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"Parassocial" e “rage bait”: as palavras do ano de 2025 

Em um ano marcado por vínculos imaginários e indignação viralizada, dicionários revelam como a internet moldou nosso vocabulário 

09/12/2025 - 15h49min

Todo fim de ano tem seu ritual: retrospectivas, listas, rankings e, claro, as palavras que buscam representar o ano. Em 2025, não é exagero dizer que os dicionários acabaram oferecendo um retrato emocional da internet (e talvez de nós mesmos).

Palavra do ano de Cambridge 

O Cambridge Dictionary abriu a temporada proclamando “parassocial” como palavra do ano. O termo, antes restrito a artigos acadêmicos e discussões de psicologia, virou popular nos últimos meses.

A ascensão foi impulsionada por dois fenômenos simultâneos:

  1. Assistentes virtuais customizados, capazes de assumir personas, sotaques e até estilos afetivos;
  2. Celebridades e influenciadores, cada vez mais íntimos (ou performando intimidade) com milhões de seguidores nas redes.

Em definição, "Parassocial" descreve a conexão emocional unilateral que uma pessoa sente por figuras distantes como celebridades, influenciadores, personagens fictícios ou até IAs, sem que haja reciprocidade real.

A fagulha definitiva veio em agosto, quando o noivado de Taylor Swift e Travis Kelce fez explodir as buscas por “parassocial”. O planeta estava tentando entender por que tantos fãs reagiam ao anúncio como se fosse a prima anunciando casamento no grupo da família.

O Cambridge, percebendo o tsunami, correu para atualizar a definição: agora inclui relações com inteligências artificiais. Em outras palavras, 2025 é o ano em que bots entraram oficialmente para as nossas rotinas.

Palavra do ano de Oxford 

Do outro lado, o Oxford University Press seguiu outro caminho e escolheu “rage bait”, a isca de raiva, como seu termo do ano. Não tem nada de romântico aqui, é sobre conteúdos feitos para irritar você e todo mundo, porque indignação rende comentários, e comentários rendem engajamento, e engajamento gera dinheiro.

O uso do termo triplicou no ano, acompanhado de uma percepção incômoda: as plataformas deixaram de competir por atenção e passaram a disputar reações emocionais. Quanto mais engajado, com publico gostando ou não, melhor.

É sintomático que a Oxford tenha escolhido uma expressão que reconhece a mecânica da manipulação emocional online. Depois de anos culpando o “vício em rolagem infinita”, agora o debate é sobre como conteúdos que nos deixam furiosos estão dominando o feed e o humor do coletivo.

Um trio de termos

O mais curioso é como as escolhas dos dicionários dialogam entre si:

  • Parassocial mostra como buscamos vínculos, mesmo que unilaterais ou  imaginários;
  • Rage bait fala sobre como somos manipulados pelas emoções, sobretudo as negativas;
  • Vibe coding, escolhido pelo dicionário Collins, fecha o triângulo, criar aplicativos pedindo para uma IA “captar a vibe” é quase uma metáfora da relação humana com a tecnologia.

Se 2024 já havia trazido “brain rot” como alerta sobre o cansaço mental das redes, 2025 parece completar um ciclo, tudo gira em torno de como lidamos com a tecnologia.


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