internet não está sabendo lidar 

Na capa de Man’s Best Friend, Sabrina aparece ajoelhada ao lado de um homem — e, como previsto, a internet surtou. Mas o que essa reação diz sobre os limites impostos às mulheres que dominam sua própria narrativa no pop? 

13/06/2025 - 19h13min

Atualizada em: 13/06/2025 - 19h42min

Atlântida

Sabrina Carpenter está vivendo seu momento. Depois do estouro de “Espresso” e do hit imediato “Please Please Please”, a ex-estrela da Disney consolidou de vez seu status como nova queridinha do pop e lançou na última semana mais um sucesso, ‘Manchild’.

Mas, como manda a cartilha não escrita da cultura pop — e da internet moralista —, o sucesso feminino costuma vir acompanhado de um preço: julgamentos. E, no caso de Sabrina, o novo motivo de controvérsia atende pelo nome de Man’s Best Friend.

Na capa do álbum, Sabrina aparece com um vestido curto, salto alto e expressão blasé, ajoelhada ao lado de um homem que aparece em pé. A imagem causou comoção imediata nas redes. Para uns, genial. Para outros, “problemática”, “humilhante” ou “desnecessária”. 

"É só sobre homens e sexo", disseram. E daí?

As críticas não são novidade. Desde que Sabrina começou a cantar abertamente sobre desejo, frustração e relacionamentos — em músicas como “because i liked a boy” ou “Nonsense” — ela vem sendo acusada de "falar demais sobre homens". Mas parte dos fãs da cantora costumam rebater essas críticas ao falar que essa preocupação não existe para a repetição temática de artistas masculinos que vivem de narrar suas aventuras amorosas e sexuais. 

Pop provocador sempre incomodou — principalmente vindo de mulher

A capa do álbum não acontece no vácuo. Ela dialoga com toda uma tradição pop que usa a estética da dominação/submissão como crítica ou provocação. Madonna fez isso nos anos 90. Beyoncé já brincou com isso em "Partition". Até Britney, com o chicote em “I’m a Slave 4 U”, já passeou por esse território.

O problema é que, enquanto essas referências foram aos poucos canonizadas, Sabrina ainda está em sua ascensão — e isso a coloca numa zona especialmente vulnerável. Para uma parte da internet, é como se ela “não tivesse moral” ou “profundidade artística” o suficiente para ousar dessa forma. Mas quem decide isso, afinal?

Há controvérsias

Uma organização escocesa que apoia mulheres e jovens vítimas de violência doméstica, a Glasgow Women’s Aid, se posicionou contra a capa do novo álbum de Sabrina Carpenter.

Em um post nas redes sociais, a entidade foi direta: “A nova capa não é ousada — é retrógrada”. Para eles, mostrar-se de quatro com um homem puxando seu cabelo e chamar isso de “melhor amigo do homem” não é exatamente subversivo, e sim um retorno a velhos clichês que tratam mulheres como objetos, propriedades ou animais de estimação — uma imagem que, segundo eles, alimenta narrativas de violência e controle.

A publicação também criticou o uso do que chamaram de “olhar masculino” e questionou a coerência entre essa estética e o público majoritariamente feminino da cantora: “Sabrina está promovendo estereótipos misóginos. Vamos lá, Sabrina. Você pode — e deveria — fazer melhor.”


MAIS SOBRE