
Poucas séries no mundo conseguiram o que Round 6 fez em três temporadas.
A produção sul-coreana da Netflix, que estreou em 2021 como uma espécie de crítica distópica sobre desigualdade social, chegou ao fim em junho de 2025 com um feito impressionante: alcançou o primeiro lugar em audiência em 93 países ao mesmo tempo, um recorde absoluto da plataforma.
Mas nem tudo são flores: a terceira e última temporada também foi alvo de críticas pesadas de parte do público, que apontou ritmo desigual, decisões controversas no roteiro e até a participação considerada "forçada" de uma estrela de Hollywood no episódio final.
Ainda assim, Round 6 encerra sua história com força, entregando um desfecho simbólico, doloroso e – surpreendentemente – esperançoso.
Mais brutal, menos eufórica
A temporada final retrata a segunda metade dos jogos e, como esperado, não poupa sangue. Com menos tempo para respirar e mais eliminações por episódio, a série mergulha na selvageria dos participantes e aprofunda ainda mais a crítica à desumanização provocada por sistemas de poder e dinheiro.
O criador Hwang Dong-hyuk não esconde: Round 6 nunca foi sobre o jogo em si, mas sobre o que o jogo revela da nossa própria sociedade.
Por isso, por mais que a violência aumente, há um cuidado narrativo evidente para não transformar tudo em um espetáculo vazio. Hwang se esforça para manter o foco na escolha moral: ser cruel ou ser solidário? Esse dilema é o fio condutor da temporada – e, talvez, da série como um todo.
O protagonista muda. E a série muda com ele.
No centro de tudo está novamente Seong Gi-hun, interpretado por Lee Jung-jae.
Se na primeira temporada ele era apenas mais um desesperado em busca de dinheiro, agora ele é um homem marcado por perdas e traumas, tentando fazer algo certo dentro de um sistema podre.
Seu duelo emocional com o Front Man (Lee Byung-hun) ganha contornos filosóficos, questionando o que ainda resta da humanidade quando regras são abolidas e tudo vira competição.
A transformação de Gi-hun, que troca o egoísmo do passado por atitudes altruístas, mostra que a solidariedade – mesmo quando falha – é uma forma de resistência.
O maior jogo do mundo
Apesar de críticas legítimas sobre ritmo e exageros narrativos, Round 6 não perde seu impacto visual.
Os cenários continuam grandiosos, a fotografia é de primeira, e a atmosfera de opressão segue sufocante. A série brinca o tempo todo com a fronteira entre entretenimento e tortura, entre espetáculo e reflexão.
A mensagem final? Em um mundo que força a competição extrema, sobrevive quem coopera. E essa talvez seja a lição mais poderosa deixada por Round 6 – especialmente em tempos tão divididos.
Spin-off a caminho?
Com mais de 60 milhões de visualizações na primeira semana da 3ª temporada e quase 370 milhões de horas assistidas, os números não deixam dúvida: Round 6 é um fenômeno cultural. A crítica pode até torcer o nariz, mas o público continua engajado.
Há rumores de que a Netflix já prepara um spin-off da franquia com envolvimento do diretor David Fincher, ambientado nos Estados Unidos.
Se isso se confirmar, o universo criado por Hwang Dong-hyuk ainda tem muita munição para explorar novas formas de contar o mesmo recado: a brutalidade do mundo pode até nos dividir, mas a empatia é a única coisa que ainda nos une.