O artista italiano Salvatore Garau voltou a ser assunto nas redes sociais e no circuito artístico internacional após vender uma escultura invisível por nada menos que R$ 87 mil.
Batizada de “Io Sono” (“Eu Sou”), a obra não possui forma, cor nem material físico ela ocupa apenas um espaço vazio de 1,5 por 1,5 metro, definido pelo artista como o “local exato” onde a peça deve ser “exibida”.
Apesar de não existir no sentido tradicional, o comprador recebeu um certificado de autenticidade detalhado, confirmando a aquisição de uma escultura feita de ar e espírito.
A obra existe na mente de quem a cria. O nada também é arte
DEFENDE GARAU
Um convite à reflexão
De acordo com o artista, a proposta da escultura é provocar percepção, reflexão e incômodo, sentimentos que, para ele, são suficientes para que a arte cumpra seu papel.
O certificado descreve a peça como:
Escultura imaterial para ser colocada em um espaço livre de qualquer obstáculo. Dimensões variáveis, aproximadamente 200 x 200 cm. Acompanhada de certificado de autenticidade emitido pelo artista. Obra registrada sob o número IM5. Procedência: coleção particular, Milão. Estimativa: 12 mil a 16 mil euros.
Com essa venda, Garau reforça sua defesa da arte conceitual, onde a ideia vale mais do que a matéria. Segundo ele, “mesmo o vazio tem peso, forma e presença se o observador estiver disposto a enxergar”.
Esta não é a primeira vez que Garau desafia as fronteiras entre o visível e o intangível. Em 2021, o artista já havia apresentado outras esculturas imateriais em galerias europeias, sempre com o mesmo propósito: fazer o público questionar o que realmente define uma obra de arte.
Enquanto alguns críticos elogiam a ousadia e o simbolismo do trabalho, outros ironizam o conceito e o preço, levantando um velho debate: até onde vai o valor da arte contemporânea?


