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Nos últimos anos a música tem caminhado cada vez mais em uma nova direção no cenário musical. Ano passado quando recebemos a não tão surpreendente notícia de que o Hip Hop havia superado o Rock’n’Roll tornando-se então o gênero mais ouvido dos Estados Unidos, segundo a Forbes, essa notícia já estava nos preparando pra essa mudança que ainda tá longe de estar estabelecida, mas que traz consigo uma das características mais importantes e que mais me levam a admirar o mercado da música. A democratização. A democratização da música. O Grammy é completamente diferente do Oscar, nesse aspecto, por exemplo. O público tem o total de zero autonomia no que diz respeito ao Oscar, já no Grammy é outra história, eu diria que é praticamente um trabalho conjunto entre jurados e consumidores a relação de quem estabelece os vencedores das categorias.

Entre ontem e hoje eu já li aproximadamente umas 15 críticas ao Grammy e como o Prêmio continuou no ‘safety spot’ por não eleger o DAMN. do Kendrick como álbum do ano. Vamos aos fatos. Antes das críticas, eu já quero deixar claro que a minha torcida era pro Kendrick, que conseguiu fazer um álbum extremamente visceral e inventivo (o que são já marcas do rapper nos seus álbuns), e ele conseguiu comercializar o rap sem tirar dele o conteúdo e a essência, sem contar que o Kendrick tem críticas extremamente relevantes no álbum dele e qualidades comparáveis ao 2Pac.

Infelizmente Kendrick não levou esse ano (DE NOVO), mas vamos aos fatos. Não é só responsabilidade do Grammy decidir quem ganha os prêmios. A música é um mercado e como eu falei acima, ela é um dos mercados mais democráticos, hoje em dia. O meu sentimento esse ano é exatamente o mesmo sentimento do ano passado com a derrota de Lemonade pra 25 (o álbum da Adele), nem a própria Adele achava que merecia ganhar o prêmio de melhor álbum porque mesmo que as músicas dela fossem hits absolutos nas rádios, o Lemonade além de ser um projeto audiovisual ABSURDO, era um álbum que falava sobre empoderamento feminino, empoderamento negro, tinha excelentes críticas e trouxe a tona uma discussão que já havia surgido no Oscar, a importância da representatividade, mas agora vem a revelação chocante: O Grammy não escolhe, na verdade, o melhor álbum do ano, ele escolhe o álbum mais “hypado” do ano. E essa é uma crítica de uma das maiores fãs do Bruno Mars (que, na minha opinião, é um dos maiores “performers” da história da música). Nos últimos anos, pelo menos, tem sido assim. Com Adele em 2017 na vitória em cima do Lemonade , To Pimp A Butterfly do Kendrick perdeu em 2016 pra TAYLOR SWIFT (nem consigo discursar sobre).

Todo esse texto é pra passarmos a pensar e discutir também o nosso papel como publico consumidor de música nesse mercado, porque definitivamente o que a gente consome, pelo menos nos últimos anos, parece ter feito total diferença nas escolhas desses álbuns. Ligue o rádio agora. Independente de qual lugar no mundo você se encontra. Fique com o rádio por 30 minutos ligado sem que toque ao menos uma musica do Bruno Mars. Sério. Eu te desafio. É impossível e mesmo que discordem da vitória dele, não dá pra negar que ele é um artista completo e que tem uma qualidade absurda. Kendrick Lamar é um gênio, mas AINDA não é um fenômeno, porque isso depende do mercado, de nós consumidores, das rádios… e o Hip Hop é o gênero mais ouvido nos Estados Unidos mas o conteúdo do Hip Hop, do rap ainda traz determinados tópicos que a grande maioria das pessoas não quer discutir. Cai como uma luva aquela frase da música Moonlight do Jay-Z: “We stuck in La La Land. Even when we win, we gon’ lose.”