Desde sua estreia no final dos anos 2000, Lady Gaga revolucionou o cenário da música pop com sua criatividade sem limites, voz poderosa e estética inovadora.

A Mother Monster está chegando no Brasil e nada melhor do que revistar a vida e carreira dela que é uma das maiores artistas femininas do mundo, não é mesmo?

Alma de artista

O nome de batismo de Lady Gaga é Stefani Joanne Angelina Germanotta e ela nasceu em 28 de março de 1986, em Nova Iorque. Ela é a filha mais velha de Joseph e Cynthia Germanotta, e sua irmã mais nova se chama Natali e é estudante de moda.

Gaga demonstrou aptidão para música desde muito jovem, aprendeu a tocar piano aos 4 anos de idade e, aos 13, escreveu sua primeira música, uma balada tocada no instrumento.

Enquanto estava no ensino médio, Gaga atuou em diversas peças musicais na escola. E, por incentivo da mãe, candidatou-se ao treino de teatro musical na Tisch School of the Arts da Universidade de Nova Iorque (NYU), o  Collaborative Arts Project 21 (CAP21). Ela acabou ganhando uma admissão antecipada, aos 17 anos, e passou a estudar e morar na Universidade.

Em 2001, ela fez uma participação na série "The Sopranos" (1999 - 2007). Apesar do papel de destaque e das críticas positivas, a jovem Gaga não conseguiu outras oportunidades na televisão.

Na NYU, ela estudou música e aprimorou suas habilidades de composição por dois anos, depois optou por abandonar a faculdade para focar na carreira musical.

Início da carreira

Depois que saiu da universidade, Gaga estava determinada a seguir com sua carreira na música. Então, seu pai sugeriu um acordo no qual ele pagaria o seu aluguel por um ano, mas se não desse certo, ela deveria voltar para terminar seus estudos. - Spoiler: ela não voltou!

Até aqui, ela tinha “apenas” muito talento e um sonho, que era conquistar seu lugar na indústria da música. Então, alugou o apartamento mais barato que encontrou em Nova Iorque e foi atrás do que desejava.

Em 2006, aos 19 anos, Gaga assinou seu primeiro contrato com a Def Jam Recordings, mas foi dispensada após apenas três meses. Determinada a seguir em frente, ela formou a banda SGBand (Stefani Germanotta Band) com amigos da universidade e começou a se apresentar no circuito underground de Nova Iorque, especialmente no Lower East Side.

A partir destas apresentações ela começou a conhecer pessoas que conheciam outras pessoas, até que foi apresentada ao produtor musical Rob Fusari – com quem engatou um relacionamento marcado por polêmicas e toxidade.

As suas primeiras músiscas tinham uma pegada bem rockeira – ela sempre deixou claro sua preferência pelo estilo musical. Porém, ela sentia que não expressavam a sua arte da forma que ela imaginava.

Então, decidiram fazer uma mudança de rota e passaram a trabalhar em músicas mais pop. O nome “Stefani” também não a agradava e foi nesse momento que ela optou por escolher um nome artístico para se apresentar. Apesar das controvérsias de como realmente surgiu o nome “Lady Gaga”, a certeza que temos é de foi inspirado na música “Radio Ga Ga”, do Queen.

Em 2007, enquanto produzia suas canções, Gaga começou a trabalhar na Interscope Records. Ela era compositora e escrevia canções para outros artistas na gravadora, incluindo Britney Spears, New Kids on the Block e The Pussycat Dolls. 

Nesse período, ela conheceu o produtor RedOne, com quem passou a produzir em conjunto o seu álbum de estreia.

Enquanto tudo isso acontecia, ela passou a colaborar com a DJ e performer musical Lady Starlight - inclusive, foi ela que ajudou Gaga a criar sua estética na época. Juntas, elas faziam uma apresentação artística que se chamava “Lady Gaga and the Starlight Revue”, que era uma homenagem a artistas dos anos 70.

Elas chegaram até a se apresentar no Lollapalooza, em 2007. Se liga nesse registro:

Enquanto escrevia músicas nos bastidores da Interscope, Gaga soltou a voz e acabou chamando a atenção de ninguém menos que Akon. Ele ficou tão impressionado com o talento dela que foi direto no chefão da gravadora, Jimmy Iovine, e o convenceu a fechar um acordo de união para que ela também fosse contratada na sua própria gravadora como sua artista principal.

E foi assim que Gaga entrou para a Kon Live Distribution, selo do próprio Akon. Em 2008, ela foi de mala e cuia para Los Angeles com o intuito de ficar mais próxima da gravadora para finalizar o seu álbum de estreia “The Fame”.

“The Fame”: a obsessão moderna pela fama

Lançado no dia 19 de agosto, “The Fame” conquistou o público e a crítica logo de cara. O hit “Just Dance” (uma parceria com Colby O'Donis) se tornou o primeiro #1 da carreira de Gaga e “Poker Face”, o segundo.

Segundo a própria artista, “The Fame” não era apenas sobre ser famoso, mas sobre sentir-se famoso.

Com influências de artistas como David Bowie, Queen, Madonna e Michael Jackson — todos conhecidos por sua teatralidade e inovação estética -, as canções são carregadas de referências do eletropop europeu, do synthpop dos anos 1980 e do house, misturando batidas dançantes com letras provocativas.

Como se já não bastasse alcançar o topo das paradas, no ano seguinte, Gaga soltou “The Fame Monster”, a edição deluxe do álbum.

A nova edição chegou para mostrar que a artista não estava para brincadeira e ela emplacou mais hits com “Bad Romance”, “Alejandro” e “Telephone”, a icônica parceria com Beyoncé.

