Findam-se os Jogos Olímpicos de Pequim. Nem sei se alguém notou minha falta aqui no blog, mas eu andava fora – justamente trabalhando na cobertura da Olimpíada chinesa. Não, eu não estava na China; estava é labutando na madruga, acompanhando a competição no especial aqui do clicRBS. Nesse mais ou menos meio mês, vi muita coisa. Vi os atletas mais augustos do mundo todo disputando provas de habilidade, velocidade, força e estratégia em busca de ouros, pratas e bronzes. Grandes espetáculos. Mas também vi muita coisa esquisita. E, certamente, não há lugar melhor do que um blog chamado Mundo Insólito para recuperarmos as histórias mais incomuns de Pequim.

Chinês é tudo igual?

A palhaçada já começou na abertura dos Jogos. E a resposta para a pergunta acima é não, chinês não é tudo igual. Tanto que na cerimônia que deu início à Olimpíada, uma bonita menininha de 9 anos foi colocada para “dublar” a verdadeira cantora da “Ode à Pátria” – uma gordinha de 7 anos, com dentes tortos e uma voz espetacular.

Derly e o “caso” do portuga

Novela das oito em plena madrugada. Casos de traição e triângulos amorosos nem são mais novidade hoje em dia; a não ser que envolvam o campeão mundial de judô e uma eliminação em olimpíada – João Derly foi derrotado na segunda luta.

No Rio Grande do Sul, corno, chifre, é chamado guampa, e Derly, gaúcho campeão do mundo no judô, foi acusado pelo ex-amigo Pedro Dias, judoca português, de ter metido uma guampa em sua testa. Derly teria saído com a namorada de Dias enquanto o portuga fazia compras com a mãe do brasileiro. De vingança, Pedro Dias afirmou que “humilhou” o brazuca no tatame.

E já que meteram a mãe no meio, a progenitora de Derly deu sua versão da história.

Depois da polêmica, o português minimizou um pouco a coisa, mas não negou pendência em assuntos pessoais com Derly. Por outro lado, o brasileiro disse que nunca saiu com a namorada do português, e que pretende encontrá-lo para esclarecer o imbróglio.

Maratona aquática (de boxe)

As mulheres também trocaram farpas em Pequim. Na maratona aquática, a russa medalha de ouro Larisa Ilchenko reclamou de supostas agressões das brasileiras embaixo d`água. As brasileiras, de sua parte, disseram o mesmo a respeito da russa.

Segundo Ilchenko, rolou “muita porrada” em busca de uma melhor classificação. Se foi assim mesmo, ela deve ter batido mais, já que chegou em primeiro, enquanto as brasileiras ficaram apenas em quinto e sétimo lugares.

Alemãs na Playboy

Esse nem é um acontecimento tão insólito, mas dá muito prazer comentar. A Playboy da Alemanha comemorou a Olimpíada com uma edição trazendo quatro atletas do país que disputam os Jogos em Pequim. A velejadora Petra Niemann, a canoísta Nicole Reinhardt, a judoca Romy Tarangul e a jogadora de hóquei na grama Katharina Scholz mostram o corpo trabalhado pelo esporte.

O fenômeno Phelps…

Insólito não é só o que é estranho, esquisito. É também o incomum. E uma das coisas mais incomuns dessa Olimpíada foi o fenômeno aquático Michael Phelps. O norte-americano, que é a cara do atacante argentino Carlitos Teves, levou oito ouros na Olimpíada, e se tornou o atleta com maior número de medalhas em uma mesma edição dos Jogos. Ele superou o compatriota Mark Spitz, que conseguiu sete ouros nos Jogos de Munique.

Phelps quebrou uma porrada de recordes mundiais e faturou ouro nos 400m medley, nos 100m e 200m borboleta (a prova dos 100m foi cheia de polêmica), nos 200m livre, 200m medley, 4x200m livre, 4x100m livre e 4×100 medley. E ainda teve tempo pra dar um pitacozinho no ouro de César Cielo, único que o Brasil ganhou na natação em Pequim.

Com as oito conquistas de Pequim, o nadador somou 14 ouros na carreira olímpica e se tornou também o maior medalhista da história dos Jogos. Apenas na China, para dar uma idéia do feito de Phelps, se ele fosse um país, sozinho, com seus oito ouros, teria terminado os Jogos na frente do Brasil no quadro de medalhas!

…e a explosão Bolt

Seguindo o caminho de Michael Phelps, o jamaicano Usain Bolt entra nesse insólito por ser incrível. O atleta faturou o ouro e o recorde mundial nos 100m e dos 200m, e no revezamento 4x100m, sendo o primeiro na história a conseguir o feito em uma mesma Olimpíada. A eficiência é tanta que Bolt já fala em competir também nos 400m.

Além da qualidade, o corredor tem aquela irreverência característica dos vencedores. Depois de abrir grande vantagem dos adversários, diminui o ritmo da corrida e chega a dar uma olhadinha para trás. As vitórias e atitudes de Bolt renderam suspeitas de doping e até críticas do Comitê Olímpico Internacional.

Confusão com medalhas…

Para alguns atletas brasileiros, a glória em Pequim veio também com confusão na hora mais esperada: a da medalha. Robert Scheidt e Ricardo Prada faturaram a prata na vela classe Star. Quer dizer, faturaram o bronze; quer dizer, a prata; quer dizer o bronze; não, foi a prata mesmo. Mas até a definição de qual seria mesmo a medalha dos brazucas, foi engraçado ver os veículos de imprensa atucanados em busca da informação precisa.

