Blade Runner 2049 estreia agora em outubro nos cinemas brasileiros e é a continuação do clássico da ficção-científica Blade Runner, de 1982, com direção de Dennis Villeneuve e produção executiva de Ridley Scott (o diretor do filme original). Harrison Ford reencena o papel de Rick Deckard, o caçador de andróides original, com Ryan Gosling fazendo às vezes do novo policial que caça replicantes, 30 anos depois dos acontecimentos do filme de 82.

Os fãs estavam ansiosos com a sequência, e eles podem ficar calmos. Blade Runner 2049 é ótimo. A história foi escrita pelo roteirista original (Hampton Fancher) com o auxílio de Michael Green e conta uma trama que se inicia quando o personagem de Gosling, um policial de Los Angeles que caça replicantes de modelo antigo, que se rebelam contra os humanos escravizadores, encontra uma conspiração que unirá os personagens do novo e do velho Blade Runner.

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O Blade Runner original era cheio de silêncios e cenas filosóficas, em que o espectador era convidado a questionar o que significa “ser humano”. Na versão nova as mesmas perguntas são repetidas, mas com outros ângulos. Se você tem alma, você é humano? O que é nascer? Se você se importa com algo, isso te faz mais humano que os humanos? Uma memória é real pelo simples fato dela existir na sua mente?

No futuro neo-noir concebido pelos criadores do filme, as culturas se mesclam, e as línguas se misturam, humanos convivem em espaços fechados e claustrofóbicos, o ecossistema está em colapso e comida, bebida, clima e temperatura são totalmente diferentes dos que conhecemos hoje.

Neste ambiente a corporação Wallace (liderada pelo executivo cibernético Niander Wallace – interpretado por Jared Leto) comprou a antiga empresa Tyrell (responsável pelas patentes dos replicantes) e começa a tentativa de gerar novos, melhores e mais obedientes replicantes para auxiliar a raça humana na missão de colonizar as estrelas.

Se no filme original a pergunta era “replicantes são criaturas com morte programada?” no novo Blade Runner o questionamento parece ser “o que significa nascer?”

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Blade Runner 2049 não é uma obra prima da ficção distópica como Blade Runner foi. Mas isso talvez seja uma boa notícia. Villeneuve conseguiu fazer um filme interessante e pop ao mesmo tempo que é visualmente lindo e bem filmado.

A trama fica um pouco confusa do meio pro final, e parece que uma ideia brilhante descambou para uma ideia boa sendo conduzida de maneira excelente (isso ainda é um elogio).

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Blade Runner 2049 é um dos filmes mais bonitos do últimos tempos. Cada plano é uma pintura, digna de estar no seu desktop como um wallpaper. A direção de arte é espetacular, e constrói um mundo futuro que é ao mesmo tempo mais avançado e mais atrasado que o nosso, com uma tecno-deprê metafísica. Como no filme original, o design do filme é um personagem quase maior do que os outros personagens, e certamente maior que o inexpressivo personagem de Ryan Gosling (apesar de que DESTA VEZ faz sentido Gosling atuar de maneira inexpressiva).

A direção de fotografia de Roger Deakins é outro desbunde, se juntando à direção de arte na construção de um filme visualmente impactante que recupera com dignidade os conceitos de transhumanismo e transcedentalidade propostos em Blade Runner há mais de 30 anos.

Veja o trailer legendado do filme:

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