
Nascida em uma das famílias mais influentes da música brasileira, Preta Gil estreou na cena musical em 2003 com o disco Prêt-à-Porter.
O álbum foi revolucionário para a época – tanto pelas músicas quanto pela capa, na qual aparecia nua, desafiando padrões estéticos e enfrentando, de frente, a gordofobia, o racismo e a homofobia.
Ela não recuava. “Na época, não se dava nome. Mas era gordofobia, homofobia e racismo”, disse Preta.
Mais do que cantora, Preta foi apresentadora, empresária, atriz e figura pública de enorme influência.
Sua arte sempre caminhou ao lado da militância: era abertamente bissexual, feminista, defensora dos direitos LGBTQIAPN+ e do combate às opressões que atravessam corpos marginalizados no Brasil.
Momentos marcantes da carreira e da vida
2003 – Estreia com impacto
O disco Prêt-à-Porter foi um divisor de águas, tanto musical quanto social. Preta se colocava no mundo sem filtros.
Defesa das causas sociais
Sempre engajada, tornou-se uma das vozes mais firmes contra a gordofobia, a LGBTfobia e o racismo.
“A mulher não volta mais para a cozinha, o gay não volta mais para o armário e a gorda não volta mais para a clínica de estética”, declarou em 2020.
Relações familiares e parcerias:
Filha de Gilberto Gil e mãe de Francisco Gil, dividiu momentos únicos com sua família na música, como a última apresentação ao lado do pai, em abril de 2025, no Allianz Parque.
Veja o vídeo:
Força na dor
Em 2023, foi diagnosticada com câncer colorretal.
Desde então, compartilhou publicamente o processo de tratamento, falando abertamente sobre quimioterapia, cirurgias, internações e o uso de bolsa de colostomia.
Quis tirar o estigma da doença e inspirar outras pessoas a buscar tratamento e acolhimento.
Última batalha
Mesmo enfrentando dores e limitações, buscou tratamentos experimentais nos EUA.
Sua luta, sempre pública, serviu de alerta e acolhimento para milhares de seguidores e pacientes oncológicos no país.
Muito além da artista: o legado que fica
Preta Gil nunca aceitou o papel que o sistema queria impor. Foi mãe jovem, mulher negra, bissexual, gorda e bem-sucedida – e não se envergonhava de nenhuma dessas identidades.
Ao contrário, fez delas bandeiras. Seu corpo era político, sua voz era potente, sua trajetória foi de enfrentamento e ternura.
Mesmo em seus momentos mais frágeis, não se escondeu. Transformou a dor em luta.
Transformou a exposição em acolhimento. E com isso, transformou vidas.
Preta Gil nos deixa, mas sua luz não se apaga.
Ela será lembrada como uma artista corajosa, uma mulher que se recusou a caber em moldes e que, até o fim, escolheu viver e cantar do seu jeito.