Muitas vezes as pessoas falam sem pensar e por não saber do que estão falando, acabam magoando outras pessoas. Mas a melhor resposta pode ser ficar em silêncio.

Kelly Dirkes mora em Minessotta, nos EUA, é mãe de duas meninas com Síndrome de Down e um exemplo disso. Certo dia, ela estava com uma das filhas no supermercado e a carregava em um canguru, quando uma estranha se aproximou e disse que aquele excesso de carinho era mimo demais.

– Você mima demais esse bebê. Desse jeito ela nunca vai ser independente, disse ela.

Kelly sorriu, beijou sua bebê e continuou suas compras. Mais tarde, ela desabafou no facebook e seu texto já conta com mais de 20 mil compartilhamentos.

Leia na íntegra:

“Querida mulher do Target,

Eu já ouvi isso antes, você sabe. Que eu “mimo este bebê”. Você estava convencida de que ela nunca aprenderia a ser “independente”. Eu sorri para você, beijei a cabeça dela e continuei as minhas compras.

Se você soubesse o que eu sei.

Se você soubesse como ela passou os primeiros dez meses de sua vida completamente sozinha dentro de um berço de metal estéril, sem nada para confortá-la a não ser chupar os dedos.
Se você soubesse como o seu rosto ficou no momento em que seu cuidador do orfanato entregou-a para mim pela primeira vez – fugazes momentos de serenidade misturados com puro terror. Ninguém nunca a tinha abraçado assim antes, e ela não tinha idéia do que ela deveria fazer.
Se você soubesse que ela ficava deitada em seu berço depois de acordar e sem nunca chorar – porque até agora, ninguém iria responder.
Se você soubesse que a ansiedade era uma parte normal do seu dia, assim como bater a cabeça nas grades do berço e balançar-se para ter algum estímulo sensorial e conforto.
Se você soubesse como esse bebê no carregador é dolorosamente “independente” – e como vamos gastar minutos, horas, dias, semanas, meses e anos tentando substituir a parte de seu cérebro que grita “trauma” e “inseguro”.

Se você soubesse o que eu sei.

Se você soubesse que aquele bebê agora choraminga quando é colocada no chão, em vez de fazê-lo quando alguém a pega.
Se você soubesse que este bebê “canta” com o topo de seus pulmões no período da manhã e depois de sua soneca, porque ela sabe que essa sua conversa vai trazer alguém para tirá-la de seu berço e trocar sua fralda.
Se você soubesse que este bebê se balança para dormir nos braços de sua mãe ou de seu pai , em vez de embalar-se sozinha.
Se você soubesse que este bebê fez todo mundo chorar o dia que ela estendeu a mão para ter conforto, totalmente espontâneo.

Se você soubesse o que eu sei.

Mimar este bebê” é o trabalho mais importante que eu terei e é um privilégio. Vou continuar carregando por mais um tempo – ou até quando ela me deixar carregá-la – porque ela está aprendendo que está segura. Que ela pertence. Que ela é amada.

Se ao menos você soubesse…”