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Rock Gaúcho: A trajetória sonora que marcou gerações e segue viva

Do underground à cena nacional, o rock feito no Rio Grande do Sul passou por diferentes fases desde os anos 70, influenciando gerações e construindo uma identidade musical própria.

19/05/2025 - 19h36min

Atlântida

"AMIGO PUNK, ESCUTE ESTE MEU DESABAFO..." Se você é gaúcho, deve conhecer estes versos - e, ao menos uma vez na vida, cantou-os à plenos pulmões. Assim como o Movimento Tradicionalista Gaúcho, o rock gaúcho é considerado um estilo de vida pelos seguidores desde o seu surgimento na década de 1960.

Antes do surgimento do rock nos EUA no final dos anos 1950, a cena musical gaúcha contava com um circuito de bailes e “reuniões dançantes” comandados, basicamente, por orquestras e conjuntos melódicos.

Mas com a explosão dos Beatles, Rolling Stones e outras grandes bandas - principalmente britânicos -, músicos do Sul encontraram uma oportunidade para desenvolver um novo estilo de som. Assim, surgiram bandas como Apalache – que é considerada a primeira banda de rock do RS -, Os Brasas, Aplhagroup, Conjunto Caravelle, entre outros.

Anos 70 e o início do rock gaúcho

Nos anos 1970, o rock gaúcho ainda era uma cena subterrânea, influenciada por nomes como Mutantes, Secos & Molhados e o rock britânico. Neste período, as bandas passaram a compor suas próprias canções e bandas como Bixo da Seda (antiga Liverpool) misturavam rock progressivo e psicodelia, ganhando destaque como pioneiras no cenário local.

Porém, os contratantes dos eventos queriam um repertório “de sucesso” apenas com covers e sucessos pop. O fortalecimento da cena local aconteceu quando se criou a cultura, que persiste até hoje, de bandas menores serem os atos de aberturas de grupos maiores.

Rock gaúcho nos anos 80

A década de 80 é considerada a era de ouro do rock gaúcho. Nesta época, nomes como Engenheiros do Hawaii, Os Replicantes, DeFalla, TNT, Garotos da Rua e Nenhum de Nós levaram o som feito no Sul às rádios e palcos do Brasil inteiro. 

O álbum "Rock Grande do Sul", lançado pela RCA em 1985, reuniu essas bandas em uma coletânea histórica que ajudou a projetar a cena gaúcha nacionalmente.

Foi nesse período também que a Rádio Atlântida passou a ter foco no público jovem e essas bandas emplacaram diversos sucessos no FM.

Anos 90: novas linguagens, mesma atitude

Nos anos 90, o cenário se diversificou com influências de punk, hardcore e pop rock. Bandas como Bidê ou Balde, Júpiter Maçã (ex-Cascavelletes) e Tequila Baby trouxeram novas sonoridades e estéticas, mantendo a tradição de letras provocativas e criativas. Nessa época, o rock gaúcho já tinha consolidado uma identidade própria — urbana, literária e irônica.

Anos 2000: rock gaúcho ainda existe?

Quem pensa que o rock gaúcho morreu, está enganado. Assim como tudo, o rock gaúcho se reinventou e continua pulsando com uma nova geração de artistas que misturam gêneros e plataformas. 

Bandas como Catavento e Fresno (formado nos anos 90, mas com grande explosão nos anos 2000) representam a diversidade atual do som feito no sul.

Com a chegada da internet e dos selos independentes, artistas e bandas ganharam autonomia. O rock gaúcho se reinventou com nomes como Apanhador Só, Cachorro Grande, Identidade e Pata de Elefante, que circularam por festivais nacionais e conquistaram público fiel.

Apesar das mudanças no mercado e da concorrência com outros estilos, o espírito inquieto do rock gaúcho segue vivo — em letras que dizem o que pensam, em guitarras distorcidas e no compromisso de fazer música com identidade.


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