Deadpool 2 tem apenas uma cena pós-créditos, mas ela vale cada segundo.

Se você ainda não viu o filme sugerimos fortemente que saia correndo daqui, porque este post está repleto de SPOILERS.

 

 

 

Ao fim do filme, após a primeira parte dos créditos tem mais uma cena, como já é comum em qualquer filme que envolve os heróis da Marvel.

Ao final do filme Deadpool se sacrifica para impedir que o mutante Firefist (realmente, é um nome horrível) se torne um temível vilão no futuro e acabe assassinando a mulher e a filha de Cable.

Mas por algum motivo que provavelmente será explicado em Deadpool 3, X-Force 1 ou Cable And The New Mutants 2 (eu realmente não consigo mais acompanhar a cronologia de lançamentos, adiamentos e cancelamentos da Fox em relação aos filmes de mutantes) Cable decide usar sua última carga temporal para voltar no tempo e salvar a vida de Deadpool colocando uma ficha de chumbo no seu peito, que impedirá (impediu? impediria?) o mercenário tagarela de morrer baleado.

Na cena extra vemos as mutantes Negasonic Teenage Warhead e Yukio consertando o aparelho temporal para Deadpool, e ao invés de avisar Cable ele usa o aparelho para seu próprios planos. Negasonic avisa que “Cable vai te matar quando ele descobrir”, o que imaginamos que acontecerá de verdade em algum momento no futuro.

Mas de posse do aparelho de Cable, Deadpool começa a fazer uma limpeza das múltiplas timelines do herói.

Primeiro ele volta no tempo e impede sua esposa de ter sido assassinada.

Depois ele impede Peter, o bigodudo sem poderes da recém-formada X-Force, de morrer dizendo para ele não tentar salvar Zeitgeist.

A partir daí a cena pós-créditos entra nos Estados Unidos do Absurdo e volta a uma cena em que uma versão totalmente diferente do Deadpool, mas ainda interpretado por Ryan Reynolds, aparece em X-Men Origins: Wolverine. Ele então trata de matar esse outro Deadpool.

É tudo muito meta, claro. E sem grande implicações, uma vez que o filme X-Men: Dias De Um Futuro Do Passado já refez a cronologia oficial dos filmes dos X-Men, fazendo com que aquela versão de Deadpool nem exista mesmo. O que acontece é uma grande piada interna, porque Ryan Reynolds (que se diz fã do personagem Deadpool há longa data) nunca gostou do tratamento dado ao personagem naquele filme do Wolverine. Ao fazer o filme do Deadpool do jeito que ele queria foi um jeito de aliviar este desgosto, mas a cena pós-créditos de Deadpool 2 cimenta de vez aquela sensação de “pqp, que versão horrorosa de um personagem”.

Como o próprio Reynolds já disse em uma entrevista:

“Na época o discurso era: ‘Se você quer interpretar o Deadpool, esta é sua chance de apresentá-lo ao público. E se você não quiser apresentá-lo desta maneira, nós vamos arrumar outra pessoa para interpretá-lo’.”

(Então é perfeitamente compreensível que Reynolds quisesse matar aquele Deadpool.)

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Da mesma maneira, Deadpool continua sua meta-piada de viagem temporal-dimensional e visita uma versão mais jovem do ator Ryan Reynolds lendo um roteiro do filme Lanterna Verde. E mata ele também.

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É um fato conhecido que o filme do Lanterna Verde foi um fiasco de público e crítica, e deu uma desacelerada na carreira de Reynolds como uma estrela de filmes de aventura e ação. No primeiro Deadpool ele já tinha feito uma piada com isso, pedindo aos criadores do anti-herói que “não fizessem ele com um uniforme verde, ou usando animação”.

Nesta cena pós-crédito o ator aproveita para enterrar – pelo menos no sentido figurado – aquele filme horrível.

Uma coisa interessante desta cena pós-crédito é que ela também parece ser uma sátira, ou uma meta-piada, ou uma zoação pura e simples com todo o conceito de cenas pós-créditos do Universo Marvel.

Enquanto nos filmes da Marvel as cenas pós-créditos servem para conectar todos os filmes em uma teia coerentes, antecipar filmes, arcos narrativos e tramas ou mesmo explicar coisas para o público, no filme do Deadpool a cena serve apenas para entreter e causar um pouco de caos controlado. Só isso.

E no melhor estilo Deadpool, ao contrário do Doutor Estranho, que usa seu aparelho de viagem no tempo de forma complexa, cheia de regras e com complicações místicas, Deadpool usa o aparelho sem regra nenhuma, de maneira totalmente caótica e boba. É muito bom.

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