Se você viveu a internet entre 2004 e 2011, sabe do que a gente vai falar: Orkut não era só uma rede social, era um estilo de vida. A cada vez que o fundo do seu perfil mudava com aqueles códigos HTML de glitter (lembra da época emo? Pois é), você ganhava +10 pontos de personalidade. O número de depoimentos virava status social. O “quem sou eu?” era onde você colava letras de Fresno, Pitty ou Linkin Park. E Colheita Feliz? Era quase obrigação regar as plantas antes de sair pra escola.
A galera vivia nos fóruns, trocando dicas, eScrEveNdo AssiM, tretando por gosto musical e organizando encontros com gente da mesma cidade. A vida online girava em torno das atualizações da página inicial, das fotos em baixa resolução e das comunidades — que não só diziam quem você era, mas como você queria ser visto. Era o nosso currículo não oficial da internet.
Para te ajudar a lembrar
Criado pelo engenheiro turco Orkut Büyükkökten, o site foi lançado em 2004 como um projeto independente enquanto Orkut estudava na Universidade Stanford. A ideia era simples: conectar pessoas em uma rede de amigos, mas logo virou febre no Brasil. Enquanto o resto do mundo engatava no Facebook, aqui a gente lotava o Orkut de fotos com molduras, gifs piscando e frases como “100% feliz” no nick.

O sucesso foi tão grande que, por um tempo, o Brasil representava mais da metade dos usuários ativos da rede. Era uma mistura de fórum, diário, álbum de fotos e sala de bate-papo com um toque bem brasileiro de exagero emocional. E mesmo com a chegada de novas redes, ninguém nunca esqueceu o impacto cultural que o Orkut teve na nossa vida online.
Se você enviou depoimentos com as frases "O topo é meu!", "NÃO ACEITA" no início, mudou seu fundo para o rosa pink de oncinha ou avaliou o perfil dos seus amigos, essa lista com as comunidades mais memoráveis do Orkut é para você.

1. “Eu odeio acordar cedo”

Um clássico eterno. Se você estudava de manhã, essa comunidade era sua forma silenciosa de protestar contra o sistema. E vamos combinar: continua atual até hoje.
2. “Eu amo minha mãe”

Perfeita pra equilibrar o karma. Depois de tantas comunidades aleatórias, essa vinha pra mostrar que você ainda era uma boa pessoa.
3. “Queria sorvete mas era feijão”

O maior drama do congelador brasileiro. Poucas coisas frustravam tanto quanto achar que ia saborear um sorvetinho e dar de cara com o feijão do almoço. Era triste, mas unia a galera na dor.
4. “Não sei individualizar duplas”

Essa continua em pé até hoje em nossos corações. Chitãozinho & Xororó, Sandy & Júnior, Zezé Di Camargo & Luciano: são todos uma só pessoa.
5. “Deus me disse: desce e arrasa!”

Simplesmente icônica. Representava o auge da autoestima digital. Quem tinha essa comunidade no perfil devia andar pelas ruas como se estivesse num videoclipe da Beyoncé.
6. “Eu abro a geladeira pra pensar”

Essa aqui era quase terapia. Quem nunca ficou encarando o nada dentro da geladeira, como se ali fosse aparecer alguma resposta existencial? A arte do devaneio refrigerado.
7. “Eu amo chocolate”

Porque toda identidade online tinha que ter um toque doce. Quase um selo de fofura obrigatória no perfil.
8. “Eu leio shampoo no banho”

O clássico da mente inquieta. Quando não tinha celular, nem playlist, nem nada, só restava o rótulo do shampoo como passatempo filosófico. E a gente lia mesmo.
9. “Sou legal, ñ tô te dando mole”
Essa comunidade era pra avisar, com todas as letras, que gentileza não era flerte.

10. "Tive medo da Gina dos palitos"
A imagem que depois virou até fantasia de carnaval já espantou muita gente de acordo com o número de participantes da comunidade.

Se você leu tudo isso com um sorriso no rosto e pensando "meu Deus, eu era essa pessoa", você viveu o melhor do Orkut, e provavelmente sente falta. As comunidades podem ter acabado, mas ficaram eternizadas como o espelho mais sincero e caótico da internet brasileira.