Atlântida

Você assistiu o trailer do filme O Doutrinador?

Se não: assista!

Se sim: com certeza ficou impressionado com uma produção nacional que impacta em sua primeira aparição. Além do trailer oficial, tive a oportunidade de assistir o longa e fiquei satisfeito com o produto, e também feliz por ser um filme do cinema brasileiro bem produzido.

O Doutrinador é baseado na HQ criada por Luciano Cunha. Foi adaptada aos cinemas por Gabriel Wainer. O protagonista é um anti-herói violento que, por causa de um forte trauma pessoal, busca fazer justiça com as próprias mãos.

O que primeiramente chama atenção em relação à obra é o tom sombrio, com cores acinzentadas, que se estende até o final, mesmo em cenas realizadas durante o dia.

Esse fator somado a trilhas instrumentais bastante tensas traz ao filme um forte tom de suspense – parecendo que a qualquer momento algo de muito inacreditável acontecerá.

A transição de uma cena para outra é um ponto negativo. As imagens são muito repetitivas durante a história. Embora seja uma cena clássica, o herói no alto de um prédio observando a cidade aparece cansativamente inúmeras vezes. Seria interessante uma variação maior nesses momentos, porque já os vimos à exaustão em filmes e séries da Marvel e da DC.

Em relação aos atores, destaco Carlos Betão que interpreta o empresário/político Antero Gomes, o grande vilão da trama, entre vários que aparecem na história.

Betão representa de forma caricata o político brasileiro, fumando charuto, risadas altas e que tem um olhar de quem acredita na impunidade – o ator passa a ideia de que ele nasceu para interpretar políticos brasileiros.

O Doutrinador (Kiko Pissolato) é um personagem carregado de dramas pessoais. Acredito que ele poderia transmitir mais esse sofrimento, pois em alguns momentos não parece ter todos os problemas que são relatados no filme.

Mas qualquer pessoa vai gostar de O Doutrinador?

Eu particularmente sou um entusiasta do Spider-Man (e ponto). É o único super-herói que sou fã de verdade. Porém, evito assistir filmes nacionais.

Logo, um ‘noob’ como eu em relação a heróis e adverso a produções brasileiras tem tudo para surpreende-se, positivamente, com O Doutrinador. Baita pedida!

A mensagem do filme está toda representada na pessoa do Doutrinador. Ele carrega um sofrimento que poderia não existir caso os órgãos públicos fossem mais eficientes – irritado com isso, procura a sua própria maneira de fazer justiça. Claro que baseado na sanidade mental da maioria, não seria uma alternativa sair por aí matando autoridades públicas, mas uma vez na vida ter cogitado essa possibilidade é aceitável.