Juntas, as duas edições do álbum de estreia de Lady Gaga acumulam 40 milhões de cópias vendidas. Além do Grammy Awards 2010 de Melhor Álbum de Dance/Eletrônico, Melhor Gravação Dance por “Poker Face” e diversos outros prêmios.

Do pop ao jazz: confira a discografia de Lady Gaga

Depois da sua estreia estrondosa, as expectativas para o segundo álbum de Lady Gaga apenas cresceram. E ela mostrou a que veio.

"Born This Way", lançado em 2011, marcou uma virada da artista para temas mais profundos de identidade, inclusão e empoderamento. Com forte influência de música eletrônica dos anos 80 e rock, Gaga lançou hinos como "Born This Way" e "The Edge of Glory". 

O álbum estreou no topo das paradas e se tornou um símbolo para a comunidade LGBTQIA+, além de render mais indicações ao Grammy.

Já em 2013, Gaga lançou o ARTPOP - que é considerado o seu projeto mais experimental. Com uma abordagem ousada, o álbum misturou arte contemporânea e música eletrônica. "Applause" e "Do What U Want" foram destaques, e apesar das críticas divididas, o álbum demonstrou o compromisso de Gaga com a reinvenção artística. 

O projeto também estabeleceu novas bases para performances visuais extravagantes.

Em 2014, Gaga provou mais uma vez a sua versatilidade vocal para além do pop com um mergulho no jazz clássico com o álbum “Cheek to Cheek”. A colaboração o lendário Tony Bennett traz reinterpretações de Cole Porter e Irving Berlin e venceu o Grammy de Melhor Álbum Vocal Pop Tradicional. 

E a colaboração rendeu mais um fruto: “Love for Sale”, lançado em 2021, que reafirmou sua paixão pelo jazz e foi indicado ao Grammy de Álbum do Ano.

O lançamento seguinte revelou um lado mais intimista e orgânico de Gaga. O álbum "Joanne”, lançado em 2016, é inspirado na história da tia da cantora e mistura country, folk e rock. Com faixas como "Million Reasons" e "Perfect Illusion", Gaga buscou uma conexão mais emocional com o público. 

O álbum foi bem recebido e mostrou seu alcance artístico em novas sonoridades.

Em 2020, “Chromatica” marcou o retorno de Gaga ao dance-pop do início da carreira, mas com letras que abordam saúde mental e superação. Com faixas como "Rain on Me" (em parceria com Ariana Grande) e "Stupid Love", o álbum foi um sucesso comercial e crítico, além de vencer o Grammy de Melhor Performance Pop em Duo/Grupo.

O aguardado “Mayhem”, lançado em março de 2025, traz a nova fase de Gaga, com uma sonoridade pop vibrante e experimental. Singles como "Die With a Smile" e "Disease" já quebraram recordes de streaming, reafirmando a estrela como uma das artistas mais influentes da música contemporânea.

Talento além dos palcos

Se você chegou até aqui, já sabe que Lady Gaga é uma artista completa! Além da carreira bem-sucedida na música, Gaga também construiu uma carreira cinematográfica notável.

Seus trabalhos no cinema e na televisão têm sido aclamados pela crítica, rendendo-lhe prêmios importantes e consolidando-a como uma artista multitalentosa.

Logo na sua estreia, Gaga conquistou um Globo de Ouro de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para TV, pelo seu papel em American Horror Story: Hotel (2015 - 2016).

A estreia de Gaga nas telonas também foi um sucesso com o remake de "Nasce uma Estrela" (2018), ao lado de Bradley Cooper - que também dirigiu o filme. O longa foi um sucesso de crítica e comercial, rendendo dois Oscars: Melhor Canção Original, para "Shallow", e Melhor Atriz para Lady Gaga.

Outro papel de destaque da artista foi ao interpretar Patrizia Reggiani, em "House of Gucci" (2021). Sua atuação intensa e meticulosa rendeu-lhe outra indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama.

Já o último trabalho de Gaga não foi muito bem recebido pela crítica, mas não por culpa dela. 

Em "Coringa: Folie à Deux" (2024), ela interpretou Harley Quinn, porém o longa não foi bem recebido de maneira geral, com muitas críticas negativas quanto ao enredo e uso de recursos musicais que não agradaram aos fãs do vilão.

Outras curiosidades sobre Lady Gaga:

• "Born This Way" foi o single mais rápido a atingir 1 milhão de downloads na história dos EUA na época do lançamento, em 2011.
• Primeira artista feminina a ter quatro singles em primeiro lugar no Reino Unido no século XXI com “Just Dance”, “Poker Face”, “Bad Romance” e “Telephone”.
• Primeira artista a ter três singles vendendo mais de 4 milhões de cópias cada nos EUA: "Just Dance”, “Poker Face” e “Bad Romance”.
• "Born This Way" foi o single mais rápido a atingir 1 milhão de downloads na história dos EUA na época do lançamento, em 2011.
• Primeira mulher a ganhar um Grammy, um Oscar, um BAFTA e um Globo de Ouro no mesmo ano, em 2019, com "Nasce uma Estrela".
• Primeira artista feminina a estrear em primeiro lugar na Billboard 200 em três décadas consecutivas: anos 2000, 2010 e 2020.
• Maior estreia feminina no Spotify em 2020 com o álbum "Chromatica".
• "Bad Romance" foi o vídeo mais assistido no YouTube em 2010.
• A "The Monster Ball Tour" é a turnê feminina de estreia mais lucrativa.
• Quando estava na faculdade, colegas de classe criaram uma página no Facebook que se chamava “Stefani Germanotta, você nunca será famosa”.

Lady Gaga é uma artista completa e versátil. Desde os primeiros acordes de “Just Dance” até sua transformação em Harley Quinn no cinema, ela construiu uma carreira marcada por ousadia, vulnerabilidade e uma dedicação inabalável à expressão autêntica.