Sega Saturn primeira versao infosfera

Primeira versão do console lançado nos EUA, com controle grande e desengonçado

Há exatos 20 anos era lançado no Japão o console que derrubaria a Sega para um buraco que resultaria em sua saída da produção de consoles, mesmo com o competente Dreamcast indo bem no mercado. O Sega Saturn é certamente um dos aparelhos mais subestimados da história dos games, pois era potente, bonito e recebeu as melhores conversões dos famosos arcades de luta da época.

Claro, há muita coisa para ser dita sobre esse enigmático console de 32-bits da Sega. Seus dois processadores – cruciais para seu retumbante fracasso – que deixavam programadores e desenvolvedores loucos renderam muitas histórias, mas aqui separamos apenas algumas, para o post não virar um livro. Quem sabe um próximo Games Memória não possa trazer outras curiosidades?

Jogos incríveis

nights into dreams infosfera

Apesar de não ter chegado a dez milhões de unidades vendidas, o Saturn marcou seu passo na história com franquias incríveis (e pouco exploradas depois pela Sega) como Nights, Panzer Dragoon, Burning Rangers, Clockwork Knight, Mr. Bones, Guardian Heroes, entre outros. Muitos outros, acredite. A maioria teve um grande apelo no mercado nipônico, onde o console recebeu alguns dos melhores RPGs da época, o que o manteve no mercado local até a virada do milênio.

O PlayStation podia até ter jogos poligonais e toda aquela boutique, mas o Sega Saturn ganhava de “perfect” quando o assunto eram games de luta tradicionais. O console da Sega recebeu as melhores conversões da série The King of Fighters, do X-Men vs Street Fighter e Darkstalkers, além do exclusivo e esquisito Waku Waku 7. A Capcom foi uma das grandes parceiras na época e lançou com exclusividade Final Fight Revenge, ironicamente o primeiro título poligonal da franquia.

Segata Sanshiro

Segata Sanshiro infosfera

Em solo japonês o console contou com um garoto-propaganda que impulsionou as vendas e despertou simpatia entre os jogadores orientais: Segata Sanshiro. Vivido pelo ator Hiroshi Fujioka, o personagem é uma paródia de filmes do lendário diretor Akira Kurosawa e para defender o Sega Saturn (Sega Satan na transcrição japonesa – isso é sério) se enfia em situações como roubar o trabalho do Papai Noel, ajudar a seleção do Japão a vencer o Brasil na Copa e até bloquear um missel disparado contra o prédio da Sega.

A popularidade do personagem é tão grande que ele ganhou o game Segata Sanshirou Shinken Yuugi, exclusivo para Sega Saturn, que na verdade não passa de uma compilação boba de minigames que liberam os famosos anúncios da TV. O ator também ficou famoso por integrar a série Kamen Raider e chegou a ser homenageado com um microplaneta descoberto por astrônomos japoneses!

Onde está o Sonic?

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O Saturn teve um marco negativo ao ser o único console da Sega a não ter um jogo canônico do Sonic. Nos anos 90 o ouriço era um fenômeno cultural até mais poderoso que o Mario e a ausência de jogos no console foi um pecado fatal, principalmente em terras ocidentais. Desde o lançamento do Saturn em 1994 foi prometido um novo título da franquia, extremamente inovador, totalmente poligonal.

Esse título seria Sonic X-Treme, que chegou a ser antecipado até pelo Club Sega Mania, jornal oficial da Tectoy no Brasil. O problema é que ele nunca foi lançado e os donos do console tiveram de se contentar com a versão levemente aprimorada de Sonic 3D Blast (original do Mega Drive) e com a imperdível coletânia Sonic Jam, que reúne os quatro primeiros jogos do ouriço e um ambiente poligonal, provavelmente aproveitado do X-Treme. O único título inédito foi Sonic R, jogo de corrida divertido, mas muito pouco para o mascote que deveria ser o carro-chefe do console da Sega…

Cartada final

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Nos momentos finais do Saturn, a Sega lançou várias versões diferentes do console, como um com carcaça colorida translúcida (que foi lançada até no Brasil) e o Japão chegou a receber uma versão grafite do aparelho, quando o convencional era branco para atender o mercado local que tem predileção por eletroeletrônicos brancos. Mas nada superaria a revisão completa do console, cujo protótipo ficou conhecido como Sega Pluto.

O Pluto nada mais era que uma reedição do Saturn, com o periférico Netlink (porta para conexões de internet e banda larga) embutido. Além dele ter sido cancelado, pouco se sabe sobre o protótipo. Em 2013 o usuário Super Magnetic, do fórum Assembler Games, postou fotos do modelo identificado como PLUTO-02, que teria sido dado a ele quando ele foi demitido da Sega. Pouco tempo depois, foi postado um vídeo no YouTube com o suposto PLUTO-01 em pleno funcionamento.

Considerando a série de trapalhadas que a Sega fez a partir da metade dos anos 90, com lançamentos furados como Sega CD, 32X e até a antecipação da chegada do Saturn às lojas americanas em 1995 – que pegou todo mundo de surpresa e gerou problemas de distribuição e desenvolvimento de jogos – é difícil acreditar que o “Sega Pluto” teria dado certo. Oficialmente, o 32-bits seguista só se manteve até 1998 nos EUA e na Europa, onde nunca foi bem sucedido contra PlayStation e Nintendo 64. No Brasil, com a Tectoy, e no Japão (onde foi um sucesso), teve uma sobrevida de mais dois anos, virando o milênio e chegando à era 128-bits.

É fato público que essa sequência de erros resultou em dívidas astronômicas, culminando com a saída da Sega do mercado de consoles. Em 2001 o rombo era tão grande que a produção do Dreamcast foi cancelada. Semelhante ao Mega Drive, o novo aparelho conquistou o público norte-americano com títulos incríveis de esporte e a SegaNET, mas falhou em cativar o público japonês e sacramentar uma boa base antes do lançamento do todo-poderoso PlayStation 2.

Os japoneses adoram aparelhos eletrônicos brancos, e por lá foi nessa cor que o Saturn chegou

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