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Você conhece o termo 'Brain Rot'? saiba como o consumo digital está 'apodrecendo' seu cerébro

A expressão foi escolhida como a Palavra Oxford do Ano 2024

24/01/2025 - 13h42min

Atlântida
Foto: Divulgação

Eleita como a Palavra Oxford do Ano 2024 com mais de 37 mil votos, "brain rot" (apodrecimento cerebral, em tradução livre) ganhou destaque global ao tratar dos efeitos negativos do consumo excessivo de conteúdo digital. O termo traduz o esgotamento mental causado pela tecnologia e pelas redes sociais, um fenômeno que atinge todas as faixas etárias.

Embora "brain rot" não seja um diagnóstico oficial reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), especialistas afirmam que ele simboliza um problema real e crescente na sociedade contemporânea.

A ciência por trás do termo

De acordo com o neurologista Ivar Brandi, "brain rot" descreve um estado de exaustão cognitiva associado ao consumo passivo e não-crítico de conteúdos superficiais. Esses conteúdos, geralmente projetados para gerar engajamento imediato, não estimulam a reflexão, o aprendizado ou o desenvolvimento de habilidades cognitivas.

Entre os principais sintomas associados ao "brain rot" estão:

  • Redução da capacidade de concentração;
  • Diminuição da atenção sustentada;
  • Aumento do risco de ansiedade e depressão;
  • Fadiga mental e emocional;
  • Desregulação emocional e episódios de irritabilidade;
  • Baixa autoestima e redução do pensamento crítico.

As mudanças na capacidade cognitiva

Um estudo publicado na revista Neuron revelou que a velocidade de processamento de informações pelo cérebro humano diminuiu significativamente nas últimas décadas. Nos anos 1990, a capacidade era de 32 bits por segundo, enquanto hoje processamos apenas 10 bits por segundo. Segundo a psicóloga Marcelle Alfinito, esses dados reforçam a necessidade de práticas que protejam a saúde mental frente à sobrecarga digital.

Além de "brain rot", expressões como "FOMO" (medo de ficar por fora) e "brain fog" (névoa mental) têm se popularizado, especialmente após a pandemia. Esses termos apontam para os impactos do uso excessivo de dispositivos digitais, que alteram temporariamente as funções cognitivas e emocionais.

O neurologista Brandi destaca que, apesar do nome alarmante, "brain rot" não representa um "apodrecimento" literal do cérebro, mas uma alteração reversível causada pela exposição prolongada a conteúdos digitais.

Como prevenir o "Brain Rot"

Especialistas recomendam a adoção de práticas analógicas e de autocuidado para equilibrar o impacto das telas no cotidiano. Algumas dicas incluem:

  • Desconexão programada: Estabeleça horários livres de telas, especialmente antes de dormir;
  • Atividades analógicas: Invista em hobbies como jardinagem, esportes, artesanato ou leitura;
  • Exercício físico: Pratique regularmente para melhorar o bem-estar mental e físico;
  • Sono de qualidade: Priorize uma rotina de descanso adequada;
  • Gerenciamento emocional: Terapias e grupos de apoio podem ajudar a lidar com a sobrecarga digital.

Para quem trabalha com tecnologia, é ainda mais importante criar pausas regulares durante o dia, limitar o uso de redes sociais com ferramentas de controle e agendar momentos off-line.

Um alerta para todas as gerações

Embora adolescentes sejam frequentemente associados ao uso excessivo de redes sociais, os idosos também estão vulneráveis, seja pelo consumo de jogos online, seja pela exposição a fake news. Segundo Brandi, "Todos nós precisamos aprender a utilizar as ferramentas digitais."

Ao contrário da socialização virtual, o contato humano presencial proporciona interações mais ricas e significativas. Brandi reforça a importância de práticas como yoga, tai chi chuan e meditação para restaurar o equilíbrio emocional e mental. Atividades que promovem a consciência corporal e o relaxamento ajudam a reduzir os impactos do uso excessivo de tecnologia.

Marcelle Alfinito conclui que essas pequenas mudanças na rotina podem fazer uma grande diferença a longo prazo.



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