Já o único medalhista brasileiro na natação em Pequim, o ouro no 50m César Cielo recebeu no pódio não a medalha do metal errado, mas do gênero errado. Ele foi agraciado com a premiação do feminino.

…e confusão com cavalos

Os cavalos brasileiros foram um show em Pequim. Show de piadas. De saída, duas montarias fora.

O cavalo Nilo, de Rogério Clementino – que seria o primeiro atleta negro a representar o Brasil no hipismo em Olimpíadas – foi reprovada na inspeção veterinária. O resultado da eliminação foi que o Brasil não pode disputar a prova de adestramento por equipe. Antes do Nilo, a égua Butterfly, de Fabrício Salgado, também foi reprovada.

Mas a maior decepção foi o cavalo de nome Chupa Chup. A montaria de Bernardo Alves deu uma de “Cheira Cheira” e foi desclassificada da final dos saltos acusado de de doping! Claro que nosso querido Chupa Chup não teve culpa de nada. Na realidade, exames deram resultado positivo para substância capsaicina, usada no alívio de dores. Dores cavalares, imagino.

Nádega tira brasileiro do decatlo

Falando em dores, no caso do brasileiro Carlos Chinin nem é preciso fazer piada: a informação já é a anedota em si. “Brasileiro sofre contratura no glúteo e desiste do decatlo“. Ou seja, Chinin deixou Pequim por dores na bunda.

Hackers olímpicos

O Brasil até que não terminou tão mal os Jogos de Pequim. Levamos três ouros (vôlei feminino, salto em distância e natação 50m masculino), quatro pratas e uma meia dúzia de bronzes (oito, na verdade). Mas o desempenho não foi considerado satisfatório para um grupo de hackers, que conseguiu invadir o site do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para protestar.

Os invasores deixaram na página uma mensagem reclamando do Brasil em Pequim. O ato deixou o site do COB fora do ar por um tempo.

E levaram a vara

Poucas situações foram tão inusitadas nesta Olimpíada como o incidente com a vara de nossa saltadora Fabiana Murer. Na disputa do salto com vara, após o primeiro salto, a vara da atleta simplesmente sumiu. Murer passou por momentos de drama na procura de sua vara, acabou saltando com um equipamento emprestado e, claro, foi eliminada.

O COB pediu a anulação da prova, mas Murer teve de se contentar com um pedido de desculpas da organização dos Jogos. Boatos maldosos e sem graça não faltaram sobre atletas de sexualidade alternativa que poderiam ter dado um sumiço na vara de Fabiana. E algum gaiato ainda poderia argumentar que, sendo mulher, ela não tinha nada que ter vara mesmo.

O equipamento de Murer só foi encontrado bem depois. A vara havia sido levada por engano com as das atletas que haviam sido eliminadas na prova.

Revoltada, a atleta chegou a declarar que nunca mais voltaria à China, mas depois voltou atrás da afirmação.

Espírito esportivo 1

Bem menos espírito esportivo teve o sueco Ara Abrahamian. Após perder nas semifinais da luta greco-romana com uma decisão (segundo ele equivocada) da arbitragem, ele faturou o bronze. No entanto, em lugar de comemorar, ele protestou abandonando a medalha no chão.

Em resposta a atitude do atleta, o COI retirou a medalha do sueco. Abrahamian não deixou por menos e, juntamente com o comitê olímpico do seu país, entrou com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS) contra a Federação Internacional de Lutas Associadas (Fila). E o lutador continua afirmando que o bronze não interessa; ele quer é punição para os árbitros e reconhecimento da sua vitória na Olimpíada.

Espírito esportivo 2

E menos espírito esportivo ainda teve o cubano Angel Valodia Matos. Ele perdeu para o atleta do Cazaquistão e não levou bronze nenhum; também não jogou medalha nenhuma no chão. Insatisfeito com a arbitragem, ele deu foi um chute no rosto do juiz, e ainda um soco em outro árbitro que tentou apartar.

O treinador do cubano, o compatriota Leudis González, acusou o Cazaquistão de comprar o resultado do combate, e afirmou ter recebido uma oferta. Não se sabe se ele está falando ou não a verdade, mas o Comitê Olímpico de Cuba não aprovou a agressão.

E a Federação Internacional de Taekwondo baniu o lutador cubano e seu treinador do esporte.

Com que roupa eu vou?

A Seleção Brasileira de futebol decepcionou, ficou com o bronze. Nada de incomum nisto, com o tipo de preparação feito para os Jogos, já era de se esperar.

Mas, durante a Olimpíada, descobriu-se que o time de Dunga tinha mesmo com o que se preocupar: qual o uniforme usar na competição. A pedido do COB, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mudou a tradicional camisa do Brasil, o que motivou reclamações de alguns jogadores.

Só não mudou o amarelão nas cores. E, diante da Argentina, o Brasil amarelou e levou contundentes 3 a 0. Fiasco!!

Até o rei do futebol Pelé tocou uma cornetinha no Brasil, e disse que o país já teria um ouro se ele tivesse disputado Olimpíada.

E daí, o mais insólito de toda a Olimpíada. Depois do mau resultado, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, “tranqüilizou” o povo brasileiro garantindo que Dunga permanece no comando canarinho. Ufa!