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Fadiga social: quando até interagir cansa

A exaustão de estar sempre disponível, online e offline, está nos fazendo repensar o que significa socializar

08/07/2025 - 15h52min

Laura Copelli
Laura Copelli
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Sabe aquela vontade de sumir depois de uma semana cheia de reuniões, encontros, mensagens não respondidas e rolês em que você nem queria estar? Você pode estar vivendo uma das epidemias silenciosas da era digital: a fadiga social.

Sim, estar cansado de gente é real, e não é só drama. É cansaço mental, emocional e até físico de "estar demais com os outros", seja presencialmente ou nas redes. E nessa fase em que o feed não para e tudo é “compartilhável”, não sobra espaço nem pra respirar.

E isso não é exclusividade de quem é introvertido e naturalmente já não curte tanto contato com os outros. Aquela sensação de peso nos ombros pós falar muito, ficar horas tendo que sorrir e ser simpático ou simplesmente estar num ambiente, chega para todo mundo. 

O que é fadiga social (e por que está todo mundo sentindo)?

Fadiga social é o esgotamento provocado por interações intensas, repetitivas ou desgastantes. E não estamos falando só de quem é mais introvertido, não. Mesmo quem adora um evento ou está sempre no grupo que anima o happy hour pode se ver exausto depois de um tempo. 

Isso porque o nosso cérebro tem limite. E ele não foi feito pra lidar com notificações infinitas, mensagens em tempo real, expectativas sociais 24/7 e cobrança por presença constante.

A psiquiatra Saundra Dalton-Smith, autora do livro Sacred Rest (em tradução livre: Descanso Sagrado), coloca a fadiga social entre os sete tipos de cansaço modernos. É aquele desgaste que vem do excesso de convivência, do esvaziamento emocional em relações superficiais e da falta de pausas reais.

O digital virou parte do problema

Na era da hiperconexão, a gente não precisa mais sair de casa pra se sentir esgotado. Basta abrir o celular.

O scroll infinito, os grupos de WhatsApp que nunca silenciam, as DMs acumuladas no Instagram, os convites do LinkedIn, as trends do TikTok, os comentários que exigem resposta, os áudios que cobram posicionamento. Estamos vivendo um tipo de fadiga social 2.0, onde o peso das interações digitais virou parte central do problema.

E isso não afeta só a mente. Fadiga digital também compromete o corpo: olhos irritados, dores de cabeça, dificuldade para dormir e até ansiedade associada ao uso do celular. A lógica de “precisar estar online” virou uma prisão invisível, e silenciosamente esgotante.

Reprodução

O fim da era do engajamento?

Por trás da queda de likes e do sumiço de criadores de conteúdo, tem um fenômeno cada vez mais comum: as pessoas estão cansadas de performar. Cansadas de fingir animação em stories, de curtir por obrigação, de responder tudo imediatamente.

A verdade é que a era do engajamento entrou em crise porque ninguém aguenta mais fingir que está bem o tempo todo. 

Sintomas que mostram que a fadiga social chegou aí

  • Cansaço extremo depois de eventos sociais
  • Dificuldade de concentração
  • Irritação com pequenas interações
  • Necessidade urgente de ficar sozinho
  • Dor de cabeça, insônia ou tensão no corpo
  • Vontade de silenciar tudo e todos 

Como se recuperar da fadiga social

1. Dê um tempo de tudo

Desconectar do mundo digital também é autocuidado. Saia do Instagram por uns dias, desative notificações. Volte só quando fizer sentido.

2. Escolha onde vale sua energia

Nem toda interação precisa acontecer. Aprender a dizer "não" e priorizar vínculos reais é essencial, melhor um café sincero do que 50 mensagens no WhatsApp.

3. Recarregue com propósito

Leia um livro, faça uma caminhada, desenhe, ou só não faça nada. O descanso emocional é tão importante quanto o físico.

4. Cuide do corpo pra cuidar da mente

Sono, comida de verdade, respiração e movimento. O básico funciona, mesmo quando a cabeça tá sobrecarregada.

5. Reduza a exposição às telas

Evite o uso do celular nas primeiras e últimas horas do dia. Tente momentos 100% off: sem multitarefas, sem segunda tela, sem feed aberto o tempo todo.

6. Busque ajuda se precisar

Se a exaustão virar rotina e você não conseguir sair dela, um psicólogo pode ajudar a organizar o caos.

No fim das contas, a gente não precisa estar disponível o tempo todo. O excesso de conexão não é sinônimo de conexão profunda, e socializar só vale a pena quando não custa a nossa saúde mental.



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