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Voz potente, coragem imensa!

Preta Gil: uma vida de luta, arte e amor

A música brasileira perdeu uma de suas vozes mais autênticas. Preta Gil faleceu neste domingo (20), aos 50 anos, deixando um legado de coragem, arte e ativismo.

21/07/2025 - 11h53min

Atlântida
Igor Krolow
Igor Krolow
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Reprodução/Internet
Filha de Gilberto Gil, Preta foi muito além do sobrenome: feminista, bissexual, artista plural e símbolo de resistência – sua história é feita de música, militância e superação.

Nascida em uma das famílias mais influentes da música brasileira, Preta Gil estreou na cena musical em 2003 com o disco Prêt-à-Porter

O álbum foi revolucionário para a época – tanto pelas músicas quanto pela capa, na qual aparecia nua, desafiando padrões estéticos e enfrentando, de frente, a gordofobia, o racismo e a homofobia. 

Ela não recuava. “Na época, não se dava nome. Mas era gordofobia, homofobia e racismo”, disse Preta.

Mais do que cantora, Preta foi apresentadora, empresária, atriz e figura pública de enorme influência. 

Sua arte sempre caminhou ao lado da militância: era abertamente bissexual, feminista, defensora dos direitos LGBTQIAPN+ e do combate às opressões que atravessam corpos marginalizados no Brasil.

Momentos marcantes da carreira e da vida

2003 – Estreia com impacto

O disco Prêt-à-Porter foi um divisor de águas, tanto musical quanto social. Preta se colocava no mundo sem filtros.

Defesa das causas sociais

Sempre engajada, tornou-se uma das vozes mais firmes contra a gordofobia, a LGBTfobia e o racismo.

 “A mulher não volta mais para a cozinha, o gay não volta mais para o armário e a gorda não volta mais para a clínica de estética”, declarou em 2020.

Relações familiares e parcerias:

Filha de Gilberto Gil e mãe de Francisco Gil, dividiu momentos únicos com sua família na música, como a última apresentação ao lado do pai, em abril de 2025, no Allianz Parque.

Veja o vídeo:

Força na dor

Em 2023, foi diagnosticada com câncer colorretal. 

Desde então, compartilhou publicamente o processo de tratamento, falando abertamente sobre quimioterapia, cirurgias, internações e o uso de bolsa de colostomia. 

Quis tirar o estigma da doença e inspirar outras pessoas a buscar tratamento e acolhimento.

Última batalha

Mesmo enfrentando dores e limitações, buscou tratamentos experimentais nos EUA. 

Sua luta, sempre pública, serviu de alerta e acolhimento para milhares de seguidores e pacientes oncológicos no país.

Muito além da artista: o legado que fica

Preta Gil nunca aceitou o papel que o sistema queria impor. Foi mãe jovem, mulher negra, bissexual, gorda e bem-sucedida – e não se envergonhava de nenhuma dessas identidades. 

Ao contrário, fez delas bandeiras. Seu corpo era político, sua voz era potente, sua trajetória foi de enfrentamento e ternura.

Mesmo em seus momentos mais frágeis, não se escondeu. Transformou a dor em luta. 

Transformou a exposição em acolhimento. E com isso, transformou vidas.

Preta Gil nos deixa, mas sua luz não se apaga. 

Ela será lembrada como uma artista corajosa, uma mulher que se recusou a caber em moldes e que, até o fim, escolheu viver e cantar do seu jeito.


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