Pesquisa revela que o uso constante do celular pode estar “desligando” nossa capacidade de lembrar das coisas | Atlântida
logo atlântida

AO VIVO

Comportamento

Memória em modo avião

Pesquisa revela que o uso constante do celular pode estar “desligando” nossa capacidade de lembrar das coisas

Estudo mostra como o hábito de checar o celular o tempo todo está alterando a forma como o cérebro lida com foco

28/10/2025 - 15h38min

Você já sentiu que anda esquecendo mais coisas do que antes? A culpa pode estar no seu bolso ou melhor, no seu celular. Um levantamento recente, que revisou 26 estudos internacionais sobre distração digital, apontou que mais da metade (51,95%) dos fatores que interrompem o foco estão ligados ao uso de tecnologias e telas. E o impacto é direto: em 66,67% dos casos, essa distração reduz o desempenho das pessoas em tarefas simples do dia a dia.

A pesquisa sugere que não se trata de falta de capacidade, mas sim de um foco constantemente sequestrado. O cérebro, sobrecarregado de estímulos e notificações, já não consegue diferenciar o que é prioridade e busca recompensas rápidas em vez de concentração sustentada.

Reprodução

Quando o cérebro terceiriza o esforço

O fenômeno, conhecido como “cognitive offloading”, descreve o ato de transferir parte da memória para dispositivos digitais. Em vez de guardar uma informação, o cérebro passa a lembrar apenas de onde encontrá-la, no Google, na nuvem, nas anotações do celular.

Essa terceirização afeta não só a memória, mas também a resistência cognitiva, o quanto conseguimos manter o foco antes de desistir de uma tarefa. De acordo com o estudo, 89% das interações com smartphones ocorrem sem necessidade real, ou seja, pegamos o celular simplesmente por hábito ou tédio. Esse comportamento cria um ciclo viciante de alívio imediato, no qual o cérebro evita qualquer esforço que demande mais do que alguns segundos de atenção.

O foco está encolhendo

Os números impressionam:

  • Crianças hoje conseguem manter a atenção por apenas 29,61 segundos;
  • Jovens adultos, 76,24 segundos;
  • Adultos mais velhos, 67,01 segundos.

Esses dados indicam que a capacidade de foco ininterrupto está diminuindo em todas as faixas etárias, transformando a forma como aprendemos, trabalhamos e até como nos relacionamos.



MAIS SOBRE