Talvez você já tenha visto alguém com uma cabeça de lobo azul vibrante, uma roupa de raposa estilizada ou até uma fantasia completa de tigre, dançando em convenções, fazendo vídeos no TikTok ou aparecendo em reportagens. Essas pessoas fazem parte do universo dos furries, uma comunidade que gira em torno de animais antropomórficos (aqueles com traços humanos, tipo o Mickey, o Pernalonga ou o Simba com expressões humanas).
Apesar das fantasias chamativas, o movimento Furry vai muito além disso. E nos últimos anos, essa cultura deixou de ser underground e começou a atrair crianças e adolescentes. Mas será que isso é só uma fase divertida ou tem pontos de atenção? A ATL te explica.

O que é Furry?
Os furries são fãs de personagens animais que têm características humanas, como andar em duas patas, falar, ter sentimentos, usar roupas, etc.
Mas mais do que apenas curtir desenhos animados, muitos membros da comunidade criam um personagem próprio chamado de fursona. Essa "persona animal" funciona como uma espécie de alter ego: uma versão de si mesmo em forma de animal.
Pode ser uma raposa tímida, um dragão sábio, um lobo misterioso, tudo é possível.
As pessoas expressam sua fursona de várias formas:
- Criando arte digital ou tradicional;
- Participando de fóruns e redes sociais;
- Produzindo HQs e histórias;
- Usando fantasias e acessórios (os famosos fursuits);
- Indo a eventos e convenções temáticas.
A comunidade também é conhecida por ser acolhedora e criativa, permitindo que as pessoas explorem identidade, estilo e personalidade fora dos padrões do “mundo real”.
Por que crianças estão entrando nesse universo?
Com a popularização dos vídeos de furries nas redes sociais, especialmente no TikTok, YouTube e Discord, muitas crianças passaram a se interessar pelo visual colorido e divertido dessas fantasias. E é fácil entender o apelo: bichos fofos, liberdade para criar personagens, comunidades que acolhem, e a sensação de fazer parte de algo.
E isso pode ser problemático?
Não necessariamente. Muitas crianças veem os furries como uma brincadeira de faz de conta — algo semelhante a gostar de super-heróis ou jogar RPG. Porém, é importante que pais e responsáveis saibam onde elas estão entrando.
Algumas razões para atenção:
- Ambientes online com pouca moderação podem expor crianças a conteúdos adultos ou não apropriados;
- O universo Furry é majoritariamente composto por jovens adultos, o que pode gerar conflitos de maturidade;
- Algumas crianças podem começar a confundir identidade pessoal com a fantasia, especialmente se estiverem em busca de pertencimento emocional.
Ou seja: o problema não é a fantasia em si, mas o ambiente onde essa fantasia está inserida. Com orientação e limites, pode ser só uma fase criativa e saudável, como se fantasiar de princesa ou astronauta.
E os Therians, o que são?
Dentro desse mesmo “universo animal”, existe um grupo diferente chamado de Therians (ou Therianthropes). Ao contrário dos Furries, que criam personagens e se expressam através da arte e da fantasia, os Therians se identificam internamente como animais.
Eles acreditam, por razões psicológicas ou espirituais, que têm uma conexão profunda com um animal específico, como se uma parte de si fosse não humana. Essa identidade pode se manifestar em sensações físicas, sonhos, comportamentos ou emoções ligadas ao animal.
Importante: não é brincadeira, nem cosplay. Therians geralmente não usam fantasias, e vivem isso de forma mais discreta e pessoal.
Quais são as diferenças?
Apesar de parecerem semelhantes, Furries e Therians têm motivações diferentes. Se liga nessa tabela que a ATL preparou para tu entender melhor:

O universo Furry é uma mistura de arte, imaginação e identidade. Para muitos, é um hobby, um espaço seguro de expressão criativa. Para outros, é parte importante de quem são. E entre os que vão além, surgem os Therians com uma ligação mais profunda com o mundo animal.
Com a internet encurtando distâncias, esses movimentos chegam mais próximos do que você imagina. Mas com diálogo, informação e presença, esse mundo pode ser apenas mais uma maneira de descobrir quem somos.