O Vaticano divulgou nesta terça-feira (25) um novo decreto aprovado pelo papa Leão XIV que volta a colocar o tema da monogamia no centro do debate religioso e social. O documento reafirma a posição tradicional da Igreja Católica, mas atualiza o discurso ao destacar que a sexualidade tem uma finalidade que vai muito além da procriação.
A Nota Doutrinal, apresentada pelo cardeal Victor Manuel Fernández, explica que a monogamia está “intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade”, ressaltando que o ato sexual não deve ser entendido apenas como meio de gerar filhos, mas como uma experiência afetiva que fortalece o vínculo exclusivo entre duas pessoas. Segundo o texto, a união monogâmica contribui para “a construção de um sentimento de pertencimento mútuo”, reforçando o compromisso e a dignidade de cada indivíduo dentro da relação.
O documento surge em resposta a diálogos recentes com bispos africanos sobre a prática da poligamia, ainda presente em algumas comunidades do continente. Além disso, a Santa Sé aponta preocupação com o crescimento de modelos de relacionamento não monogâmicos no Ocidente — especialmente o chamado “poliamor”, que tem ganhado visibilidade e espaço no debate público.
Para o Vaticano, defender a monogamia significa defender uma visão de sexualidade que parte do reconhecimento integral do outro, e não de um uso instrumental do corpo ou dos afetos. A proposta é reafirmar que o compromisso exclusivo entre duas pessoas é o terreno onde, segundo a Igreja, o amor se desenvolve de forma mais plena, digna e orientada ao encontro profundo entre parceiros.

