O mundo da moda se despede de uma de suas maiores lendas: Giorgio Armani morreu nesta quinta-feira (4), aos 91 anos, em Milão. O estilista italiano não foi apenas um nome de peso nas passarelas, ele mudou a forma como homens e mulheres se vestem, transformou o cinema e construiu um império que vai muito além das roupas.
Nascido em Piacenza, no norte da Itália, em 1934, Armani parecia ter outro destino: chegou a estudar Medicina e trabalhar em um hospital militar durante o serviço no Exército. Mas foi em Milão, como vitrinista e comprador da La Rinascente, que encontrou seu caminho. Só aos 41 anos decidiu lançar sua própria marca, ao lado do parceiro Sergio Galeotti, um “começo tardio” para os padrões fashion, mas que mudaria tudo.
Do hospital à reinvenção da alfaiataria
Nos anos 70, Giorgio Armani apareceu com uma proposta ousada: desconstruir o terno. Adeus enchimentos e forros pesados, olá tecidos leves, caimento natural e um blazer que finalmente respeitava o corpo. O resultado? Uma revolução estética que redefiniu a alfaiataria masculina e, logo depois, a feminina.
A fama explodiu em 1980, quando Richard Gere vestiu Armani em Gigolô Americano. O filme não só lançou Gere ao estrelato, como também cravou o nome do italiano em Hollywood. A partir daí, Armani assinaria figurinos de mais de 250 produções, incluindo Os Intocáveis e Os Bons Companheiros.

Muito além da moda
Armani era sinônimo de minimalismo, sofisticação e poder. Mas ele nunca se limitou às passarelas. Criou perfumes icônicos, como o eterno Acqua Di Giò, abriu hotéis, cafés, restaurantes e até expandiu para o design de interiores com a Armani/Casa. Em 1982, foi o primeiro estilista desde Christian Dior a estampar a capa da Time.
Reservado e avesso aos holofotes fora do trabalho, o “Signore Armani”, como era chamado, preferia navegar em seu barco ou curtir a família e amigos próximos. Sem herdeiros diretos, deixou em aberto quem assumirá o comando do império, mas já havia apontado seu braço-direito, Leo Dell’Orco, como sucessor natural.

Último adeus
Até os últimos dias, Giorgio Armani seguia envolvido com desfiles, coleções e projetos, sempre defendendo a moda como atemporal e contra a lógica descartável do fast fashion. “A chave é criar roupas que resistam ao tempo”, disse certa vez.
O velório deve acontecer em Milão, cidade que foi o palco principal de sua carreira. Personalidades do mundo inteiro já usam as redes para se despedir do mestre da elegância.
A família anunciou que o velório acontecerá do sábado (6) e domingo (7), na Via Bergognone, no interior do Armani Teatro. A organização foi feita de acordo com pedidos do estilista e não será aberta ao público.
Relembre looks icônicos de Giorgio Armani
Do terno desconstruído que virou uniforme da nova elite dos anos 80 ao glamour da alta-costura da Armani Privé, o estilista moldou gerações. Vestiu estrelas como Julia Roberts, Cate Blanchett, Beyoncé, Lady Gaga e Michelle Pfeiffer, sempre com a mistura certeira de sobriedade e impacto.
Julia Roberts no Oscar e Globo de Ouro 1990
Quando levou a estatueta por Uma Linda Mulher, Roberts estava de Armani.

Lady Gaga no Globo de Ouro 2010
Gaga apareceu em um vestido estruturado futurista da Armani Privé, provando que a grife também sabia flertar com o excêntrico sem perder a elegância.

Cate Blanchett em Veneza 2018
A atriz apostou em um longo preto da Armani Privé que entrou para a lista dos vestidos mais memoráveis da história do festival.

Richard Gere em Gigolô Americano
Talvez o look mais histórico de todos: os ternos impecáveis usados por Gere redefiniram o estilo masculino dos anos 80 e consolidaram Armani em Hollywood.

Nicole Kidman no Oscar 2018
O vestido azul-royal de cauda dramática e laço gigante nas costas virou um dos momentos mais fotografados da carreira recente de Armani Privé.

Cate Blanchett no Oscar 2014
Vestidos de baile translúcidos, transparentes o suficiente para parecerem um só corpo, foram o tema principal da coleção primavera/verão 2014 da Armani Privé.

Rihanna no Grammy 2017
Esse é um look de muitos detalhes, desde os strass inseridos no top laranja até a saia volumosa com babados, feita de organza de seda preta.

Hunter Schafer em Cannes 2024
O vestido Privé personalizado de Hunter Schafer no Festival de Cinema de Cannes de 2024 reuniu diferentes elementos da coleção primavera/verão daquele ano, de seda metálica a saias longas que se fecham na cintura.

Zendaya no Oscar 2024
Nossa fashionista favorita não poderia ficar de fora. Também da coleção 2024, o vestido traz o preto e o rosa flamingo, cores chave da coleção, enquanto as palmeiras metálicas bordadas serviram como uma referência sutil às abundantes palmeiras de Los Angeles.

Demi Moore no Globo de Ouro 2025
Quando Demi Moore ganhou um Globo de Ouro por sua atuação em A Substância, ela escolheu um vestido Privé perolado e escultural, sem alças. No tapete vermelho, Moore disse aos repórteres que o corpete, que parecia aberto ao meio, era uma referência literal à dupla natureza de sua personagem no filme.
