
A manhã do dia 19 de outubro de 2025 não foi uma manhã qualquer. O Museu do Louvre, localizado em Paris, foi alvo de um dos roubos mais audaciosos de sua história.
Por volta das 9h30 do último domingo, quatro indivíduos, usando um elevador de cesta montado em um caminhão, acessaram a fachada do museu. Os criminosos entraram direto na Galerie d’Apollon, onde estão expostas as joias da coroa da França. Em menos de sete minutos, quebraram vitrines, recolheram oito peças de valor histórico incalculável e fugiram em scooters antes que o alarme fosse completamente acionado.
O episódio, que tem repercutido em escala mundial, é mais um capítulo de uma longa série de furtos no Louvre. A seguir, relembre outros casos notáveis:
1. O roubo da Mona Lisa
Sim, roubaram a Mona Lisa.
Em 21 de agosto de 1911, o museu amanheceu sem a pintura Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. O responsável foi o funcionário Vincenzo Peruggia, que retirou o quadro da moldura, o escondeu sob o casaco e saiu do Louvre.

O desaparecimento durou mais de dois anos e se tornou um escândalo internacional. A polícia francesa conduziu uma investigação minuciosa e interrogou até Pablo Picasso, que foi suspeito por causa de seu círculo artístico.
O mistério terminou em 1913, quando Peruggia tentou vender a obra a um colecionador em Florença e o comprador avisou as autoridades. A pintura foi recuperada e voltou ao Louvre em janeiro de 1914.
Curiosamente, foi o roubo que transformou a Mona Lisa em ícone global. Antes de 1911, era apenas uma das muitas obras de Da Vinci. Depois do crime e da cobertura da imprensa, virou a pintura mais famosa do mundo.
2. O sumiço das Estatuetas fenícias á mando de Picasso
Entre os casos mais curiosos da história do Louvre está o roubo das chamadas estatuetas ibéricas, ocorrido em 1907. O episódio acabou ligando o nome de Pablo Picasso e do poeta Guillaume Apollinaire a um escândalo artístico.
Segundo um estudo conduzido por Noah Charney, fundador da Association for Research into Crimes against Art (ARCA), o caso veio à tona anos depois, quando a Mona Lisa foi roubada, em 1911. Durante as investigações, a polícia de Paris interrogou Picasso e Apollinaire, que foram inocentados no caso da obra de Leonardo da Vinci, mas revelaram, inadvertidamente, um crime anterior.
Dentro de uma cômoda no ateliê de Picasso, os agentes encontraram cabeças de estátuas ibéricas antigas, furtadas do Louvre em 1907 pelo secretário de Apollinaire, Honoré-Joseph Géry Pieret. O próprio Pieret admitiu ter cometido o roubo “quase certamente” a pedido do artista espanhol.
De acordo com relatos, Pieret, Picasso e Apollinaire jantavam juntos quando o secretário comentou sobre sua admiração pelas esculturas ibéricas e a facilidade de acesso às obras do museu. Para provar o ponto, Pieret decidiu agir: colocou uma das estátuas no casaco e saiu andando com ela. Dias depois, repetiu o feito com um segundo busto.
Picasso teria pago 50 francos pelas peças, que ficaram guardadas em seu estúdio e serviram como inspiração direta para a obra revolucionária Les Demoiselles d’Avignon (1907), pintura que retrata cinco mulheres nuas e inaugurou uma nova era para a arte moderna.

3. O furto das armaduras renascentistas
Entre a noite de 31 de maio e a madrugada de 1º de junho de 1983, duas preciosidades desapareceram do Louvre: um capacete e uma armadura corporal renascentista feitos em Milão, incrustados de ouro e prata.
As peças haviam sido doadas à França em 1922 pela baronesa Salomon de Rothschild. O roubo permaneceu sem solução por quase quatro décadas, até que, em 2021, ambas foram localizadas na Bélgica, intactas, durante uma investigação internacional.
O caso ficou conhecido como um dos maiores mistérios do museu no século XX.

4. O desaparecimento de uma obra de Corot
Em 3 de maio de 1998, o museu estava cheio de visitantes quando um ladrão conseguiu arrombar uma caixa de vidro de proteção contendo telas do pintor paisagista francês Jean‑Baptiste Camille Corot. A obra levada foi Le Chemin de Sèvres pintada em 1858.
O criminoso foi rápido, cortou a tela da moldura e desapareceu. Ao perceber o sumiço, a equipe do museu trancou todas as saídas e revistou os visitantes. Mesmo assim, a obra avaliada em mais de US$ 1 milhão nunca foi recuperada.

5. Os roubos em série da década de 1990
A década de 1990 foi especialmente conturbada para a segurança do Louvre. Em 1994, um quadro de Robert Nanteuil (1623-1678), chamado Retrato de Robert Nanteuil foi roubado, restando apenas a moldura e o vidro de proteção.
Poucos meses depois, uma pintura do século 19 de Turpin de Crissé teve o mesmo destino. O ladrão conseguiu cortá-lo em cinco minutos, antes de caminhando pela porta. Naquele momento, o museu contava com 240 seguranças
Na semana seguinte, outro episódio curioso: uma alabarda do século 17, pesando cerca de 17 quilos, foi arrancada de uma escultura de bronze. Nenhum desses objetos foi encontrado até hoje.
A sequência de furtos forçou o museu a revisar protocolos e investir em tecnologias de vigilância, que, no entanto, parecem ter sido novamente desafiadas em 2025.
A fragilidade por trás da grandiosidade
Mesmo com sistemas modernos, câmeras e seguranças, o Louvre segue sendo um alvo simbólico. Para especialistas, o prestígio do museu e o valor cultural das obras tornam qualquer tentativa de roubo um ato de notoriedade, motivado pelo risco quanto pelo lucro.

